Discurso no Senado Federal

OBRIGAÇÃO ETICA DO PT EM DEFENDER A CRIAÇÃO DE UMA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO, PARA APURAR AS DENUNCIAS DO CHAMADO 'ESCANDALO DAS PREFEITURAS'.

Autor
Artur da Tavola (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RJ)
Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • OBRIGAÇÃO ETICA DO PT EM DEFENDER A CRIAÇÃO DE UMA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO, PARA APURAR AS DENUNCIAS DO CHAMADO 'ESCANDALO DAS PREFEITURAS'.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/1997 - Página 10883
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ACUSAÇÃO, FALTA, ETICA, POLITICA, AUSENCIA, ALTERNATIVA, PROPOSTA, PAIS.
  • REFERENCIA, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, ATUAÇÃO, PREFEITURA MUNICIPAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SUGESTÃO, ORADOR, AUSENCIA, INCOERENCIA, ENTIDADE, SOLICITAÇÃO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).

O SR. ARTUR DA TÁVOLA (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a semana política parece haver trazido aquelas advertências que escapam ao domínio da política e contêm a presença do mistério e da divindade a ensinar prudência, temperança e respeito ao próximo:

O PT viu-se vítima do processo de antropofagia política e escandalite por ele detonado no país, na linha de auto-atribuir-se moralidade superior e excludente, maior qualificação ideológica, em suma, "farisaísmo" dos bons...

Passou de denunciante a réu, de galã a vilão, de vestal a suspeito.

Com as denúncias o Partido esperneou a mais não poder, passou dias a explicar e a explicar e seguramente daqui ao fim de seus dias terá que abster-se de parte do tempo de sua pregação para... explicar-se.

Nada mais educativo e amadurecedor do que ver em si o mal infligido aos demais.

Desde que se viu sem condições de oferecer propostas e projetos alternativos o PT destacou-se por pregação na qual se coloca na posição de único ou senão de principal detentor da honradez, da dignidade, do sentido ético da vida e do monopólio do patriotismo...

O mais grave dessa posição é derivar de um sentimento verdadeiro e sincero oriundo da vontade de reformar os costumes políticos brasileiros. Digo grave, porque quando o mal é comandado por pessoas do bem ele é duplamente perverso.

Por que mal? Porque o PT não tem o menor respeito pela honradez alheia, coloca-se na posição de principal representante do moralismo vingador, parte do princípio da suspeita sobre todo e qualquer membro de outro partido, considera-se superior intelectual, moral, ideológica e politicamente.

Por que do bem? Porque seus quadros são efetivamente honrados e idealistas. Sua democratização interna é invejável e seu sentido de corpo partidário advém de uma união constituída por convicções comuns e, não, por interesses menores.

O problema do PT é o de supor possuir o monopólio dessas qualidades e a tendência de negá-las nos demais.

Vai a tal ponto essa convicção que imagina dar uma satisfação cabal à opinião pública ao nomear uma comissão interna de averiguação. Significa dizer: "nós somos tão imaculados e superiores e nos bastamos a tal ponto que é suficiente uma comissão interna composta de homens de bem para esclarecer o assunto. Ao que acrescento eu: "homens de bem eu também garanto que eles são, o que não garanto é serem imparciais..."

A única satisfação à opinião pública adviria de o PT comandar o pedido de uma CPI para esquadrinhar o que está a ser chamado o "escândalo das prefeituras".

Com a mesma argumentação usada, para a questão da compra de votos no processo da reeleição, ou seja, a de que quem não deve não teme, o PT está no dever de pedir para si não uma comissão interna de averiguação mas uma CPI, já que tanto aprecia e enche as mesas do Congresso com pedidos de CPIs...

Pessoalmente e como Senador eu não apoiaria tal CPI. Mas estou à vontade para não apoiar porque considero que se ilude a opinião pública com o brandir a arma de uma CPI de modo desordenado e para tudo.

CPI é remédio indicado para males específicos como, por exemplo, o dos precatórios. E nem é o mais agudo dos processos de apuração embora seja dos mais importantes. É para apurações sérias e não para qualquer evento ou "trampolim" de natureza política, paralisando o país e desmoralizando autoridades naquelas fases dos interrogatórios em que testemunhas são apresentadas como suspeitos, suspeitos como "culpados" e todos julgados e condenados de antemão. Infelizmente é assim que se comporta o noticiário ávido de escândalos. E sou contra porque considero Lula e José Dirceu pessoas da mais alta honradez pessoal. Ficaram atrasados em relação ao mundo contemporâneo, atados aos equívocos da esquerda estatizante. São, porém, pessoas honradas e que não estão na política para se locupletar com vantagens materiais.

Pena que não pensem assim dos demais a quem vivem a denunciar e a intrigar com a opinião pública. Agora, porém, devem estar a amadurecer e com eles os seus correligionários pois sentem o quanto dói a injustiça, a difamação, o jogo inconseqüente com a dignidade alheia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/1997 - Página 10883