Discurso no Senado Federal

O PROBLEMA DA REFORMA AGRARIA NO BRASIL. SATISFAÇÃO COM O ESPAÇO DO MOVIMENTO PELA REFORMA AGRARIA NA MIDIA, MAS, SOBRETUDO, NA CONSCIENCIA E NO CORAÇÃO DO POVO BRASILEIRO. IMPORTANCIA DO MST NA IMPLANTAÇÃO DA REFORMA AGRARIA.

Autor
Romero Jucá (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • O PROBLEMA DA REFORMA AGRARIA NO BRASIL. SATISFAÇÃO COM O ESPAÇO DO MOVIMENTO PELA REFORMA AGRARIA NA MIDIA, MAS, SOBRETUDO, NA CONSCIENCIA E NO CORAÇÃO DO POVO BRASILEIRO. IMPORTANCIA DO MST NA IMPLANTAÇÃO DA REFORMA AGRARIA.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/1997 - Página 8025
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, REGISTRO, AUSENCIA, OPOSIÇÃO, GOVERNO.
  • SOLIDARIEDADE, ORADOR, CRESCIMENTO, PROCESSO, REFORMA AGRARIA.

O SR. ROMERO JUCÁ (PFL-RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, compareci diversas vezes a esta tribuna para tratar do tema da reforma agrária. Aqui discutimos os avanços empreendidos no Governo Fernando Henrique no tocante ao tema da reforma agrária, analisamos a atuação do Ministro Raul Jungmann, debatemos a proposição da criação do banco de terras, que é de fundamental importância para ampliação e agilização do processo da reforma agrária.

Venho a esta tribuna hoje, como outros oradores que me antecederam, para registrar com satisfação, diretamente de Brasília e para todo o País, que o movimento pela reforma agrária ganha não só espaço na mídia, mas, sobretudo, na consciência e no coração do povo brasileiro.

O Movimento dos Sem-Terra é extremamente importante; teve e tem um papel decisivo para implementação da reforma agrária. No dia de hoje, o movimento maior sobrepõe-se ao Movimento dos Sem-Terra. Trata-se exatamente do movimento pela reforma agrária, que trata do pleito específico de milhares de brasileiros, que, com justiça, merecem, precisam de um assentamento, de um pedaço de terra para trabalhar e produzir.

Mas o movimento pela reforma agrária permeia mais do que isso, atingindo todos os segmentos da população brasileira. Em nome do Partido da Frente Liberal, entendo que, tanto nesta Casa quanto na Câmara dos Deputados, todos os partidos indistintamente têm-se manifestado favorável a uma ação inadiável e inarredável no nosso País.

Gostaria também, Sr. Presidente, ao fazer o registro da consolidação desse movimento, de formular um comentário singelo sobre a necessidade de os diversos segmentos envolvidos nessa questão não fazerem a avaliação errada sobre o momento importante e rico que o País vive hoje, com essa manifestação social sem precedentes.

Do lado do Governo, é importante que não se veja este movimento, que não se vejam as ruas cheias e a manifestação de carinho da população como um movimento de oposição ao Governo. É importante que o Governo entenda que esse movimento pela reforma agrária é maior do que qualquer setor partidário ou de oposição. Nele, sem dúvida nenhuma, estão inseridos partidos de oposição, como também partidos que apóiam o Governo; estão inseridas pessoas que votaram no Presidente Fernando Henrique Cardoso - e ainda continuarão votando -, mas que querem a reforma agrária já, porque esta é inadiável, como disse.

É importante que o Governo não procure simplificar esse movimento e essa ação das ruas como um movimento de oposição. Da mesma forma, é importante que os partidos de oposição entendam que um passo importante foi dado; que, embora as ruas se encontrem cheias, os partidos estejam posicionando-se e a sociedade esteja apelando pela reforma agrária, isso não representa, efetivamente, uma oposição nem ao Governo, nem ao Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Diria, Sr. Presidente, que, com a caminhada dos sem-terra, com a manifestação de carinho por eles recebida durante esses dois meses, com a acolhida de Brasília e com a posição de todos os partidos políticos, amanhã, depois de amanhã, enfim, quando baixar a poeira da caminhada, ver-se-á que o País mudou, avançou e ganhou.

Ganhou o Movimento dos Sem-Terra porque consolidou a reforma agrária, mas também o Presidente da República. Sua Excelência ganhou a condição e o apoio popular para ampliar ainda mais o ritmo da reforma agrária, que tem o Senhor Presidente da República dito diversas vezes estar fazendo, que quer fazer.

Entendo que ao ter o respaldo da população para realizar a reforma agrária e de perceber o quão é ela importante, o Presidente Fernando Henrique Cardoso adquire um instrumento valioso para decidir realizá-la o mais rapidamente possível. Sua Excelência ganha um instrumento forte, que é a consciência nacional da necessidade de executá-la.

Quero ao encerrar, Sr. Presidente, deixar registrada a minha satisfação com esse movimento social pacífico, dentro do ritmo e da consciência dos brasileiros e dizer que este movimento, sem dúvida nenhuma, mudou a questão do campo a partir de hoje.

Estou feliz de testemunhar essa ação, assim como de poder vir à tribuna para hipotecar a minha solidariedade ao crescimento que terá, a partir de hoje, o processo de reforma agrária no País.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/1997 - Página 8025