Pronunciamento de Ademir Andrade em 24/04/1997
Discurso no Senado Federal
REGOZIJO COM A ASSINATURA DE COMPROMISSO, ENTRE O GOVERNO E A COMPANHIA VALE DO RIO DOCE, PARA A CONSTRUÇÃO DA USINA DE COBRE DE SALOBO, NO MUNICIPIO DE MARABA - PA.
- Autor
- Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
- Nome completo: Ademir Galvão Andrade
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA MINERAL.:
- REGOZIJO COM A ASSINATURA DE COMPROMISSO, ENTRE O GOVERNO E A COMPANHIA VALE DO RIO DOCE, PARA A CONSTRUÇÃO DA USINA DE COBRE DE SALOBO, NO MUNICIPIO DE MARABA - PA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 25/04/1997 - Página 8515
- Assunto
- Outros > POLITICA MINERAL.
- Indexação
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- SAUDAÇÃO, VITORIA, MUNICIPIO, MARABA (PA), ESTADO DO PARA (PA), ASSINATURA, COMPROMISSO, GOVERNO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), CONSTRUÇÃO, USINA SIDERURGICA, TRANSFORMAÇÃO, MINERIO, COBRE, REGIÃO.
O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco-PSB-PA. Pronuncia o seguinte discurso. sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, comemora-se hoje no Estado do Pará a vitória de uma luta de muito tempo. O Governo e a Vale assinam um compromisso de construírem no Município de Marabá um dos mais prósperos municípios do sul do Pará, a usina de cobre de Salobo.
A província mineral de Carajás, no Estado do Pará, tem entre suas reservas uma grande quantidade de minério de cobre associado a ouro e prata. Há muito tempo vem-se pensando numa forma de beneficiar esse minério, transformando-o em cobre, extraindo ainda a prata e o ouro e utilizando-se o ácido sulfúrico, resultante das operações de transformação, para também se construir uma indústria de fertilizantes.
O Estado do Pará, ao longo de muitos e muitos anos, tem servido apenas como um local de extração de recursos minerais. No nosso Estado não têm sido construídas usinas transformadoras desse minério. Quase todas as usinas siderúrgicas de minério de ferro, por exemplo, foram construídas no Estado do Maranhão. Há apenas uma pequena usina de ferro gusa no Município de Marabá.
Havia o desejo de que fosse construída a usina de beneficiamento do minério de cobre na região do Salobo. Disputavam essa usina os Estados da Bahia, do Maranhão e do Pará. Essa é uma luta que vem de há muito. O Estado do Pará, que perdeu muito ao longo de muitas décadas, começou a perceber isso e começou a lutar para que essa indústria de cobre lá se implantasse.
O investimento é muito grande, Sr. Presidente, da ordem de US$ 1,5 bilhão, talvez um dos maiores investimentos que estão sendo feitos zatualmente no Brasil.
Essa questão foi tornada pública ao povo do nosso Estado, principalmente pelas nossas lideranças políticas, entre as quais eu sempre estive presente. As câmaras de vereadores e as prefeituras de todos os municípios da área de influência do Projeto Carajás começaram a pressionar para que essa siderúrgica de minério de cobre fosse implantada no Estado do Pará, mais precisamente no Município de Marabá, porque a província mineral de Carajás está situada no Município de Paraopebas. Entretanto, o minério de cobre da região de Salobo está dentro do território de Marabá, e o Governo pretendia instalar essa usina dentro do Projeto de Carajás, fazendo com que todo o desenvolvimento da região ficasse extremamente concentrado na província de Carajás, como se um Estado funcionasse dentro do próprio Estado.
É uma coisa muito fechada, em que a população não tem liberdade de trânsito e de acesso. Por isso todos os políticos da região começaram a trabalhar para que a usina fosse construída em Marabá, porque Carajás já tem um grande desenvolvimento junto a Paraopebas, e precisávamos diversificar as áreas de atuação desses projetos. Essa luta envolveu mais de 20 prefeituras, mais de 400 vereadores e todos os parlamentares do Pará no Congresso Nacional. Nós encampamos um abaixo-assinado, com dezessete deputados federais e dois dos três Senadores pelo Pará, exigindo a construção dessa usina no Município de Marabá. Tivemos duas audiências com o Sr. Ministro das Minas e Energia, levando esse pleito a S. Exª, oportunidade em que toda a Bancada do Pará esteve presente, mostrando as razões pelas quais queríamos a construção dessa usina no Município de Marabá.
Finalmente, depois de um longo processo de luta - e evidentemente o Governador do Estado também dela participou -, conseguimos garantir um acordo de construção dessa usina no Município de Marabá. Este acordo está sendo assinado hoje no Estado do Pará. Caravanas e caravanas de companheiros do sul do Pará e muitos ônibus levando a população foram até Belém a fim de comemorar esse evento que lá está acontecendo.
Eu desejo, Sr. Presidente, que o povo do Pará entenda que, da mesma forma como obtivemos a vitória na questão do Linhão, da Hidrelétrica de Tucuruí a oeste do Pará, até Itaituba e Santarém, essa também foi uma luta de todo o povo do Pará.
Lamentavelmente, hoje, sou adversário do Governador do Estado, e S. Exª tenta, de todas as formas possíveis, aparecer sempre sozinho como o pai da criança.
Em toda e qualquer vitória que se conquista para o Estado do Pará, o Governador tenta aparecer, sempre, como o pai da criança, isolando a participação de todos os outros políticos que tanto se empenharam pela concretização de algumas vitórias. É uma demonstração evidente da falta de capacidade de liderança e de compreensão, no seu papel de Governador, que poderia tranqüilamente ser o Líder de todos nós. Mas, infelizmente, o egoísmo, a prepotência e a arrogância do Governador fazem com que S. Exª se apresente à opinião pública como o grande vitorioso, isolando todas as outras forças políticas que tanto contribuíram para que conseguíssemos o fim que almejamos.
Quero dizer desta tribuna aos Srs. Senadores e ao povo do Pará que essa não é uma vitória de um político, de um cidadão. É uma vitória de muitos políticos e, essencialmente, uma vitória do povo. É uma luta que partiu da base, dos movimentos sociais organizados, das Câmaras de Vereadores, que se deram ao trabalho de se deslocar até Brasília para sensibilizar Ministros de várias Pastas e, entre outras lutas, realizar visitas ao Presidente da Companhia Vale do Rio Doce.
É preciso que se tenha grandeza política para reconhecer que essa é uma vitória do povo do Pará e não a vitória de um partido ou de um Governador de Estado, como se quer fazer hoje no meu Estado do Pará, neste momento, infelizmente, de pequenez política e de falta de compreensão.
Quero dizer desta Tribuna do Senado da República que a luta foi de todos e não somente de um. A vitória é do povo do Pará. Evidentemente, uma série de concessões foram feitas e haveremos de estudá-las se são válidas, corretas e participar da correção dessas concessões.
Quero registrar a nossa alegria, em nome de meu Partido, por essa vitória do Município de Marabá, do sul do Pará, enfim, de todo o Estado, qual seja, a implantação dessa grande usina de transformação do minério de cobre em cobre naquele Município.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.