Discurso no Senado Federal

CONGRATULANDO-SE COMO O DEPUTADO ALMINO AFFONSO PELO SEU GESTO DE RENUNCIA A RELATORIA DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA DA CAMARA DOS DEPUTADOS, POR CONSIDERA-LA INADEQUADA PARA APURAR A DENUNCIA DE COMPRA DE VOTOS PRO-REELEIÇÃO. AUMENTO DA TAXA DE DESEMPREGO EM SÃO PAULO. ENCAMINHAMENTO AO MINISTRO PEDRO MALAN, DA FAZENDA, DE CORRESPONDENCIA RECEBIDA DO SR. EUCLYDES RIBEIRO DE SOUZA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS INVESTIDORES DA COROA S/A, REIVINDICANDO O RESSARCIMENTO DOS VALORES APLICADOS NO GRUPO COROA S/A, CUJA FALENCIA FOI DECRETADA EM 25-1-93. REGISTRO DE RESPOSTAS DO MINISTRO ZENILDO ZOROASTRO DE LUCENA, DO EXERCITO, SOBRE A OPERAÇÃO EM CURAÇAO ALFA, E DO MINISTRO LELIO VIANA LOBO, DA AERONAUTICA, SOBRE REPETIÇÃO DE MARCHA OFENSIVA AOS DIREITOS HUMANOS, DURANTE TREINAMENTO MILITAR.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO. POLITICA SOCIAL. MINISTERIO DO EXERCITO (ME), MINISTERIO DA AERONAUTICA (MAER), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.:
  • CONGRATULANDO-SE COMO O DEPUTADO ALMINO AFFONSO PELO SEU GESTO DE RENUNCIA A RELATORIA DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA DA CAMARA DOS DEPUTADOS, POR CONSIDERA-LA INADEQUADA PARA APURAR A DENUNCIA DE COMPRA DE VOTOS PRO-REELEIÇÃO. AUMENTO DA TAXA DE DESEMPREGO EM SÃO PAULO. ENCAMINHAMENTO AO MINISTRO PEDRO MALAN, DA FAZENDA, DE CORRESPONDENCIA RECEBIDA DO SR. EUCLYDES RIBEIRO DE SOUZA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS INVESTIDORES DA COROA S/A, REIVINDICANDO O RESSARCIMENTO DOS VALORES APLICADOS NO GRUPO COROA S/A, CUJA FALENCIA FOI DECRETADA EM 25-1-93. REGISTRO DE RESPOSTAS DO MINISTRO ZENILDO ZOROASTRO DE LUCENA, DO EXERCITO, SOBRE A OPERAÇÃO EM CURAÇAO ALFA, E DO MINISTRO LELIO VIANA LOBO, DA AERONAUTICA, SOBRE REPETIÇÃO DE MARCHA OFENSIVA AOS DIREITOS HUMANOS, DURANTE TREINAMENTO MILITAR.
Aparteantes
Lauro Campos.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/1997 - Página 10671
Assunto
Outros > LEGISLATIVO. POLITICA SOCIAL. MINISTERIO DO EXERCITO (ME), MINISTERIO DA AERONAUTICA (MAER), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.
Indexação
  • ELOGIO, ALMINO AFFONSO, DEPUTADO FEDERAL, RENUNCIA, FUNÇÃO, RELATOR, COMISSÃO, SINDICANCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, MOTIVO, IMPOSSIBILIDADE, EFICACIA, APURAÇÃO, CORRUPÇÃO, VENDA, REELEIÇÃO, DEFESA, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • GRAVIDADE, CRISE, RECESSÃO, DESEMPREGO, POBREZA, ANALISE, ESTATISTICA, SITUAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), BRASIL.
  • APOIO, SOLICITAÇÃO, RESSARCIMENTO, CIDADÃO, FALENCIA, INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, ERRO, FISCALIZAÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), ENCAMINHAMENTO, DOCUMENTAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF).
  • REGISTRO, RESPOSTA, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO EXERCITO (ME), MINISTERIO DA AERONAUTICA (MAER), ESCLARECIMENTOS, TREINAMENTO, SOLDADO.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Geraldo Melo, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero cumprimentar, por seu gesto, o Deputado Almino Affonso que, designado para ser o Relator na Comissão de Constituição e Justiça e da Redação, da Câmara dos Deputados, sobre o episódio relativo à compra de votos, por ocasião da votação da emenda constitucional sobre o direito de reeleição, abriu mão, renunciou ao cargo de Relator. Expondo, com clareza, disse que quer muito que seja averiguada a responsabilidade e apurados os fatos relativos ao episódio. No entanto, sentindo que a Comissão de Constituição e Justiça e da Redação não tem os elementos necessários, por exemplo, para convocar aqueles que precisam prestar esclarecimentos relativamente a esse episódio, a começar pelos próprios ex-Deputados, que já renunciaram aos seus respectivos mandatos - Ronivon Santiago e João Maia, que, segundo S. Exª, já deixaram Brasília - , não há como a Comissão de Constituição e Justiça e da Redação convocá-los; e que também teria dificuldade em convocar outras pessoas, incluindo o próprio Ministro Sérgio Motta, porque somente o convite poderia ser feito, S. Exª avaliou que precisava renunciar a esse cargo. Inclusive na entrevista que deu ontem, ao vivo, a Paulo Henrique Amorim, o âncora da Rede Bandeirantes de Televisão, S. Exª disse que a Comissão Parlamentar de Inquérito é que constitui o instrumento adequado para se levar adiante a investigação que a Nação requer.

É preciso lembrar que 91% dos consultados pela Folha de S.Paulo, há uma semana, mostraram a necessidade e opinaram pela constituição da uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Disse o Ministro Sérgio Motta, em Portugal, que não serão crises circunstanciais que farão este Governo perder sua iniciativa.

Eu gostaria de dizer que a crise por que passa o Governo Federal é a crise da Nação. Não se trata simplesmente de crise política. Não se trata simplesmente de o Governo estar, por todos os meios, a evitar que se conheça, em profundidade, como se deu o processo de compra de votos. A crise importante que se dá é de natureza socioeconômica. A crise que imobiliza o Governo Federal é aquela que não dá respostas aos problemas sérios do desemprego, da recessão, da dificuldade daqueles que estão ou desempregados ou com um nível de rendimento extremamente baixo.

A crise social está caracterizada pela dificuldade dos segmentos exportadores em poder crescer, da dificuldade dos segmentos que competem com as importações em função da política econômica, e inclusive a política cambial levada adiante pelo Governo, crise que hoje se estampa com números. A Fundação SEADE divulga pesquisa em que mostra que a taxa de desemprego na grande São Paulo cresceu pelo terceiro mês consecutivo.

As informações captadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego mostram que a taxa de desemprego total na região metropolitana de São Paulo elevou-se em abril, tendência geralmente observada no período, correspondendo a 15,9% da população economicamente ativa.

A taxa global de participação cresceu de 60,8% para 61,6%, devido à incorporação de 124 mil pessoas à população economicamente ativa. Como foram gerados apenas 28 mil postos de trabalho no mês, o principal determinante do aumento do desemprego em abril foi a ampliação da força de trabalho regional.

O nível ocupacional variou 0,4% em abril. Esse resultado foi determinado pelo desempenho positivo - cabe ressaltar que houve pelo menos um setor que cresceu - do setor serviços, que contrabalançou o decréscimo da ocupação dos demais setores. Houve ampliação do assalariamento sem carteira assinada no setor privado e do trabalho autônomo; ou seja, mais trabalhadores no mercado informal constituem outro indício de que houve agravamento para os trabalhadores no mercado formal, os que registram a sua carteira.

O rendimento real médio dos ocupados apresentou pequeno aumento: 0,8% em março, passando a equivaler, em valores monetários, a R$872,00.

Assim, os indicadores são os seguintes:

Em abril de 96, a população economicamente ativa correspondia a 8,443 milhões de pessoas; em março de 97, 8,421 milhões; e em abril de 97, a 8,545 milhões.

Os desempregados: em abril de 96, 1,342 milhão; em março de 97, 1,263 milhão; e em abril de 1997, portanto, no mês passado, 1,359 milhão de pessoas, correspondendo a um número extremamente elevado.

Em abril, 915 mil pessoas estavam desempregadas na classificação aberto; 444 mil na classificação oculto. Assim, a taxa de desemprego, que, em abril de 96, era de 15,9%, passou para 15% em março de 97 e novamente 15,9% em abril de 97.

A taxa de desemprego aberto, que era 11% em abril de 96, passou a 9,9% em março de 97, mas, voltando quase à casa dos 11%, porque registrando 10,7% em abril de 97, sendo a taxa de desemprego oculto de 4,9% em abril de 96, 5,1% em março de 97, e 5,2% em abril de 97.

O Sr. Lauro Campos - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. EDUARDO SUPLICY - Dada a gravidade desses números, antes de conceder o aparte ao Senador Lauro Campos, que inúmeras vezes tem, inclusive, enfatizado o que estou dizendo, vou citar o que diz o boletim da Fundação SEADE em convênio com o DIEESE:

      "Em abril, pelo terceiro mês consecutivo, houve crescimento da taxa de desemprego total, que passou de 15%, em março, para os atuais 15,9%, tendência geralmente observada no período. Estima-se a existência de 1,359 milhão de pessoas desempregadas na Região.

      A taxa de desemprego aberto manteve o movimento ascendente registrado desde fevereiro, crescendo de 9,9% para 10,7% entre março e abril.

      Por atributos pessoais, a taxa de desemprego aumentou para todos os segmentos populacionais. Destaca-se o crescimento mais intenso entre as mulheres (8,3%), as pessoas não consideradas chefes de família (6,5%), os jovens de 18 a 24 anos de idade (6,7%) e aquelas com 40 anos ou mais (12,8%). Para este último segmento etário, a atual taxa de desemprego é a mais elevada, para igual período, desde o início da pesquisa, em 1985".

Quero registrar, Senador Lauro Campos, que o que está aqui registrado em números se caracteriza, também, pelo fenômeno de estarmos saindo, na grande São Paulo, pelas ruas, e vermos o enorme número de pessoas nesta faixa de idade, mais de 40 anos, e também aqui, no Distrito Federal, e em outros lugares do Brasil, queixando-se da dificuldade de encontrar emprego. O número está registrando que, de fato, nunca foi tão grande o desemprego - 12,8% - para pessoas com mais de quarenta anos.

E continua o boletim:

      "A taxa de participação global cresceu de 60,8% para 61,6% entre março e abril, devido à entrada de 124 mil pessoas na População Economicamente Ativa (PEA). Como o volume de postos gerados (28.000) foi insuficiente para incorporar esse incremento, o contingente em desemprego foi acrescido de 96 mil pessoas em abril.

      Em março, a taxa de desemprego total ampliou-se em todas as regiões onde a PED é realizada, mantendo o movimento de elevação iniciado em janeiro. Comparadas àquelas registradas em março de 1996, as atuais taxas mostram-se mais elevadas em Porto Alegre e no Distrito Federal."

Concedo o aparte ao Senador Lauro Campos.

O Sr. Lauro Campos - Nobre Senador Eduardo Suplicy, como escolhemos o Partido dos Trabalhadores para dedicarmos as nossas energias no sentido da transformação da sociedade, as nossas preocupações também convergem justamente para esses problemas que são mais cruciais e atingem muito mais de perto a classe dos trabalhadores, a classe dos pobres e oprimidos do que as classes dominantes, as classes de capitalistas e banqueiros. Nunca vi desemprego entre banqueiros. Capitalista falido é uma espécie de trabalhador desempregado e devia entender que estamos no mesmo barco. Do ponto de vista de V. Exª, o importante é o fato de que não apenas em São Paulo - onde o desemprego atinge a 17,9% - mas, no mundo, há um bilhão de pessoas desempregadas. É a primeira vez na História do mundo que acontece isso. Gostaria de fazer uma breve reflexão, que vem corroborar o ponto de vista de Jeremy Rifkin, em O Fim dos Empregos. Obviamente, o fim do emprego significa o fim do capitalismo, porque não pode haver capitalismo sem emprego, como não pode haver escravidão sem escravo, sem a relação de escravocrata. A meu ver, o capitalismo, ao alcançar o nível tecnológico que já existia na década de 20, demonstrou que é incompatível com o pleno emprego. Entre 1923 e 1929, houve o auge na História do capitalismo, que produziu a sobreacumulação e, de acordo com Keynes, a crise de 1929 resultou justamente desse crescimento. Entre 1923 e 1929, apesar de todo esse investimento, a tecnologia era tão labor saving, era tão expulsora da mão-de-obra que, na Suécia, na Noruega e na Dinamarca, o desemprego andou em torno de 18%; na Inglaterra, a 12%, e apenas nos Estados Unidos a pouco mais de 4%. Quer dizer, mesmo nas fases de altíssimos investimentos, o desemprego já se encontrava, nesses países, próximo de 20%. E ele desapareceu. Na Alemanha, em 1932, o desemprego era de 44%; nos Estados Unidos, era 27%. E foi o desemprego na Alemanha que fez subir Hitler ao poder. Então, durante 50 anos, no auge keynesiano, a guerra quente foi-se transformando em fria; a estrutura permaneceu praticamente a mesma: a produtiva ocupacional, então, o desemprego foi disfarçado. Os desempregados transformaram-se em funcionários públicos, em trabalhadores dos setores relacionados ao governo, tais como o bélico, espacial, de construção de estradas, estádios, na Alemanha de Hitler. Parece-me que o desemprego atual, que registra 50%, no Peru; 17,3% na Argentina e o índice a que V. Exª se referiu no Brasil...

O SR. EDUARDO SUPLICY - Na região metropolitana de São Paulo, 15.9%.

O Sr.Lauro Campos - Em Brasília, está bem superior a esse índice.

O SR. EDUARDO SUPLICY - No Distrito Federal, em março, esse índice chegou a atingir 18%, segundo a pesquisa de emprego e desemprego da Fundação SEADE.

O Sr. Lauro Campos - Quer dizer que a aplicação dos princípios neoliberais, na década de 20, já mostrou esse resultado desagradável. Agora, com a volta do neoliberalismo, verificamos que o Governo, que antes reempregava desde os anos 30 - nos Estados Unidos, 17% da peia é de funcionários públicos -, com esses princípios neoliberais, demitindo funcionários, apelando para novas tecnologias modernas, modernosas, desemprega trabalhadores. Vemos que se esgotaram todos os mecanismos que o Estado tinha de reabsorver a mão-de-obra e o próprio Estado passou a ser desempregador. Desse modo, não há dúvida de que, se pensarmos no multiplicador de desemprego, veremos que, fatalmente, atingiremos 60% de desemprego em escala mundial, porque os freios, as medidas que o contra-arrestam não funcionam. Hoje, estamos com 32% da péia mundial desempregada. É o fenômeno mais importante do século; e é o fenômeno que não encontra resposta. Diante disso, em vez de perguntarem qual é o ponto de equilíbrio da taxa de câmbio, o ponto de equilíbrio da taxa de juros, o ponto de equilíbrio do desemprego, como gostam de fazer os economistas, eles deveriam estar preocupados em saber qual o ponto de explosão do desemprego. Na Alemanha, em 1933, foi de 44%, e isso levou Hitler ao poder e à Segunda Guerra Mundial. Qual é o ponto de explosão? Será 40%? Trinta e dois por cento não é, porque já atingimos essa marca. Será de 50%? Haverá um ponto de explosão no fenômeno desemprego que talvez seja o mais grave e o mais importante deste século. Parece-me que as coisas realmente não reclamam; elas suportam a crise. A ociosidade do equipamento amplia-se mas o homem ainda reage; ele ainda é capaz de reação. Mas haverá um ponto, diante dessa situação que criaram e dessas experiências neoliberais, em que o homem ainda afirmará o seu direito de sobreviver. Muito obrigado.

O SR. EDUARDO SUPLICY - Nobre Senador Lauro Campos, V. Exª faz aqui um alerta extremamente importante, ampliando a preocupação com o desemprego não apenas no Brasil mas em escala mundial.

É fato que houve a expansão da área do mundo aberta para o capitalismo. Entretanto, não se resolveu este problema dramático do desemprego, bem como o problema, também extraordinário, de mais de um bilhão de pessoas, sobretudo nos países do Terceiro Mundo, mas, também, nos países desenvolvidos, que estão desempregadas ou, senão, vivendo em extrema miséria.

O Planeta Terra, a partir de 1917, chegou a assistir a um movimento que caracterizou a passagem de praticamente um terço da humanidade vivendo sob governos que tinham a preocupação com o socialismo ou sob governos de partidos marxistas/leninistas. Depois de 1989, houve uma reversão disso e, hoje, temos Cuba, Coréia do Norte, República Popular da China e poucas áreas mais sob governos que têm outra forma de organização social que não a do capitalismo. Ou seja, em poucos momentos da História do Mundo teve o capitalismo área aberta aos investimentos, sobretudo das grandes corporações inteiramente abertas, e o movimento no sentido de abrir os mercados para tal finalidade continua extremamente forte, sem que, entretanto, se resolva o problema do desemprego que aqui está a se agravar.

Gostaria de continuar o debate, mas, Sr. Presidente, preciso fazer um registro sobre o ofício que estou encaminhando ao Sr. Ministro da Fazenda, Pedro Malan.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Eduardo Suplicy, a Mesa terá toda a tolerância com V. Exª.

O SR. EDUARDO SUPLICY - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Encaminho cópia da correspondência que me foi enviada pelo Sr. Euclydes Ribeiro de Souza, Presidente da Associação dos Investidores da Coroa S/A, que, em nome de 34.250 pequenos investidores, inclusive do Sr. João Machado Paim, reivindica, há 14 anos, sob o risco de verem o seu direito prescrito na forma da lei, o ressarcimento dos valores aplicados no Grupo Coroa S/A, que teve sua falência decretada em 25.01.93, por sentença do MM. Juiz da 6ª Vara de Falências e Concordatas da Comarca do Rio de Janeiro.

De acordo com o Ofício nº 1331/96-Ad, desse mesmo Juízo, "a arrecadação (...) efetuada se mostra insubsistente para o atendimento aos credores"; necessário se faz que as autoridades competentes busquem a satisfação do direito assegurado pelo Estado a mais de trinta mil famílias que sacrificaram parte de seu patrimônio, na qualidade de pequenos poupadores, acreditando na fiscalização do Banco Central sobre as instituições financeiras e as garantias oferecidas pelo Governo.

Isso posto, submeto à apreciação do Ministro Pedro Malan toda a documentação que chegou ao meu Gabinete relacionada ao caso Coroa/Brastel, para que possa S. Exª possa determinar providências no sentido de efetuar o pagamento dos pequenos investidores com os recursos do Fundo Garantidor de Créditos - FGC, criado para esse fim, visando a solução definitiva da questão.

Gostaria, também, Sr. Presidente, de registrar duas respostas a requerimentos que fiz - normalmente, registramos as perguntas e, quando chegam as respostas, nem sempre as registramos. Portanto, faço questão de registrar a resposta do Ministro do Exército General Zenildo Zoroastro de Lucena sobre a operação em Curaçao do Alfa. Perguntei a S. Exª se o Exército estava fazendo operações sobre um potencial inimigo, ou seja, os trabalhadores sem terra. Ele afirmou que os trabalhadores sem terra não são inimigos potenciais; que se tratava apenas de uma simulação de conflito internacional. Considero importante que tal resposta fique registrada, bem como a resposta do Ministro Lélio Viana Lôbo sobre a notícia veiculada na TV Bandeirantes, por ocasião do treinamento militar quando os soldados repetiam a marcha: "Tortura é muito fácil de fazer, pegue o inimigo e maltrate até morrer". O Ministro esclareceu que "foi aberta sindicância em curso e que o episódio em tela constitui fato isolado que caracteriza desvio comportamental e, dentro desse enfoque, vem sendo tratado no âmbito deste Ministério".

Aproveito a oportunidade para solicitar que seja transcrita na íntegra a resposta do Ministro Lélio Lôbo, o que, aliás, o Presidente Antonio Carlos Magalhães havia feito, pois S. Exª, de pronto, antes mesmo do prazo regimental, já havia encaminhado resposta a esta Casa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/1997 - Página 10671