Discurso no Senado Federal

PARTICIPAÇÃO DE S.EXA., AMANHÃ, EM LEOPOLDINA-MG, DAS SOLENIDADES DE COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO SR. OMEO BOTELHO, EMPRESARIO E HOMEM PUBLICO QUE FEZ HISTORIA NAQUELA TERRA.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • PARTICIPAÇÃO DE S.EXA., AMANHÃ, EM LEOPOLDINA-MG, DAS SOLENIDADES DE COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO SR. OMEO BOTELHO, EMPRESARIO E HOMEM PUBLICO QUE FEZ HISTORIA NAQUELA TERRA.
Publicação
Publicação no DSF de 13/03/1997 - Página 5547
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, OMEO BOTELHO, EMPRESARIO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, amanhã estaremos em Leopoldina, na Zona da Mata, em meu Estado, Minas Gerais, participando das solenidades comemorativas do centenário de nascimento de Ormeo Botelho, empresário e homem público que fez história em nossa terra.

O povo e as lideranças das cidades de Leopoldina e Cataguazes - dois centros importantes da vida econômica e social de Minas Gerais - comemorarão a data bem à sua maneira, com festividade, altanaria e sentimento de amor a Minas e ao Brasil.

Haverá alvorada festiva, encontro de bandas musicais, apresentação de orquestra sinfônica, inauguração de uma praça com o seu nome e de um busto, terminando com um espetáculo pirotécnico.

É com grande emoção que ocupo a tribuna do Senado para honrar a memória desse grande brasileiro que, se vivo fosse, estaria completando cem anos amanhã, 13 de março.

A vida desse mineiro de Leopoldina esteve sempre associada ao trabalho construtivo do setor elétrico e à vida da Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina. Ele ingressou na empresa aos vinte anos, tendo a ela dedicado, em mais de sessenta anos dos noventa e dois de sua existência, o melhor de sua energia e de sua capacidade de trabalho.

Mas Ormeo foi igualmente um homem público devotado às causas sociais e intimamente comprometido com os interesses econômicos e sociais do Brasil, de Minas Gerais e de sua região. Foi eleito em 1962, ao meu lado, por expressiva votação, Deputado Federal pela legenda da UDN. Tive a honra de com ele conviver na Câmara dos Deputados e acompanhar de perto sua firme atuação em defesa dos interesses nacionais e de nossa Minas Gerais.

No curso do Governo Castello Branco, Ormeo Botelho ocupou várias vezes a tribuna para criticar medidas adotadas pela equipe econômica da área federal de então. Em mais de uma oportunidade, reivindicou ações mais incisivas de combate à inflação e de recuperação do setor industrial, acossado por restrições creditícias.

Foram incontáveis seus pronunciamentos voltados aos interesses de Minas Gerais.

Denunciou as dificuldades dos produtores de leite, exigiu assistência emergencial às cidades mineiras vitimadas por enchentes, reclamou das condições de rodovias e da desativação de ramais ferroviários.

Quando a ecologia nem sequer constava dos dicionários, Ormeo Botelho já se destacava como um dos defensores dos recursos naturais do País.

Destacando-se pela extraordinária combinação de capacidade política e empresarial, Ormeo desempenhou com brilhantismo o seu papel de cidadão da comunidade.

Integrou-se e, em muitos casos, liderou as principais causas sociais de sua região. Basta lembrar os 49 anos de sua vida dedicados à Casa de Caridade Leopoldinense.

Formado em Engenharia Civil, em 1917, pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Ormeu iniciou a sua carreira profissional fazendo levantamento topográfico da rodovia Piacatuba-São João Nepomuceno. Em seguida, foi nomeado auxiliar técnico da Inspetoria de Estradas de Ferro, tendo trabalhado no Projeto de Ferrovia Caxias-Vacaria, no Rio Grande do Sul.

Sua dedicação ao trabalho lhe valeu sucesso em outras atividades. Trabalhando na Cataguazes-Leopoldina, empresa que viria mais tarde a presidir, Ormeo Botelho ainda muito jovem sucedeu seu pai, Francisco de Andrade Botelho, na gerência da firma bancária Ribeiro Junqueira Irmãos & Botelho.

Por indicação dos próprios lavradores do setor cafeeiro, foi eleito, em 1934, Presidente do Instituto Mineiro do Café. Nessa mesma época, foi fundador e Presidente do Banco Mineiro do Café, posteriormente Banco Mineiro da Produção, que originou o atual Banco do Estado de Minas Gerais.

Suas atividades de jovem empreendedor beneficiaram também as indústrias têxtil e de laticínios. Sua maior paixão, no entanto, era o empreendimento Cataguazes-Leopoldina. Apostou decididamente no êxito da empresa que ele conduziu com seriedade e profissionalismo, enfrentando todos os obstáculos, a começar pela maré estatizante dos anos 70.

Com o correr dos anos, transformou-a no grande grupo empresarial de hoje, orgulho dos leopoldinenses, dos mineiros e dos brasileiros. A Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, fundada em 1905, é a mais tradicional empresa privada do setor elétrico do País. Atende hoje a 250 mil consumidores e 65 municípios da Zona da Mata mineira e já projeta a construção de novas usinas. 

Mas até chegar ao que hoje é, a Companhia enfrentou e venceu muitos obstáculos. Na década de 50, já Presidente da empresa, Ormeo saiu a cavalo vendendo ações para amigos fazendeiros que moravam em propriedades ruais de difícil acesso por automóvel.

Pai de cinco filhos, Francisco Eduardo, Gilberto, Lia Maria, Ivan e Alice, deixou para todos eles uma herança de trabalho, dedicação, capacidade empresarial e serviços prestados à Zona da Mata, a Minas Gerais e ao Brasil.

Coube ao seu filho Ivan Botelho a enorme responsabilidade de conduzir os destinos do grupo e de dar continuidade à grande tarefa social e cultural desenvolvida por seu pai. Nessa tarefa, Ivan Botelho tem demonstrado capacidade, dedicação e espírito público. Ao final de sua vida, quando alguém mencionava sua extraordinária experiência posta a serviço da sua terra e de seu País, Ormeo costumava dizer sempre: "Todos procuram em nós a experiência da vida, quando o melhor que temos para dar é a essência de viver".

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/03/1997 - Página 5547