Discurso no Senado Federal

CORRESPONDENCIA RECEBIDA POR. S.EXA., DA FEDERAÇÃO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCARIOS NO ESTADO DA PARAIBA, DANDO CONTA DA DEMISSÃO FUTURA DE 49 EMPREGADOS DO BANCO DO BRASIL.

Autor
Ronaldo Cunha Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ronaldo José da Cunha Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • CORRESPONDENCIA RECEBIDA POR. S.EXA., DA FEDERAÇÃO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCARIOS NO ESTADO DA PARAIBA, DANDO CONTA DA DEMISSÃO FUTURA DE 49 EMPREGADOS DO BANCO DO BRASIL.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/1997 - Página 7559
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, CORRESPONDENCIA, AUTORIA, FEDERAÇÃO, EMPREGADO, BANCOS, DENUNCIA, DEMISSÃO, BANCARIO, BANCO DO BRASIL, ESTADO DA PARAIBA (PB).

O SR. RONALDO CUNHA LIMA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o primeiro pronunciamento que fizemos, na condição de representante do Estado da Paraíba nesta Casa, foi de alerta às autoridades governamentais a propósito de algumas medidas econômicas levadas a efeito como um remédio que não considera as condições do paciente.

À época, como agora, recebíamos verdadeiros clamores de sindicalistas e bancários da Paraíba para interceder junto ao governo federal no sentido de obstacular as anunciadas demissões no setor, provenientes do fechamento de agências do Banco do Brasil.

Antes falamos da necessidade de equilíbrio da política econômica com o desenvolvimento social, para resgatar uma dívida que, na visão do saudoso Teotônio Vilela, é maior que a dívida externa.

Não nos é agradável o sabor da coincidência, nem nos chama a atenção o espírito de profecia, porque no Brasil, os problemas são os mesmos há muito tempo, apenas os personagens é que se alteram na proposição de idênticas soluções.

Registro, hoje, como já fiz anteriormente, nos anais do Senado Federal, correspondência que recebi da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários no Estado da Paraíba, dando conta que cerca de 49 empregados do Banco do Brasil, serão demitidos. Reclama a diretoria pelo nosso espírito de humanidade e justiça.

Ao reclamar humanidade os sindicalistas paraibanos, chamam atenção para que o Brasil não venha, a pretexto da globalização econômica, sacrificar seu povo. Ainda nos assustam problemas de natureza primária já superados em muitos países do mundo; a luta pela terra provoca uma crise na relação de produção agrícola sem par na história; a violência urbana retrata um país ainda incipiente; endemias crônicas mostram a face frágil de um país enfermo. Como pois aplicar soluções modernas a um país ainda ressentido de sua própria história ?

Os bancários da Paraíba avisam ao Brasil que o desemprego é o pior dos males da economia; mais ainda, deixam evidente, com suas preocupações que o sistema financeiro do país, um dos mais eficientes e mais modernos do mundo, a despeito de suas fantásticas cifras de desempenho não dá sombras para a sociedade. Mesmo quando a instituição financeira tem um compromisso com o desenvolvimento por sua natureza jurídica pública não há manifestação de compromisso social visível.

Reclamam também os sindicalistas paraibanos por justiça, enquanto objetivo do direito do país. Neste campo têm razões legais. As demissões que se consumam não respeitam sequer a imunidade sindical de alguns bancários que exercem cargos em suas representações classistas. Não satisfeito em ferir o espírito de humanidade que deve presidir as relações da cidadania, a diretoria do Banco do Brasil agride o estado de democrático de direito consagrado em nossa Carta Magna.

Não nos cansa está sempre avisando o governo, nos incomoda constatar que os nossos avisos são concretizados no dia a dia, apesar de seus efeitos.

Até quando desempregados, sem-terra, e sem teto, passarão ao largo dos olhos de nossos economistas.

O Banco do Brasil foi concebido, e é entendido como um instrumento de agilização da política econômica do governo, devendo agregar, principalmente às regiões menos favorecida, mecanismos capazes de reverter suas capacidades de desenvolvimento, e não se prestar a instrumento de assombração. Assustado está o quadro funcional já considerado o mais eficiente e dos mais qualificados desta nação. Não se pode permitir que esta noite continue sem um aviso de uma madrugada.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/1997 - Página 7559