Pronunciamento de Artur da Tavola em 15/05/1997
Discurso no Senado Federal
EXEMPLOS DE CORRENTES CULTURAIS ASCENDENTES QUE SURGEM SOB A APARENCIA DE CONFLITOS E LATEJAM NAS SOCIEDADES, E NEM SEMPRE REFLUEM PARA O DISCURSO POLITICO.
- Autor
- Artur da Tavola (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RJ)
- Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA NACIONAL.:
- EXEMPLOS DE CORRENTES CULTURAIS ASCENDENTES QUE SURGEM SOB A APARENCIA DE CONFLITOS E LATEJAM NAS SOCIEDADES, E NEM SEMPRE REFLUEM PARA O DISCURSO POLITICO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/05/1997 - Página 9823
- Assunto
- Outros > POLITICA NACIONAL.
- Indexação
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- ANALISE, DEFASAGEM, DISCURSO, CLASSE POLITICA, RELAÇÃO, EVOLUÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
- FALTA, INCORPORAÇÃO, DISCURSO, CLASSE POLITICA, ASSUNTO, MODERNIZAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ARTICULAÇÃO, QUEBRA, ANTAGONISMO, AMBITO, NECESSIDADE, CIDADÃO, SOCIEDADE.
O SR. ARTUR DA TÁVOLA (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso ) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a velocidade da evolução dos meios de comunicação e dos processos por estes utilizados tomou de surpresa a retórica política desde a década de 50 até hoje. Gerou-se um conflito de retóricas. Enquanto a comunicação contemporânea exercia no seu discurso, elementos como a sintetização, a simplificação e a massificação, a retórica política ainda guarda o tom solene e grandiloqüente dos discursos com predomínio das palavras sobre a significação. No discurso político, as ênfases e a dramatização das vozes ainda se dão como foram necessárias em épocas anteriores ao microfone, aos amplificadores e às câmeras de televisão.
Dificilmente a retórica política tradicional (mas habitual) ajusta-se a formas eficazes da fala radiofônica e da fala televisual. Este fato de imediato conota a fala política com o antigo e o superado, promovendo resistência por parte do público. O mesmo se dá quanto aos conteúdos da fala.
Na sociedade latejam correntes culturais ascendentes que representam a emersão de temas oriundos dos embates da sociedade em suas profundezas sócio-psicológicas e em determinado momento cristalizam-se e sobem ao conhecimento médio das pessoas, tornando-se temas comuns. Nem sempre ( ou quase nunca) tais temas são percebidos pela classe política que insiste na repetição dos mesmos assuntos.
Enquanto tal processo se dá na retórica política, as correntes culturais ascendentes espoucam e atraem muito mais gente para o seu estudo, análise, e apreciação. Hoje, uma série de temas ligados à mais poderosa dentre todas as correntes culturais ascendentes da contemporaneidade, que é a pós modernidade, não vêm sendo compreendidos pela classe política.
A pós modernidade traz a necessidade de algumas articulações necessárias, por exemplo:
Entre a economia e o direito;
Entre a democracia representativa e as formas diretas (tanto as formas de democracia participativa como as formas absenteístas que pregam o completo desligamento da sociedade e de suas instituições);
Entre a eficácia dos sistemas e a felicidade individual;
Entre a racionalidade pragmática e a criatividade desvinculada de sistemas e alheia a conflitos ideológicos;
Entre a já citada retórica tradicional e as novas falas;
Entre o discurso político e o discurso artístico;
Entre o socialismo não estatizante e o capitalismo não explorador;
Entre a política partidária e a política comunitária;
Entre os poderes legalmente constituídos e a mídia que com eles disputa o comando da sociedade;
Entre a construção de uma sociedade material poderosa e os objetivos prazenteiros da cultura;
Entre a competência e a solidariedade.
Estes são alguns exemplos de correntes culturais ascendentes que surgem sob a aparência de conflitos e latejam nas sociedades, porém nem sempre refluem para o discurso político, o que o afasta da vivência real de segmentos majoritários da sociedade.