Discurso no Senado Federal

ANALISE DAS MANIFESTAÇÕES E DO COMPORTAMENTO DAS LIDERANÇAS E MOVIMENTOS DE OPOSIÇÃO DIANTE DOS DISCURSOS E ACONTECIMENTOS DE TRANSGRESSÕES A ORDEM PUBLICA, OCORRIDAS RECENTEMENTE.

Autor
Artur da Tavola (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RJ)
Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • ANALISE DAS MANIFESTAÇÕES E DO COMPORTAMENTO DAS LIDERANÇAS E MOVIMENTOS DE OPOSIÇÃO DIANTE DOS DISCURSOS E ACONTECIMENTOS DE TRANSGRESSÕES A ORDEM PUBLICA, OCORRIDAS RECENTEMENTE.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/1997 - Página 9742
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, MANIFESTAÇÃO, OPOSIÇÃO, GOVERNO, CARACTERISTICA, INFRAÇÃO, ORDEM PUBLICA, ANALISE, ATUAÇÃO, ADVERSARIO, INEFICACIA, TRANSFORMAÇÃO, SOCIEDADE.
  • ANALISE, PROBLEMA, PROCESSO, DEMOCRACIA, BRASIL, DEFESA, MODERNIZAÇÃO, PAIS, SAIDA, SUBDESENVOLVIMENTO.

O SR. ARTUR DA TÁVOLA (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, reparem através dos fatos:

1) Há meses o presidente do PT, José Dirceu pregou invasões de terras, ocupação de prédios públicos, etc.

2) Leonel Brizola há semanas, por causa da questão Vale do Rio Doce, defendeu a derrubada de Fernando Henrique através de um golpe civil.

3) O MST defende invasões apesar de ser recebido pelo Presidente da República, apesar de haver uma reforma agrária em marcha.

4) De modo inevitável todas as manifestações públicas estão sendo feitas com direta provocação de conflitos, pedradas e agressões.

5) No Uruguai tentaram apedrejar a Primeira Dama cujo trabalho é respeitado, respeitável e totalmente na linha do social.

6) Os discursos e declarações de líderes oposicionistas são pronunciados sob a forma de insultos.

7) A oposição, além de deslustrar o trabalho parlamentar com o "apitaço", a baderna e a agressão física, pretende desqualificar a democracia representativa e suas instituições.

8) As manifestações estão deliberadamente colocadas no limite da insurreição.

9) As lideranças maiores do PT, do PC do B e do PDT estão a disseminar o ódio entre seus militantes.

10) Setores opostos a esse gênero de manifestações começam a acusar o Presidente da República de fraqueza, excesso de tolerância e até de pusilanimidade com o abuso, a desordem e a violação sistemática da Lei.

O Presidente FHC tem preferido adotar a tática da busca incansável do entendimento e da diluição dos movimentos por deixá-los existir até que as suas contradições internas os diluam. Mas até quando poderá agüentar as transgressões da ordem pública e das invasões de próprios federais, de fazendas, de ministérios?

Com anos de vivência política, de exílio e militância nas idéias de esquerda, posso afirmar o seguinte:

A oposição desesperou pelas derrotas sucessivas, principalmente na opinião pública;

Continua sem candidato e sem discurso convincente;

Grande parte de suas lideranças mais conseqüentes já se deu conta de que deveria modernizar o discurso porém não encontra modo de pacificar o dragão vociferante já por elas massificado e que hoje ruge em vez de pensar.

Esse conjunto de fatores leva-a a ter enfraquecidos os seus quadros mais lúcidos e ver fortalecidos os setores radicais. Estes, com a inconseqüência de não saber que quem milita errado na esquerda fortalece a direita, querem, efetivamente, a derrubada da chamada ordem burguesa e a de sua principal representação política, a democracia representativa. E com o auxílio de seus "braços" na mídia fazem o possível para desqualificar a democracia representativa e a seus institutos, gerando clima de inquietação e desenvolvendo fermentos revolucionários e idéias desordenadas de democracia participativa e de democracia direta (se fossem ordenadas teriam cabimento). Por sua vez, a democracia representativa apresenta fissuras e atrasos ancestrais, que favorecem a fermentação e a proliferação dessa estratégia suicida dos setores que hoje são os mais conservadores dentre todos, muito mais conservadores, até, do que os neoliberais aos quais tanto atacam.

Hoje, vêem-se na sociedade brasileira vários quadros neoliberais mais interessados na transformação da sociedade brasileira do que os setores que se dizem ou que se supõem esquerdistas. Estes, esclerosaram-se em comportamentos corporativos, contrários ao novo, com uma visão antiquada de Estado e - de modo recalcitrante - alheios ao que se passa no mundo. Preferem palavras de ordem a idéias. Adoram falar (ainda) em imperialismo econômico, em neoliberalismo e em globalização, sem compreender que ou o Brasil se capacita para a modernidade ou, com os seus graus ancestrais de atraso, de injustiça social e de concentração de renda, transformar-se-á no que já é: um dos mais atrasados países do mundo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/1997 - Página 9742