Discurso no Senado Federal

INTERPELANDO O SR. PEDRO MALAN, MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA SOBRE A ESTRATEGIA DO GOVERNO PARA A CONTINUIDADE DO PROCESSO DE ESTABILIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA.

Autor
Jefferson Peres (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • INTERPELANDO O SR. PEDRO MALAN, MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA SOBRE A ESTRATEGIA DO GOVERNO PARA A CONTINUIDADE DO PROCESSO DE ESTABILIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/1997 - Página 11255
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • INTERPELAÇÃO, PEDRO MALAN, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), PROVIDENCIA, GOVERNO, GARANTIA, EFICIENCIA, PLANO, REAL, CONSOLIDAÇÃO, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PSDB-AM. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Ministro, não tenho dúvidas a respeito da Operação Bamerindus; as que eu tinha foram esclarecidas pelo documento encaminhado, em abril, à Comissão de Assuntos Econômicos, complementadas pelas respostas que V. Exª deu, há pouco, ao Senador Eduardo Suplicy. Mas seria frustrante para mim não aproveitar a presença de V. Exª, neste plenário, para levantar uma questão que me inquieta muito, a respeito da política macroeconômica do País.

Entretanto, V. Exª foi convocado para debater um assunto específico e tem todo o direito de, não querendo, não ampliar a discussão para outro tema. De forma que o deixo muito à vontade para decidir se posso ou não formular minha pergunta.

O SR. JEFFERSON PÉRES - Muito obrigado pela sua atenção.

Sr. Ministro, a brilhante operação que foi a formulação e implementação do Plano Real está ameaçada, a prazo médio, senão curto, porque depende da correção de dois graves desequilíbrios que vive o País, como V. Exª bem sabe: o desequilíbrio do setor externo, com o déficit muito grande nas operações correntes, e com o desequilíbrio fiscal.

O País parece estar preso em uma armadilha, Sr. Ministro, pois a taxa de juros não pode ser reduzida substancialmente mais do que já foi, porque criaria um problema muito sério de colocação - e estou dizendo o que V. Exª já sabe, evidentemente não estou querendo lhe dar lições. A rolagem da dívida interna impediria a colocação e a atração de recursos externos indispensáveis à cobertura do rombo na balança comercial.

Sr. Ministro, admitindo que a situação permaneça ceteris paribus, ou seja, no melhor dos mundos lá fora, que não haja uma deterioração da situação mundial, que continue a economia dos países ricos em crescimento, que a taxa básica de juros seja mantida pelo FED no nível atual - e será ótimo -, ainda assim, Sr. Ministro, há problemas internos muito grandes à vista. O problema do déficit fiscal - como V. Exª sabe -, está difícil de ser corrigido, porque - e eu vejo perigos iminentes - o Governo está tendo que fazer concessões, infelizmente, em torno do Fundo de Estabilização Fiscal - fez uma agora no município que vai reduzir em mais de um bilhão o FEF -, a CPMF vai terminar no fim do ano, não sei se será prorrogada, a redução da taxa de juros não pode ser feita, pelos motivos já explicados, ou, pelo menos, não substancialmente, e tudo isso põe em risco sério o Plano Real.

Sr. Ministro, não lhe peço um estudo de futurologia, até porque a experiência nos diz que todos os profetas quebram a cara em economia, porque os imponderáveis existem. Não lhe peço, portanto, uma profecia, nem V. Exª faria. A pergunta é a seguinte: o Governo tem, realmente, uma estratégia para enfrentar essa situação? Ou seja, o País não pode conviver, por mais de um ano, com esses dois graves desequilíbrios; com um poderia, com os dois, certamente, não poderá, porque explode o Plano Real. O Governo tem uma estratégia para enfrentar essa situação, Sr. Ministro?


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/1997 - Página 11255