O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos a poucos dias da chegada do grosso das colunas dos sem-terra que saíram de várias partes do Brasil. Trata-se de uma causa justa que não deveria existir, pois já poderia ter sido resolvida há muito tempo.

Era mister que o problema da divisão da terra no Brasil tivesse ocorrido há muitos e muitos anos. Lamentavelmente não está solucionado; pelo contrário, agregam-se a esse movimento vários outros que não têm o mesmo objetivo e a mesma necessidade em termos de produção e de satisfação social em nosso País.

Por um lado, ouvimos as pessoas ligadas ao Governo externarem seu temor no sentido de que pessoas mais estranhas ainda, e mais radicais, se aliem a esse movimento que em poucos dias estará em nossa capital, provavelmente sexta-feira. Com tranqüilidade, li hoje que os próprios sem-terra estão fazendo uma triagem para não deixar que haja a intromissão de elementos que tenham por objetivo perturbar a ordem.

Sr. Presidente, Srª e Srs. Senadores, o que auguro, o que almejo é que nós encontremos uma solução. Terra este País tem muita: terras aráveis, terras agricultáveis que poderão realmente ser um lenitivo para os que querem trabalhar. Não devemos permitir que a ordem constitucional seja quebrada com as invasões a torto e a direito, mas devemos buscar o assentamento pacificamente, tranqüilamente.

Creio que cabe ao Governo envidar esforços e recursos na busca de uma solução para o problema dos sem-terra o mais rápido possível. Penso que dever-se-ia fazer o cadastramento dos que estão nos assentamentos, para, a seguir, atendê-los. Esse cadastramento teria que ser bem estruturado, pois, do contrário, ter-se-á pessoas recebendo terras, vendendo-as amanhã e iniciando nova caminhada para obtenção de terra em outra parte do País.

É imperioso que se faça o cadastramento e a doação de terras aos que não as têm, para que o País possa dedicar-se à produção de bens, com a paz social de que tanto precisamos. Com o conseqüente emprego de pessoas na produção de bens, não teremos os cinturões de miséria nas grandes cidades brasileiras.

Esse é um problema que já deveria ter sido resolvido, que, se houver vontade política, será equacionado, pois as terras existem. Precisamos, no entanto, fazer um grande esforço para resolver um problema que atende a poucos, mas que envergonha a muitos, que já deveria ter sido solucionado há tempos..

Muito obrigado.