Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AO IV CENTENARIO DO FALECIMENTO DO BEATO PADRE JOSE DE ANCHIETA.

Autor
Ronaldo Cunha Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ronaldo José da Cunha Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AO IV CENTENARIO DO FALECIMENTO DO BEATO PADRE JOSE DE ANCHIETA.
Publicação
Publicação no DSF de 11/06/1997 - Página 11165
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, MORTE, VULTO HISTORICO, JOSE DE ANCHIETA, SACERDOTE, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, HISTORIA, BRASIL.

O SR. RONALDO CUNHA LIMA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu poderia resumir, em um aparte ao nobre Senador José Ignácio, a manifestação da minha solidariedade às homenagens que esta Casa presta ao Padre José de Anchieta, ao ensejo dos 400 anos do seu passamento. Mas preferi ocupar esta tribuna, mesmo por poucos instantes -e é bom que assim o faça-, para me somar à homenagem que o Senado Federal presta, neste instante, reservando para esse fim parte da sua sessão de hoje, o Horário do Expediente, a esse nome que se incorpora à História do Brasil.

Inicio tomando por empréstimo o que disse há poucos instantes o Senador Elcio Alvares, se não me engano, em aparte ao orador que ocupava a tribuna: Padre José de Anchieta é uma figura extraordinária, que, quatrocentos anos após a sua morte, ainda é reverenciado com a intensidade com que hoje se faz no Brasil inteiro, pela sua história, pelos seus gestos, pela sua própria santidade, a merecer as atenções do mundo inteiro.

O brilhante discurso do orador oficial desta tarde, o eminente e talentoso Senador José Ignácio Ferreira, nos enfoques que deu à vida, à personalidade e à história própria de José Anchieta, esgotando toda a matéria sobre o ilustre Sacerdote, certamente não comportaria este acréscimo ou qualquer consideração a mais. Por isso, peço desculpas ao Senador José Ignácio Ferreira, ao mesmo tempo em que o saúdo, o felicito e o parabenizo pelo belo discurso que acabou de proferir, em que relata a respeito das facetas e aspectos vários da vida do Padre José de Anchieta. Eu também apresento, de modo pessoal, o testemunho da minha admiração pelo herói, pelo santo, pelo mestre e pelo poeta.

Se não me engano, foi Guilherme de Almeida, extraordinário poeta paulista, que, ao dedicar a Padre José de Anchieta um soneto, salientava estas quatro condições, estas quatro virtudes do emérito pastor: santo, se não me engano, pela cruz que cravou na selva escura; herói, pelo que fez em favor da nossa aldeia; mestre, pelas lições de doutrina pura; poeta, pelos versos que deixou na areia. Assim como Guilherme de Almeida descobriu em José de Anchieta, no sentimento que emana de sua própria poesia, o santo, o herói, o mestre e o poeta, a sua história seria também um pouco a própria história do Brasil e da Companhia de Jesus nesta terra.

Houve quem dissesse, se não me engano Rocha Pombo, em prefácio ao livro sobre Anchieta, de Celso Vieira, que, não fora a Companhia de Jesus, talvez o Brasil não tivesse existido.

Exagero à parte, temos que reconhecer o trabalho de missionário daqueles que aqui aportaram não apenas para a catequese, não apenas para as descobertas, não apenas para os gestos solidários, não apenas para os gestos de coragem, não apenas para os gestos de santificação, mas, acima de tudo, para a construção global na visão de um mundo novo, há 400 anos, como que apontando para a história, no descortinar de horizontes, no abrir de perspectivas, no alargar de estradas, a criação de sentimentos novos na alma de cada um, no espírito do povo inteiro.

A Companhia de Jesus, sobre a qual falou tão bem o Senador José Ignácio e cuja história se vincula praticamente a todos os Estados do Brasil, e não se resume ao Espírito Santo, tão bem saudado aqui pelos eminentes Senadores que representam esse Estado, mas a começar da pequenina e heróica Paraíba, do que foi feito em Mamanguape, do que foi feito após a instalação da província dos padres que ali chegaram como missionários para fazer catequese, mas também com a vocação e a decisão das descobertas.

Por isso, meu eminente Senador José Ignácio Ferreira, ao associar-me às homenagens que V. Exª, com tanto brilho, com tanta inteligência e cultura tanta, trouxe nesta tarde, enriquecendo a história intelectual do Senado, digo sobre Anchieta o que disse D. Aquino Corrêa, numa quadra que traduz com fidelidade um pouco da sua história:

"Aqui tu vieste e aqui tu morreste.

Tu és o Brasil. Brasileiro tu és.

Agora tu vives na Pátria celeste.

Mas neste Brasil caminharam teus pés".

Eu concluiria, Sr. Presidente, invocando os quatro pontos citados por Guilherme de Almeida:

"Do Santo, do herói, mestre e poeta

pela glória que deste a esta terra e à sua história,

pela dor que sofremos sempre sós,

pelo bem que fizeste a este povo

novo batismo deste Mundo Novo,

Padre José de Anchieta, orai por nós!"


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/1997 - Página 11165