Discurso no Senado Federal

QUESTIONAMENTO ACERCA DA VINDA DA COMISSÃO DE EMPRESARIOS AO SENADO FEDERAL COM O OBJETIVO DE PRESSIONAR OS SENADORES EM FAVOR DA APROVAÇÃO DE PEDIDOS DE EMPRESTIMOS PARA O ESTADO DO PARANA, SOBRESTADOS NA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS POR FALTA DE COMPARECIMENTO DO GOVERNADOR PARANAENSE AQUELE ORGÃO TECNICO. ESQUEMA DE CORRUPÇÃO DE POLITICOS NO FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS ELEITORAIS.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.:
  • QUESTIONAMENTO ACERCA DA VINDA DA COMISSÃO DE EMPRESARIOS AO SENADO FEDERAL COM O OBJETIVO DE PRESSIONAR OS SENADORES EM FAVOR DA APROVAÇÃO DE PEDIDOS DE EMPRESTIMOS PARA O ESTADO DO PARANA, SOBRESTADOS NA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS POR FALTA DE COMPARECIMENTO DO GOVERNADOR PARANAENSE AQUELE ORGÃO TECNICO. ESQUEMA DE CORRUPÇÃO DE POLITICOS NO FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS ELEITORAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 11/06/1997 - Página 11185
Assunto
Outros > ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, PRESENÇA, SENADO, GRUPO, EMPRESARIO, PROCEDENCIA, ESTADO DO PARANA (PR), EXECUÇÃO, LOBBY, SENADOR, OBTENÇÃO, APROVAÇÃO, AMBITO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, ILEGALIDADE, EMPRESTIMO, DESRESPEITO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EFEITO, FALTA, COMPARECIMENTO, JAIME LERNER, GOVERNADOR, APRESENTAÇÃO, DOCUMENTO, INSTRUÇÃO PROCESSUAL, CONTRATO, GOVERNO ESTADUAL, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA.
  • AUTOMOVEL.

O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB-PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a imprensa do meu Estado, o Paraná, anuncia hoje fartamente que entre hoje e o dia de amanhã teremos aqui, no Congresso, uma comissão de empresários para tentar influenciar, pressionar os Senadores e o Presidente do Congresso Nacional, no sentido de que a Comissão de Assuntos Econômicos aprove alguns financiamentos para o Paraná que estão sobrestados na referida Comissão. E sobrestados por quê? Porque o Governador, embora convidado já por algumas vezes, não compareceu à Comissão e não instruiu o seu processo com documentos indispensáveis. São indispensáveis o balanço de 1996 e os termos integrais dos contratos feitos pelo Paraná com empresas de montagem de automóveis que se estabelecem em nosso Estado, contratos que influenciam de maneira significativa a utilização de recursos públicos e desequilibram o orçamento.

Essa comissão vem em um avião fretado. Portanto, a primeira pergunta que faço é quem estará pagando o frete do avião? E por que faço esta pergunta? Porque a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Títulos, originados em precatórios, chegou a um resultado tão esperado pela opinião pública: o Caixa 2 das campanhas eleitorais.

A famosa IBF do Sr. Ibrahim Borges Filho depositou na conta de uma empresa fantasma, em Curitiba, R$7.600 mil - R$7.300 mil roubados de Santa Catarina e R$341 mil roubados do Estado de Alagoas. Procurei identificar essa empresa, a Asempre, que tinha uma conta no Banco do Brasil do Alto da Rua Quinze. Os seus proprietários não moravam na residência declarada na Junta Comercial e a sede da empresa não existia, era um shopping center de automóveis, onde ninguém jamais havia ouvido falar dessa empresa.

A Comissão de Inquérito determinou a quebra do sigilo bancário da empresa fantasma Asempre.

Recebi, ontem à noite, seiscentos e poucos cheques, miúdos, picados: R$13 mil para um; R$30 mil para outro, R$40 mil para outro; alguns poucos para doleiros tradicionais na conversão clássica do dinheiro roubado em dólar.

Empresas sérias receberam esses cheques como a Companhia Servopa de Automóveis, a mais antiga e tradicional revenda Volkswagen do Paraná; advogados conhecidos, como o Sr. Augusto Prolik, gente que jamais cometeria um ato ilícito, mas que foi remunerada com o dinheiro mal havido.

Eis que então, de repente, não mais que de repente, deparo com dois cheques interessantíssimos, dirigidos à CBPA - Companhia Brasileira de Pesquisa e Análise. A Companhia Brasileira de Pesquisa e Análise, Sr. Senadores, é, a meu ver, a mais eficiente e competente empresa de pesquisa de opinião do País, dirigida por um sueco, Orjan Olsen, experimentado técnico em pesquisas de opinião e gabaritado estatístico, homem sério. Dois cheques, exatamente da empresa Asempre: um de R$14.417,50, Banco do Brasil, Agência Alto da Rua Quinze, Curitiba, cheque nº 554; o outro é o cheque nº 553, R$18.446. Trinta e poucos mil reais no total. Ligo para a CBPA e pergunto ao seu Diretor-Presidente, o honrado Orjan: "Orjan, dois cheques remuneraram a sua empresa e eu quero saber como uma empresa séria como a sua recebeu dois cheques da quadrilha que roubou precatórios em Alagoas e em Santa Catarina". Ele imediatamente me disse: "Requião, eu trabalhei nas campanhas de prefeito de 96, patrocinadas pelo Governo do Estado do Paraná. Lembro-me de ter feito uma pesquisa em Londrina e eu dirigi a minha nota fiscal de cobrança de serviços para a Coligação Nossa Gente, de Londrina, e recebi o numerário através de um depósito que foi feito em Curitiba, para ser creditado em minha conta em São Paulo. Você irá verificar que, embora eu tenha recebido esse cheque para pagamento de meu serviço numa campanha eleitoral, eu nunca soube quem havia me pago, porque esses cheques nominais foram depositados na minha conta em Curitiba, não têm o meu endosso, e creditados em São Paulo". Aconteceu exatamente isso e a CPI dos Precatórios chega ao tão esperado esquema de corrupção de políticos no financiamento de campanhas eleitorais.

São um pouco mais de 600 cheques e pretendo amanhã solicitar à Receita Federal e à Polícia Federal que rastreiem e investiguem um a um para ver quantos têm o destino da campanha eleitoral no Paraná e Santa Catarina, em 1996.

Sr. Presidente, esse grupo de empresários ligados ao Governo do meu Estado; Mário Celso Petraglia, do escândalo do futebol, financiadores do Governo Jaime Lerner e de campanhas eleitorais, vem amanhã ao Senado da República não para trazer as informações exigidas pela CAE, mas para, segundo declarações deles à imprensa, pressionar os Senadores para que esqueçam a legalidade e aprovem empréstimos sem base constitucional, que seguramente terão uma boa parcela a parar em contas como Asempre e a financiar campanhas eleitorais.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/1997 - Página 11185