Pronunciamento de Mauro Miranda em 02/04/1997
Discurso no Senado Federal
COMENTANDO MATERIA PUBLICADA NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, DO ULTIMO DIA 25 DE MARÇO, ACERCA DOS ESFORÇOS DO PAIS PARA SOERGUER, EM NOVAS BASES, SUA AGROINDUSTRIA ALGODOEIRA.
- Autor
- Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
- Nome completo: Mauro Miranda Soares
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
AGRICULTURA.:
- COMENTANDO MATERIA PUBLICADA NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, DO ULTIMO DIA 25 DE MARÇO, ACERCA DOS ESFORÇOS DO PAIS PARA SOERGUER, EM NOVAS BASES, SUA AGROINDUSTRIA ALGODOEIRA.
- Aparteantes
- Ney Suassuna.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/04/1997 - Página 6909
- Assunto
- Outros > AGRICULTURA.
- Indexação
-
- ANALISE, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFERENCIA, ESFORÇO, GOVERNO, MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR), REFORÇO, REESTRUTURAÇÃO, AGROINDUSTRIA, CULTIVO, ALGODÃO, PAIS, MELHORIA, PRODUÇÃO, SETOR.
O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna, neste momento, para um relato que, embora breve, tem um significado e uma importância muito grandes para o meu Estado de Goiás. Reporto-me à matéria especial publicada pela Folha de S. Paulo, edição do último dia vinte e cinco de março, focalizando um tema da mais alta relevância para a economia brasileira: o esforço que o País está fazendo no sentido de soerguer, em novas bases, a agroindústria algodoeira.
Os dados apresentados na referida reportagem são importantíssimos por várias razões, especialmente por traçarem o quadro atual dessa atividade econômica em nosso País: algo entre um milhão e um milhão e meio de dólares estará sendo investido, pela indústria têxtil, em pesquisas de novas sementes de algodão, visando à obtenção de uma fibra de qualidade superior; os fabricantes de tecidos estão garantindo a compra de todo o algodão que for produzido; consolida-se o novo perfil do cultivo do algodão, caracterizado pela total mecanização, com utilização plena da mais avançada tecnologia.
Creio, Sr. Presidente, não pairar qualquer tipo de dúvida acerca do papel desempenhado pela agroindústria algodoeira para a própria configuração do mundo contemporâneo. Afinal, ela sempre esteve à frente do processo de modernização econômica que, iniciado na Inglaterra por volta do século XVI, explodiu na Revolução Industrial do final do século XVIII.
O Sr. Ney Suassuna - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. MAURO MIRANDA - Perfeitamente, Senador.
O Sr. Ney Suassuna - Senador Mauro Miranda, tanto para a região de V. Exª como para a região nordestina e para o Brasil é muito importante o algodão. Exulto em ver V. Exª narrar, fazer a sua oração dizendo dos progressos que se está fazendo em relação às sementes. Queria fazer um adendo para que não volte a acontecer o que aconteceu nos dois últimos anos, quando fizemos um esforço sobre-humano para produzir algodão e de repente permitiram a exportação a preços subsidiados, fazendo com que nossos agricultores tivessem um prejuízo enorme. Auguro que o alerta do discurso de V. Exª possa valer, chegar até os ouvidos das autoridades competentes, para que não venha a acontecer novamente o que ocorreu nesses últimos anos, quando fizemos esse esforço para aumentar e recuperar a safra de algodão e de repente permitiram a importação subsidiada, o que gerou um grande prejuízo aos nossos agricultores.
O SR. MAURO MIRANDA - Agradeço a V. Exª pelas suas palavras, Senador Ney Suassuna. Vou guardá-las como alerta, principalmente no que se refere ao Ministério da Agricultura. Vem agora essa melhoria desse setor, já acoplado com a agroindústria e com a própria indústria de tecidos.
Prosseguindo, o fato de estar ligada a um tipo essencial de consumo - o vestuário - explica a sua importância e, ao mesmo tempo, justifica todos os esforços para fazê-la recuperar-se de eventuais momentos de crise.
O que estamos vendo, no momento, no Brasil, é exatamente o esforço inteligente, racional e bem estruturado de arrancar a agroindústria do algodão de um estado de letargia, de acentuado declínio, dando-lhe os modernos instrumentos para superar a fase adversa. Tudo faz crer que estamos no caminho certo.
A esse respeito, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho a feliz oportunidade de destacar o trabalho que está sendo feito em meu Estado. Não por acaso, a Folha de S. Paulo determinou o deslocamento de seu repórter Roberto de Oliveira até o Município de Itumbiara para que, no local, pudesse conhecer e avaliar o extraordinário trabalho de expansão da cultura do algodão ali realizado, "investindo em tecnologia de produção e beneficiamento de Primeiro Mundo".
Destacando, como merece, a atuação do Grupo Maeda, cujas atividades se espalham pelos Estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, a matéria da Folha divulga a previsão, para esta temporada, de "uma safra recorde de dez milhões de arrobas de algodão em caroço". Mais significativa, talvez, é a informação de que, desse total, "quatro vírgula seis milhões de arrobas estão sendo colhidas nas fazendas de mil agricultores parceiros do grupo, que seguem os mesmos padrões de qualidade e tecnologia dos Maeda".
Eis um exemplo concreto de como a junção da alta tecnologia com a férrea vontade de fazer bem feito traz resultados compensadores. Com uma previsão de faturamento de cento e sessenta e cinco milhões de dólares neste ano, o Grupo Maeda emprega oitocentos funcionários diretos, trabalha em parceria com cerca de mil fazendeiros e promove agora uma megacolheita em sessenta e cinco mil hectares plantados, colocando em campo "cento e cinqüenta colheitadeiras importadas, a segunda maior frota desse tipo de máquina do mundo".
Aí está, Sr. Presidente, uma representativa mostra do que Goiás está fazendo em sua economia. Estado histórica e essencialmente voltado para a agropecuária, demonstra sua imensa capacidade de reciclar-se, de modernizar-se, sem que para tanto tenha que abandonar sua vocação natural. Assim, ao mesmo tempo em que multiplica seus distritos industriais, não deixa de investir no campo, auferindo, além de bons resultados econômicos, conquistas sociais incalculáveis. Nesse caso, refiro-me à criação de condições adequadas para que o homem do campo não se sinta impelido à migração desordenada que, ao fim, nada mais promove que não a deterioração da vida urbana.
O Governo de Goiás, muito acertadamente, tem agido no sentido de viabilizar os empreendimentos rurais, a exemplo do que foi aqui citado em relação ao algodão. É a consciência de que, assim fazendo, melhora as condições de vida de sua gente, dinamiza a economia local e contribui para o melhor desempenho da economia nacional.
Enfim, é Goiás sentindo-se feliz por crescer ordenadamente, por fazer bem o que deve ser feito.
Muito obrigado, Sr. Presidente.