Discurso no Senado Federal

SAUDANDO A CHEGADA DA MARCHA NACIONAL POR REFORMA AGRARIA, EMPREGO E JUSTIÇA, DO MOVIMENTO DOS SEM-TERRA. COMENTANDO O RESULTADO DE PESQUISA RECENTE DE OPINIÃO PUBLICA, REALIZADA PELO IBOPE, ENCOMENDADA PELA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDUSTRIAS, SOBRE O MST.

Autor
Sebastião Bala Rocha (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AP)
Nome completo: Sebastião Ferreira da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • SAUDANDO A CHEGADA DA MARCHA NACIONAL POR REFORMA AGRARIA, EMPREGO E JUSTIÇA, DO MOVIMENTO DOS SEM-TERRA. COMENTANDO O RESULTADO DE PESQUISA RECENTE DE OPINIÃO PUBLICA, REALIZADA PELO IBOPE, ENCOMENDADA PELA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDUSTRIAS, SOBRE O MST.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/1997 - Página 7883
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • ELOGIO, PAZ, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, APOIO, LUTA, JUSTIÇA SOCIAL, MARCHA.
  • REGISTRO, APOIO, OPINIÃO PUBLICA, BRASIL, MUNDO, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, ANALISE, DADOS, PESQUISA.
  • EXPECTATIVA, NEGOCIAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LIDERANÇA, SEM-TERRA, REALIZAÇÃO, REFORMA AGRARIA.

O SR. SEBASTIÃO ROCHA (Bloco/PDT-AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, nesta tarde, expressar a minha louvação ao Movimento dos Sem-Terra, representado pelos seus líderes, a quem reverencio pela forma ordeira, pacífica e competente como vem conduzindo a marcha em direção ao Distrito Federal, à cidade de Brasília.

Acredito que é dever de todos nós, interessados, que lutamos por um Brasil mais justo, por mais justiça social, compartilharmos deste momento e nos irmanarmos nesta luta em defesa do interesse coletivo.

Como disse, há pouco, em um aparte à Senadora Júnia Marise, o Movimento dos Sem-Terra obteve tal relevância que, hoje, merece o respeito de toda a sociedade brasileira e até mesmo da comunidade internacional, como mostra a recente manifestação de respeito e reconhecimento da Bélgica, ao conceder ao Movimento dos Sem-Terra o Prêmio Rei Balduíno, entregue a seus líderes há alguns dias.

Pesquisa recente, realizada pelo IBOPE, encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias, realizada entre 6 e 10 de março deste ano, mostra concretamente o apoio irrestrito que a população brasileira está oferecendo ao Movimento. Entre os dois mil entrevistados, 94% afirmaram que o Movimento dos Sem-Terra deve lutar pela reforma agrária; 85% consideram as invasões como instrumento importante dentro da política de reforma agrária, desde que realizada sem violência e, logicamente, sem mortes; 88% da população entenderam que o Governo deve confiscar terras improdutivas e distribuí-las aos sem-terra; 77% disseram que o Movimento é legítimo; 74% afirmaram que a política de invasões é importante para chamar a atenção do Governo; e apenas 21% condenaram as invasões, defendendo o uso de armas para impedi-las.

Isso demonstra, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que não estamos em guerra. Por isso, não há que se falar em trégua. Não vejo motivo nenhum para que o Presidente da República proponha trégua ao Movimento dos Sem-Terras. Eles estão promovendo suas lutas de forma pacífica e ordeira.

Logicamente, há interesses escusos por trás de determinados segmentos da sociedade, que tentam impedir o prosseguimento dessas ações e, através da infiltração, muitas vezes de ações violentas de alguns proprietários de terras, tentam demonstrar que o Movimento é violento, o que não é verdade.

Essa marcha é um movimento sem precedentes na história política do Brasil, da qual temos de participar. É uma forma de demonstrar que o País precisa fazer a reforma agrária - e, em toda a história política do Brasil, este talvez seja o Governo que disponha das melhores condições para realizá-la.

Apesar de ser Oposição, devo reconhecer que o Governo possui um grau de popularidade bastante razoável.

Por outro lado, segundo o Senador Edison Lobão, que me diz que é um grau elevado de popularidade - digamos que o seja -, o Movimento dos Sem-Terras comprova a sua legitimidade, o seu apoio popular. Então, por que não há um entendimento entre os dois segmentos, que têm hoje uma grande aprovação popular? Por que não se sentar à mesma mesa? Temos feito esse apelo pessoalmente ao Ministro Raul Jungmann, nas vezes em que tivemos oportunidade de conversar.

É isto o que esperamos do Governo e da pessoa do Presidente da República: que receba os sem-terra, conforme está programado, na próxima sexta-feira, e que se possa, de fato, superar qualquer nível de intransigência que exista - parece-me que ela ocorre bem mais forte do lado do Governo - para o bem do País.

O Governo precisa realizar a reforma agrária, porque, talvez, jamais outro Governo terá condições tão favoráveis, com uma legislação entregue pelo Congresso Nacional, a pedido do próprio Presidente e estimulada pelo Movimento dos Sem-Terra. O Congresso Nacional votou e aprovou uma legislação que, se ainda não é a ideal, é realmente bastante avançada para a conquista desse objetivo.

Concluo dizendo do meu apoio integral a essa marcha e da esperança que tenho, no sentido de que esse Movimento possa, de fato, produzir, como efeito, a reforma agrária em nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/1997 - Página 7883