Discurso no Senado Federal

TRANSCRIÇÃO NOS ANAIS DO SENADO FEDERAL DE MATERIA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, QUE FAZ MENÇÕES AO FILME DO CINEASTA DJALMA LIMONGI BATISTA FILHO SOBRE A VIDA DO POETA PORTUGUES MANOEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE, CUJA BILHETERIA SERA EM BENEFICIO DAS ORGANIZAÇÕES DE LUTA CONTRA A AIDS.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • TRANSCRIÇÃO NOS ANAIS DO SENADO FEDERAL DE MATERIA PUBLICADA NO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, QUE FAZ MENÇÕES AO FILME DO CINEASTA DJALMA LIMONGI BATISTA FILHO SOBRE A VIDA DO POETA PORTUGUES MANOEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE, CUJA BILHETERIA SERA EM BENEFICIO DAS ORGANIZAÇÕES DE LUTA CONTRA A AIDS.
Aparteantes
Lúcio Alcântara.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/1997 - Página 11134
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, REFERENCIA, FILME NACIONAL, DIVULGAÇÃO, VIDA, MANOEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE, POETA, PAIS ESTRANGEIRO, PORTUGAL.
  • ELOGIO, DJALMA LIMONGI BATISTA FILHO, DIRETOR, CINEMA, DOAÇÃO, LUCRO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), COMBATE, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS).

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL/AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eminentes Senadores, uma das figuras de maior relevo que o Amazonas tem na sua história se chama Djalma Limongi Batista, de saudosa memória. S. Sª, médico, como é o nosso Presidente, alta figura não só na literatura amazonense como brasileira, Presidente do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, produziu tanto, Sr. Presidente, que hoje existe, naquele Estado, com o seu nome, patrocinado pelo INPA, um grande simpósio de pesquisas.

Verifico agora, Sr. Presidente, que um dos seus filhos, conforme registra o Correio Braziliense, que já havia adquirido nome nacional na cinematografia brasileira e no teatro, vem de percorrer Portugal para dar ao mundo um trabalho sério sobre o poeta - aliás um dos maiores portugueses do século XVIII, que foi sem dúvida nenhuma, Manoel Maria Barbosa du Bocage.

      "A turbulenta vida do português Manoel Maria Barbosa du Bocage daria um filme. E deu. Com um detalhe: dirigido por um brasileiro. Bocage - O Triunfo do Amor, de Djalma Limongi Batista, será exibido pela primeira vez em junho, em Fortaleza, no encerramento do 7º Cine Ceará."

Diz o Djalma Batista:

      "O filme é um grande delírio poético."

      Na tela, segundo o Correio Braziliense, o delírio poético é suplantado na vida real pelo road-movie.

Sr. Presidente, veja que tenacidade ele herdava, sem dúvida nenhuma, de seu pai.

      "Para viver a aventura de Bocage - O Triunfo de Amor, iniciada em setembro de 1994, Djalma Limongi Batista e sua trupe viajaram por sete Estados brasileiros e várias regiões de Portugal.

      Tudo começou no Ceará - para onde, aliás, Bocage volta em forma de celulóide para a primeira exibição pública, em junho. O lançamento comercial só deve acontecer em agosto ou setembro."

Djalma demonstra que Bocage, antes de tudo, é uma homenagem à língua portuguesa. Djalma Batista Filho, que é poliglota, fala inglês, francês, italiano. Conhece espanhol e estudou grego e latim, traz, Sr. Presidente, com esse trabalho, a meu ver, um resgate. Ele que já foi diretor de dois grandes longa-metragem, Asa Branca e Brasa Adormecida, resgata o que foi uma grande viagem de Bocage ao Brasil, Macau e Goa, e o seu tumultuado regresso a Portugal, onde acabaria preso.

Todos nós sabemos, estudantes que fomos da literatura portuguesa, que Bocage foi ao lado de Camões e Pessoa, apesar de ter vivido seus últimos anos na pobreza, escrevendo poemas àqueles a quem lhe davam ajuda, que esse resgate se faz, porque Bocage morreu muito moço, aos 40 anos de idade. E o que é interessante, Sr. Presidente, este desenlace ocorreu logo após ele voltar do país que ele aprendera a amar, que chamou o cálido Brasil.

O que é mais notável nesse trabalho de Djalma Limongi Batista, Sr. Presidente? É que ele sonha com o sucesso de bilheteria para distribuir o percentual ao qual ele teria direito para integralmente distribuir a uma ONG ou as várias ONGs que trabalham na prevenção à AIDS. Aí, Sr. Presidente, é que se vê que o resgate da figura de Bocage, num trabalho insano que levou vários anos e, ao cabo e ao fim, declarar que tudo aquilo é em função de uma ou outras organizações que trabalham com a AIDS, revela que o filho é tal qual o pai. Se o pai no passado, grande Djalma Batista, se dedicou à pesquisa e deixou o seu nome, conforme dizia ao começo, com letras de ouro escritas no Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, o seu filho agora faz uma outra incursão em favor da humanidade.

O Sr. Lúcio Alcântara - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL - Ouço V. Exª, Senador Lúcio Alcântara.

O Sr. Lúcio Alcântara - Apenas para trazer a minha voz em apoio ao pronunciamento de V. Exª, porque esse filme vai ser apresentado em pré-estréia na próxima quinta-feira no Ceará, por ocasião do VII Festival de Cinema que está ocorrendo. E eu, procurado pelo Djalma Limongi Batista e por grupos de pessoas que trabalham com ele para elaborar esse filme, tive a satisfação e a oportunidade de ajudá-lo, e também à equipe que realizou o filme, inclusive com o apoio do nosso Embaixador em Lisboa, Jorge Bornhausen. Cerca de 10% do filme é filmado é Portugal. É uma interpretação livre da vida do Bocage. Na verdade, é um filme, e V. Exª leu essa expressão, é um delírio poético. Na verdade, o filme não quer reconstituir a vida do Bocage. É uma interpretação livre, com fotografias belíssimas colhidas em grande parte no Ceará, mas em outros Estados, principalmente no litoral, e é como se fosse uma reconstituição de toda essa viagem de Bocage, que na vida real passou pelo Brasil, esteve no Rio de Janeiro.

O SR. BERNARDO CABRAL - Sem dúvida.

O Sr. Lúcio Alcântara - Também é uma oportunidade para rever esse conceito que muitos têm de Bocage, como o poeta apenas do fescenino, que não dizem realmente a verdade sobre o grande gênio, sobre seu grande talento poético. Então, nesse aparte, eu queria dizer a V.Exª que a pré-estréia do filme será na quinta-feira, realização que certamente está fadada ao sucesso, e que é, de certa forma, a continuação dessa trajetória de vida do professor, do médico Djalma Batista, agora sobre um outro aspecto no seu filho. Como V. Exª acabou de dizer, eu também não conhecia esse talento dele para línguas, essa formação humanística que ele tem, e a destinação que ele dá aos recursos, de uma maneira altamente generosa, altruística e solidária, porque a AIDS é realmente uma moléstia que dizima populações, que dizima pessoas, dizima até reputações, devido aos preconceitos em torno dela. Dessa forma, conseguiu-se realizar o filme e exibi-lo. Esperamos que ele venha a ter o merecido sucesso.

O SR. BERNARDO CABRAL - Sr. Presidente, o eminente Senador Lúcio Alcântara acrescenta mais um dado, a ajuda que o eminente Embaixador Jorge Bornhausen, meu companheiro de Partido, presta a esta Companhia. Devo dizer, até para que se registrem nos Anais, que conheci pessoalmente o Sr. Djalma Batista, amigo de meu pai, assim como a sua esposa, ainda viva, Dona Gilda, filha do patriarca Limongi, que conseguira reunir todos os amigos em torno do nosso chamado "velho Djalma Batista".

Sr. Presidente, só para finalizar, a saga do Djalma Limongi Batista começou há alguns anos, mas, até maio de 1995, a produção parou por falta de dinheiro. As filmagens só foram retomadas em novembro do ano passado, quando Limongi embarcou para Portugal com a idéia de contratar uma equipe portuguesa. "Impossível" - diz ele - "a diferença entre fazer cinema no Brasil e em Portugal é inimaginável. Com o dinheiro que a gente tem no Brasil é inviável montar uma equipe lá. O jeito foi levar minha equipe: 20 pessoas. Só não levei mais porque o dinheiro não deu". E vem o registro do eminente Senador para dizer que, de qualquer maneira, o nosso representante de Portugal lá estava.

Solicito a V. Exª que determine a transcrição dessa matéria no Correio Braziliense, não só pelo que tem de literatura, mas para mostrar a saga de um brasileiro que está doando todo percentual que teria de lucro para uma organização que cuidará das vítimas de AIDS.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/1997 - Página 11134