A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT-AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, amanhã, vamos receber, aqui em Brasília, uma das maiores manifestações que a Capital da República já teve oportunidade de sediar. Trata-se da chegada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em uma marcha edificante em defesa da reforma agrária, da melhoria da qualidade de vida e do resgate de uma dívida histórica, quase ancestral, que o Brasil tem para com a questão agrária e, principalmente, a sua democratização.

Teremos várias atividades até que aconteça a grande concentração dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Todavia, uma delas faço questão de registrar aqui, será a recepção a ser feita por várias autoridades. Nesse sentido, todas estão sendo convidadas para estarem, a partir das 10 horas e 30 minutos, em frente à Catedral, onde haverá uma pequena manifestação, da qual participarão alguns artistas de renome, e algumas autoridades falarão pelo conjunto que ali se fará presente em defesa do movimento pela reforma agrária.

Sr. Presidente, pensando no que está acontecendo na adesão fantástica de solidariedade em apoio à marcha dos sem-terra, observo que este movimento não é mais dos trabalhadores rurais sem terra; é o movimento do Brasil que quer encontrar-se consigo mesmo, que quer dar uma resposta para os problemas que já não suporta carregar sobre os seus ombros. É como se tivéssemos um gigante que começa a movimentar-se no sentido de tirar de si os seus pesados fardos. E nesse tirar os seus pesados fardos, vai acumulando forças para construir o Brasil necessário, onde tenhamos possibilidade da democratização da terra, possibilidade de vida com dignidade, assistência técnica, produção e mercado para milhões de pessoas que não poderão ser inseridas neste processo de exclusão social se não for pela democratização da terra.

Li algum tempo atrás uma frase de Albert Einstein, que dizia o seguinte:"Se vejo mais longe do que os outros é porque me apóio sobre ombros de gigantes." Eu diria que os gigantes estão chegando a Brasília. Cabe às autoridades, aos homens e mulheres de bem, mas particularmente ao Governo brasileiro, apoiar-se sobre os ombros desses gigantes para fazer a reforma agrária. A legitimidade necessária, o apoio para que aconteça uma das maiores ações que um governo já pôde realizar no sentido do resgate de uma dívida social, está posta pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Hoje, há um consenso construído pela sociedade brasileira. Qualquer Presidente da República gostaria de receber esse presente. E espero que, com alegria, pelos cidadãos, pelos homens e mulheres de bem deste País e pelo Governo brasileiro, os trabalhadores rurais sem terra sejam recebidos, recebidos para as devidas respostas de que o Brasil precisa.

Estarei lá, Sr. Presidente, para aplaudir, para ajudar, se houver possibilidade, desejando sinceramente, acima de tudo, que nessa luta não haja vencedores nem derrotados, mas os eternos ganhadores: aqueles que defendem a democracia, aqueles que defendem a justiça social, aqueles que defendem a reforma agrária.

Muito obrigada, Sr. Presidente.