O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, antes de iniciar meu curto pronunciamento, eu queria cumprimentar o Senador José Fogaça pela brilhante análise que fez das eleições francesas.

Não me atrevi, Senador, a aparteá-lo para não interromper a coerência do seu pronunciamento. V. Exª falou sobre a busca na França de um ideário de reformas políticas, que venha da esquerda ou da direita, que venha da centro-esquerda ou da centro-direita, e fez uma analogia disso com o comportamento da centro-esquerda brasileira.

Queria cumprimentá-lo. Terei o cuidado de ler com atenção o discurso de V. Exª, mas - acredite - entusiasmou-me essa análise que V. Exª fez com tanto cuidado, com tanto carinho. E chamo a atenção dos nossos políticos para que leiam nos votos dos eleitores franceses a decisão de substituir a política atual do seu Governo por uma nova experiência, principalmente em função das aflições que passam causadas pelo desemprego.

Queria só salientar que, quando da última visita que fiz à INTERPOL, em Lyon, Jacques Chirac, por causa do alto índice de desemprego, pretendia diminuir a idade daqueles que ingressam no mercado de trabalho. Houve, então, uma reação violentíssima nas ruas daqueles que queriam garantir seus empregos. Presenciei ações violentas, como quebra-quebra e vários episódios de confronto entre a população e a polícia francesa.

Quero cumprimentá-lo. Espero que os nosso políticos consigam entender a linguagem das urnas nas últimas eleições francesas.

Sr. Presidente, queria, com alegria e respeito, na certeza de estar fazendo isso em nome dos nobres pares, saudar Suas Majestades Imperiais do Japão, o Imperador Akihito e a Imperatriz Michiko, ora em visita ao Brasil, pela primeira vez nessa qualidade, a convite do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Se o sol precisa de 24 horas para passar sobre o mesmo ponto da Terra e se compartilhamos as 12 horas do dia e as 12 horas da noite em partes iguais com o Japão, podemos dizer que, juntos, brasileiros e japoneses, possuímos todo o tempo do mundo para sonhar e realizar. É com esse simbolismo que vejo a vinda de Suas Majestades Imperiais ao País, que se enriquece, desde 18 de junho de 1908, com o trabalho, as idéias, os usos e os costumes de 1,5 milhão de cidadãos nipo-brasileiros, pertencentes a cinco gerações herdeiras da sabedoria milenar e da determinação histórica trazidas a estas plagas pelos primeiros 781 imigrantes do vapor "Kasato Maru".

Acolher com entusiasmo Suas Majestades Imperiais constitui um emocionante ato de gratidão a todo o povo que lideram e representam. Assim eu me sinto neste momento e assim devem sentir-se todos os brasileiros. Saudar o Excelentíssimo Casal Imperial significa ainda reverenciar a trajetória de estonteante desenvolvimento de uma nação que, apta a nos propiciar as mais produtivas parcerias, pode ajudar-nos na busca permanente de bem estar, ordem e progresso para o nosso povo.

Reverencio, assim, um país que soube aproveitar, com seriedade e dedicação, todas as possibilidades de soerguimento surgidas após se ver arrasado pelo guerra, até conseguir reiniciar a caminhada pelas próprias pernas e maravilhar todos nós com a tecnologia e a criatividade. É o segundo Produto Nacional Bruto entre as nações, possui uma renda "per capita" de quase U$8 mil, Senador José Fogaça, vinte e quatro dos cinquenta maiores bancos e quinze das cem maiores corporações industriais do mundo. É um samurai da economia universal que, desde 1980, pratica o governo parlamentar e, para felicidade mútua, possui um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação com o Brasil desde 5 de novembro de 1885, portanto, há mais de um século, o que foi comemorado por uma comissão mista Brasil/Japão com muitas festividades.

Bem-vindos, Imperador Akihito e Imperatriz Michiko. Sintam-se no prolongamento do lar de Vossas Altezas no solo americano que acolhe o maior número de japoneses e seus descendentes fora do Japão. Sintam-se em casa e levem essa sensação a seus filhos - os príncipes Naruhito, Akishino e Sayako - e súditos, para que também tenham permanente certeza de que, deste lado do mundo e do tempo, sempre poderão contar com os parceiros e irmãos brasileiros.

Muito obrigado.