O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Suplicy, Srªs e Srs. Senadores, a realização da Conferência do Rio, a Eco-92, há cinco anos, foi um marco balizador dos ideais ecológicos do mundo moderno. 

O grande mérito dessa Conferência, da qual tive a honra de participar como vice-presidente da Comissão do Senado encarregada de acompanhar e avaliar o evento, foi o de lançar e fazer germinar a semente da responsabilidade da opinião pública no sentido da possibilidade e da necessidade de cooperação internacional nesse campo.

A Rio-92, Sr. Presidente, fez nascer a noção da ética, da solidariedade e da urgência na busca de parcerias e de igualdade entre as nações, envolvendo governos e cidadãos.

Durante a Conferência do Rio, foi elaborado e aprovado um documento que ficou conhecido como Agenda 21.

A Agenda 21, em sua essência, constitui um plano internacional de ações a serem implementadas pelos países signatários nas áreas relacionadas com o desenvolvimento sustentável do Planeta.

Como sua própria denominação já reafirma, a Agenda 21 é uma lista de prioridades, de procedimentos capazes de sanear o ambiente planetário até o século XXI, sem prejuízo ao desenvolvimento, que passaria a ser orientado por ações não agressivas ao meio ambiente e com a preocupação de não esgotar os recursos naturais disponíveis.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, encerra-se hoje, em São Paulo, o ciclo de debates intitulado "A inserção da Agenda 21 no Cotidiano". Trata-se de evento patrocinado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, destinado a preparar os especialistas participantes para um acontecimento maior, a Conferência Rio + 5, a ter lugar na capital carioca, no período de 13 a 19 deste mês de março.

Considero extremamente oportuna a realização desse evento no Rio de Janeiro, Sr. Presidente. É uma ótima oportunidade para a avaliação dos resultados produzidos pela ECO-92 nestes cinco anos.

O Sr. Ney Suassuna - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. VALMIR CAMPELO - Com muito prazer, ouço V. Exª, nobre Senador Ney Suassuna.

O Sr. Ney Suassuna - Quero me solidarizar com V. Exª, principalmente porque, neste momento, o Rio está precisando de apoio, devido ao que representou a perda da Rio 2004. E creio que seria de muito bom-tom, de muita oportunidade um evento como esse no Rio de Janeiro neste momento. Solidarizo-me com V. Exª.

O SR. VALMIR CAMPELO - Fico muito grato com as palavras e o pronunciamento de V. Exª.

Muito obrigado, Senador Ney Suassuna.

Sr. Presidente, a questão ecológica é, sem dúvida, o tema que constitui o grande desafio do próximo milênio, desafio à capacidade de compreender em que circunstâncias nos encontramos e para qual futuro caminhamos.

A América Latina e o Brasil, de modo particular, possuem um papel único e insubstituível no futuro da humanidade, por força das dimensões geográficas, da história, da cultura e do estágio de desenvolvimento - que ainda permite evitar erros no tratamento à natureza, o que o Velho Mundo ou os países mais avançados não têm mais condições de fazer.

Em razão disso, Sr. Presidente, no Brasil, mais que em qualquer outro lugar do mundo, é preciso repensar a visão de progresso econômico, redescobrir e cultivar novos valores, para fundar uma civilização mais inteligente e, conseqüentemente, menos predadora e menos destrutiva.

Nesse contexto, a educação ambiental tornou-se imperativo, quem sabe a única alternativa para assegurar à humanidade uma qualidade de vida satisfatória no milênio que se inicia daqui a pouco.

Precisamos todos compreender que o cotidiano das pessoas não está dissociado do ambiente. Daí a importância do trabalho educativo. O ser humano, mais do que nunca, precisa alterar posturas, precisa conscientizar-se para viver em harmonia com a natureza. É preciso acreditar, investir e intensificar essa caminhada, Srªs e Srs. Senadores.

Até há pouco, era pensamento aceito sem reservas a crença de que a pobreza era causa da deterioração e devastação ambiental. A Conferência do Rio mostrou que as causas da degradação ambiental não são criadas pela pobreza, mas pelas formas como os povos planejam e executam seus planos para arrancar lucros da natureza.

Estou convencido de que o mundo já está preparado para uma nova revolução - a revolução da eficiência dos recursos naturais. E, para tal façanha, já dispomos das possibilidades técnicas.

Sonhador idealista que sou, acredito piamente nessa "revolução pela vida". Acredito, sobretudo, na capacidade de mudança das novas gerações, que já trazem em seus corações a semente da utopia transformadora, a semente de um mundo melhor, da utopia que não existe aqui e agora, mas que aqui e amanhã se fará realidade, porque nenhum povo existe e subsiste na depressão e na falta de um ideal.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.