Discurso no Senado Federal

INCIPIENCIA DO TRANSPORTE HIDROVIARIO NO BRASIL, APESAR DA SUA POTENCIALIDADE E DOS BENEFICIOS QUE TRARIA AO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO. REGOZIJO COM O CIRCUNSTANCIADO ESTUDO, ELABORADO PELA ADMINISTRAÇÃO DAS HIDROVIAS DA AMAZONIA ORIENTAL, SOBRE A VIABILIDADE ECONOMICA E AS VANTAGENS DA HIDROVIA TAPAJOS-TELES PIRES, NO ESTADO DO PARA.

Autor
Carlos Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MT)
Nome completo: Carlos Gomes Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • INCIPIENCIA DO TRANSPORTE HIDROVIARIO NO BRASIL, APESAR DA SUA POTENCIALIDADE E DOS BENEFICIOS QUE TRARIA AO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO. REGOZIJO COM O CIRCUNSTANCIADO ESTUDO, ELABORADO PELA ADMINISTRAÇÃO DAS HIDROVIAS DA AMAZONIA ORIENTAL, SOBRE A VIABILIDADE ECONOMICA E AS VANTAGENS DA HIDROVIA TAPAJOS-TELES PIRES, NO ESTADO DO PARA.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/1997 - Página 10345
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), EMPENHO, CONTINUAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, HIDROVIA, LIGAÇÃO, RIO TAPAJOS, RIO TELES PIRES, INCENTIVO, CRIAÇÃO, EMPREGO, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO, ESCOAMENTO, PRODUTO AGRICOLA, GRÃO, FAVORECIMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DE MATO GROSSO (MT).
  • ELOGIO, ESTUDO, ADMINISTRAÇÃO, HIDROVIA, AMAZONIA ORIENTAL, ORGÃO PUBLICO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), VIABILIDADE, TRANSPORTE AQUATICO, ESTADO DO PARA (PA).

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o rio é uma dádiva notável da natureza, onde se desenvolve um processo contínuo de geração de riqueza e recriação da vida.

Embora com grande atraso, parece que as nossas autoridades estejam agora se despertando para essa verdade, coisa que outras nações já fizeram há muito mais tempo e com grande sucesso. A adequada e intensa exploração do Reno, na Europa, e do Mississipi, nos Estados Unidos - só para citar dois exemplos de todos conhecidos - são uma prova eloqüente da potencialidade dos rios como elo de ligação entre regiões, como via de transporte de riquezas e como agente incentivador do progresso.

No Brasil, o transporte hidroviário ainda é muito incipiente, coisa inadmissível quando se sabe que a malha hidroviária brasileira com potencialidade de navegação alcança a surpreendente marca de 25 mil quilômetros, segundo dados levantados e catalogados por organismos governamentais.

Interessante é constatar que a grande maioria dos rios que integram essa malha localizam-se justamente naquelas regiões que mais clamam por investimentos e por progresso. Melhorar a navegação hidroviária brasileira é levar o progresso ao Centro-Oeste, ao Norte e também ao Nordeste.

Faz pouco tempo, veio à baila a implantação da hidrovia Paraná-Paraguai, que atravessará uma vasta área do Pantanal. Defensores do meio ambiente se rebelaram, entidades internacionais insurgiram-se contra a idéia, embasadas em "sólidos" argumentos - coloco esse sólidos entre aspas - que mostram ser essa hidrovia um mal irreversível para o ecossistema pantaneiro. Diante de tanta solidez, uma dúvida me atormenta: não haverá, por trás de tantos estudiosos, entidades externas mais interessadas em impedir que o nosso País agregue ao setor produtivo a imensa parcela do seu território sob influência dessa hidrovia?

No meu pronunciamento de hoje, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar o meu regozijo com um circunstanciado estudo, elaborado pela Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental - AHIMOR, órgão do Ministério dos Transportes, sobre a viabilidade econômica da hidrovia Tapajós-Teles Pires, no Estado do Pará, cujo texto foi recentemente encaminhado ao Ministro dessa Pasta.

Esse estudo baseou-se tão somente na produção agrícola da região e numa possível demanda por fertilizantes, para mostrar que o retorno do investimento virá em período muito curto, se se tomar por base unicamente a redução no valor dos fretes. Com efeito, estima-se que as obras de drenagem, derrocagem, sinalização, balizamento, construção de barragens, canais laterais e eclusas, consumirão 140 milhões de dólares, enquanto a economia acumulada nos primeiros seis anos de operação, unicamente em frete, será de 158 milhões e 757 mil dólares.

Para melhor se aquilatar as vantagens que o transporte hidroviário apresenta sobre o ferroviário e o rodoviário, basta ver que uma única barcaça transporta a carga de 22 vagões graneleiros ou de 39 caminhões. Como essas barcaças andam em comboio e cada comboio tem seis embarcações propelidas por um único empurrador, cada um transporta, de uma só vez, a carga de 132 vagões ou de 234 caminhões. Já imaginaram os senhores o que representa para uma estrada, em termos de estrago e conseqüente necessidade de conservação, o tráfego constante de 234 caminhões? Essa é outra economia que virá de forma indireta.

Não se pode falar da implantação de uma hidrovia sem tratar dos benefícios sociais que daí advirão. No que tange especificamente a essa hidrovia, esses benefícios não foram transformados em números. Todavia, eles existem e não são poucos.

Além da economia como fretes, fez-se uma projeção do número de empregos que serão criados: 10 mil, beneficiando de forma direta um contingente populacional de 50 mil pessoas, entre empregados e seus familiares. Projetou-se também o incremento na produção de grãos. No ano 2000 seriam produzidas um milhão, oitocentas e setenta e cinco mil toneladas, cerca de cinqüenta por cento mais do que em 95, e, no ano 2005, a produção cresceria mais 30%, passando para dois milhões, quatrocentas e cinqüenta e cinco mil toneladas.

A extensão dessa hidrovia é de 1.342 quilômetros, desde Alta Floresta, no Mato Grosso, até Santarém, no Pará, e sua área de influência está estimada em 711 mil quilômetros quadrados, abrangendo 19 Municípios de Mato Grosso e 8 do Pará, daí a razão de eu defender ardorosamente a sua implantação, pois, apesar de os rios em questão - Tapajós e Teles Pires - localizarem-se basicamente no Estado do Pará, os seus benefícios serão também repartidos com a região Norte do Estado de Mato Grosso.

Poderia, ainda, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, enumerar muitas outras vantagens que essa hidrovia irá proporcionar aos dois Estados. A exigüidade do tempo, entretanto, não mo permitem.

Em nome do Estado de Mato Grosso e em nome do Estado do Pará, faço um veemente apelo ao Senhor Presidente da República e ao Senhor Ministro dos Transportes, para que dêem seqüência a essa empreitada. Se os números a que me referi não forem por si sós eloqüentes, levem Vossas Excelências em conta o que essa hidrovia representará em termos de integração nacional e de resgate dessa imensa região para um tempo de progresso e prosperidade.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/1997 - Página 10345