O SR. HUMBERTO LUCENA (PMDB-PB. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governador da Paraíba, José Maranhão, comunicou-me ontem a sua preocupação com o fato de que estaríamos, mais uma vez, no Nordeste, particularmente no semi-árido daquela região, ameaçados de uma "seca verde."

Todos que aqui estão, de um modo geral, já se acostumaram com essas expressões, que significam que houve um início de inverno, isto é, as primeiras chuvas vieram; entretanto, foram interrompidas e, por conseguinte, não se pôde manter as plantações, sobretudo de agricultura de subsistência. Por outro lado, não se pôde armazenar água nos pequenos e médios açudes, criando-se uma situação realmente difícil, para não dizer dramática.

A essa altura, se é verdade que a "seca verde" vai-se caracterizando a partir do Piauí por todo o Nordeste, poderemos chegar a uma situação de grave crise, não só pela sede das pessoas e dos animais, mas pela fome, porque certamente faltará alimentos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, diante desse climna, faço um apelo ao Sr. Secretário de Assuntos Regionais, ao Sr. Ministro do Planejamento e ao Senhor Presidente da República, no sentido de que S. Exªs dêem-se as mãos, no sentido de acertarem providências urgentes e inadiáveis, a fim de que tenhamos, a tempo e a hora, se a seca verde vier realmente a atingir o Nordeste, todas as verbas necessárias para um plano de emergência de caráter humanitário, que garanta o mínimo de trabalho às populações rurais e, por que não dizer, urbanas do Nordeste, sobretudo do semi-árido.

Espero, portanto, que o Senhor Presidente da República, que dentro de poucos dias estará chegando à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, esteja atento às informações do Serviço Nacional de Meteorologia e tenha o seu espírito preparado para enfrentar mais essa dificuldade no seu Governo.

Se, vier realmente a se instalar a chamada "seca verde", que durante os trabalhos a serem realizados no Nordeste, a exemplo do que ocorreu no Governo Itamar Franco - quando era Governador do meu Estado o Senador Ronaldo Cunha Lima -, tenhamos obras que dêem rendimento e que, portanto, assegiram os seus efeitos de caráter econômico e social, em favor do povo carente daquela sofrida região.

Sr. Presidente, uma das obras que poderão ser iniciadas, dentro de uma gradação natural, é aquela a que me referi, há poucos dias, desta tribuna: a transposição das águas do São Francisco para o semi-árido nordestino.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.