Discurso no Senado Federal

DIFICULDADES DOS PARTIDOS POLITICOS EM ENFRENTAREM TEMAS COMO A NECESSIDADE DE BENS MATERIAIS, CONCORRENCIA PESSOAL E ANSEIO ESPIRITUAL DO HOMEM.

Autor
Artur da Tavola (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RJ)
Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • DIFICULDADES DOS PARTIDOS POLITICOS EM ENFRENTAREM TEMAS COMO A NECESSIDADE DE BENS MATERIAIS, CONCORRENCIA PESSOAL E ANSEIO ESPIRITUAL DO HOMEM.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/1997 - Página 9290
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ANALISE, CONFLITO, ATUALIDADE, AMBITO, IDEOLOGIA, CONSUMO, IMPERIALISMO, CAPITALISMO, OPOSIÇÃO, SOLIDARIEDADE, AMPLIAÇÃO, MANIFESTAÇÃO, HOMEM, PLURALIDADE, CULTURA.
  • NECESSIDADE, ATENÇÃO, POLITICA PARTIDARIA, EMERGENCIA, PROBLEMA, DECISÃO, SUPLANTAÇÃO, LIMITAÇÃO, ESTADO.

O SR. ARTUR DA TÁVOLA (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há temas que não podem ficar alheios ao conhecimento e à prática dos partidos ao lado, é claro, das chamadas necessidades concretas de modernização e reformas. Estes temas estão entre alguns dos principais impasses existentes da contemporaneidade como, entre outros:

              O problema do primado do homem sobre os fatores materiais da sociedade;

              Do espírito sobre a exacerbação materialista decorrente do processo de desenvolvimento industrial, que, por sua vez, domina os conteúdos da comunicação de massas;

              De arte e do pensamento sobre a técnica numa fase da existência em que a técnica se apropria da arte e do pensamento existentes, deixando pouco espaço para a expansão individual de arte e pensamento;

              Do conflito entre questões concretas como, por exemplo, uma tendência irreversível da mundialização econômica que não signifique, apenas por isso, adesão ao imperialismo econômico e sim o seu oposto;

              A existência de um processo de competição necessário mas que não se transforme no esmagamento dos fracos e das minorias e sim na forma de promover o pluralismo cultural, comportamental e econômico, vale dizer em formas novas de solidariedade;

              Busca de dimensão transcendente da vida que não esbarre em imposições ditatoriais das sociedades materiais e pragmáticas por um lado e nas prisões dogmáticas existentes no território de algumas religiões, vale dizer: nas guerras religiosas.

A grande dificuldade de os partidos políticos enfrentarem estes temas na América Latina está em que nossos países, nem bem chegaram à modernidade, e já se acham frente a problemas da pós modernidade. Nessa linha de raciocínio defrontam-se ainda os partidos políticos com um novo instituto informal da contemporaneidade: o que já foi chamado de "soberania difusa". Falo mais claro: em pleno apogeu do Estado-Nação, fortalecido no século XX, o fim da guerra fria, a existência crescente de capitais disponíveis, a expansão da tecnologia e das comunicações criam formas novas de compreender a soberania, não mais como algo confinado estritamente dentro dos limites de cada estado, mas algo comum a cada indivíduo: a soberania da liberdade individual operando dentro dos macro-sistemas. Assim, cabe à política enfrentar e compreender impactos poderosos como:

Decisões macroeconômicas fora do âmbito de cada país;

Decisões científico-tecnológicas transnacionais;

Processo de comunicação em evolução vertiginosa, globalizante, com a substituição do átomo pelo bit eletrônico a propiciar inusitadas possibilidades para o indivíduo, por cima e além dos limites do Estado-Nação, dentro do qual ele nasceu e formou a maioria dos seus conceitos no século que termina.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/1997 - Página 9290