Discurso no Senado Federal

HOMENAGEIA OS 175 ANOS DA MAÇONARIA NO BRASIL.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEIA OS 175 ANOS DA MAÇONARIA NO BRASIL.
Aparteantes
Elcio Alvares, Emília Fernandes, Epitácio Cafeteira, Esperidião Amin, José Bianco, José Sarney, Levy Dias, Mauro Miranda, Nabor Júnior, Ney Suassuna, Ramez Tebet.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/1997 - Página 11321
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, PRESENÇA, GALERIA, PLENARIO, SENADO, AUTORIDADE, MAÇONARIA, BRASIL, INFORMAÇÃO, REALIZAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), CONGRESSO BRASILEIRO, ENTIDADE.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MAÇONARIA, BRASIL, REGISTRO, ATUAÇÃO, HISTORIA, PAIS, ELOGIO, COLABORAÇÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, de hoje a domingo próximo, acontecerá em Brasília o Congresso Comemorativo dos 175 anos de fundação do Grande Oriente do Brasil, mais conhecido como Maçonaria.

O Grande Oriente do Brasil, cujos dirigentes maiores em todo o País e de países da América Latina e Portugal encontram-se neste momento no plenário e nas galerias do Senado Federal, é a maior potência maçônica da América Latina, com mais de 80 mil filiados.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, repito que as maiores autoridades maçônicas de Brasília, do Brasil, de todas as grandes cidades brasileiras, de todos os Estados brasileiros, dos países amigos, estão presentes neste Congresso e nesta sessão.

Poucos brasileiros sabem que a Maçonaria brasileira foi fundada em 17 de junho de 1822. E é importante ressaltar que, num país jovem como o nosso, um país que ainda hoje não cultua, como deveria, a sua história, celebramos aqui o aniversário de 175 anos de uma instituição, de um segmento organizado da sociedade brasileira que, durante esse período, teve participação ativa no processo de independência, sobretudo por intermédio de José Bonifácio, um de seus fundadores. A partir daí, influiu decisivamente em todos os acontecimentos históricos importantes do nosso País, como, por exemplo, na Inconfidência Mineira, não só através de Tiradentes, que era maçom, mas no próprio espírito do movimento. Esteve presente também na Lei do Ventre Livre, na Abolição da Escravatura e, depois, de forma ainda mais ativa, na Proclamação da República.

A Maçonaria brasileira, o Grande Oriente do Brasil, distingue-se, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não só pela atuação histórica e pelas personalidades que marcaram esses 175 anos de trajetória, mas por ter igualmente papel social relevante em todas as comunidades onde está organizada - e isso quer dizer praticamente todo o território nacional.

Neste ponto é preciso de todos nós uma reflexão: chegamos ao final do século conscientes de que o aparelho de Estado, o que se convencionou chamar de Governo, nos seus três níveis - federal, estadual e municipal -, revela-se absolutamente incapaz de cumprir todas as missões que a sociedade espera dele. Em uma sociedade como a nossa, extremamente desigual, que sofre ainda conseqüências graves de diferenças entre as classes sociais, é importante, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a constatação de que um segmento organizado da sociedade como este trabalha há 175 anos - na maioria das vezes silenciosamente, mas sempre - para diminuir as nossas desigualdades.

Digo mais, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, onde existe uma loja maçônica - e sou testemunha disso no Distrito Federal - dali nasce um agrupamento organizado de pessoas e de ações, que montam creches, que fazem campanhas para diminuir as desigualdades sociais, que recuperam pessoas, que trabalham ativamente para diminuir as diferenças entre as classes sociais.

E o que dizer a eles, neste momento, que há 175 anos passam, de geração a geração, as tradições de disciplina, de ordem, de amor à Pátria e, principalmente, de determinação de trabalhar pelo País? O mínimo que podemos fazer, em nome do Congresso Nacional, em nome especificamente desta Casa, o Senado Federal, é dizer que a sociedade brasileira sabe da importância desse trabalho e tem pela Maçonaria muito respeito.

Nos últimos anos, Sr. Presidente, o Grande Oriente do Brasil engajou-se na campanha do desarmamento e criou o Plano Nacional de Erradicação do Analfabetismo. Aí, mais uma vez, quero dar o testemunho de que é impressionante o trabalho que a Maçonaria brasileira tem feito para erradicar de vez essa que é, ainda hoje, uma das nossas vergonhas: o analfabetismo. Trabalhando muitas vezes nos canteiros de obras, levando cidadãos, trabalhadores, para as suas lojas, enfim, fazendo cursos, indo atrás das pessoas nas periferias das grandes cidades, mas sempre com o objetivo de alfabetizá-las.

O Grande Oriente do Brasil também estabeleceu o Plano de Previdência e Assistência, com ramificações em praticamente todos os Municípios do País. Está aí mais um momento em que a Maçonaria larga na frente, instituindo a sua previdência privada e demonstrando ao País que é preciso que os esforços de complementação da aposentadoria, para que ela seja digna, têm que nascer dos segmentos organizados da sociedade brasileira.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, o Grande Oriente - e isto é conhecido pela sociedade - criou o Plano de Assistência Nacional aos Carentes e, logo depois, passou a participar ativamente da Campanha de Combate à Fome e à Miséria.

É triste constatar que hoje, dia 12 de junho de 1997, 16 milhões de brasileiros não almoçaram. É triste constatar que num País como o nosso, de riquezas potenciais incomensuráveis, de solo fértil e água abundante, de clima fantástico, as desigualdades econômicas e sociais são ainda tão graves que 16 milhões de pessoas estão abaixo da linha da miséria.

O apoio da Maçonaria do Brasil à Campanha de Combate à Fome e à Miséria tem sido decisivo para, pelo menos, minorar o sofrimento de milhares e milhares de famílias de brasileiros.

Por último, Sr. Presidente, Srs. Senadores, e esta é uma constatação que sublinho, a Maçonaria fundou a Fraternidade de Apoio à Área de Queimados e o Banco de Olhos de Brasília. Ora, só aqueles cidadãos que têm deficiência visual, ou que têm, no âmbito da sua família, um deficiente visual, uma pessoa que não enxerga é que sabem dar importância a essa iniciativa da Loja Maçônica do Grande Oriente do Brasil. É impressionante a alegria, o sentimento de felicidade, o renascimento de um cidadão quando ele, atendido por esse banco de olhos, consegue, através de um processo cirúrgico, voltar a enxergar.

Se todos os segmentos organizados da sociedade brasileira seguissem não somente o exemplo de boa vontade, mas, principalmente, o exemplo de organização - não basta ter boa vontade, é preciso ter organização, disciplina, é preciso ter método para que esses objetivos sejam cumpridos -, se todos os segmentos organizados da sociedade brasileira, eu repito, tivessem iniciativas como essa, posso afirmar que a sociedade brasileira seria hoje mais fraterna e menos desigual.

Há um número, Sr. Presidente, que dá bem a dimensão desse trabalho social. A Maçonaria mantém, hoje, mais de 850 creches em todo o território nacional. Mantém abrigos, orfanatos, asilos e, inclusive, hospitais em pleno funcionamento.

Desta tribuna, Sr. Presidente, em nome desta Casa, cito esses dados para que a sociedade brasileira, através dos meios de divulgação oficiais e de todos os outros meios de divulgação, tome conhecimento deles e aumente o seu grau de respeito por essa instituição, que, onde está plantada, tem a única preocupação de cultuar os valores da Pátria, de multiplicar princípios de organização social e de fazer o bem sem olhar a quem.

Neste momento o Grande Oriente do Brasil reúne em Brasília representantes de todas as suas lojas - Brasília está recebendo, Sr. Presidente, orgulhosamente, praticamente dez mil pessoas neste final de semana -, vindos de todas as capitais brasileiras, sem nenhuma exceção, vindos de praticamente todos os mais de cinco mil municípios brasileiros, vindos de todas as regiões do País, da maior à menor cidade brasileira, do campo e das regiões urbanas, pessoas de todas as classes sociais - e isso é importante que se afirme -, empresários, trabalhadores, profissionais liberais. É, portanto, uma instituição múltipla; é portanto, Sr. Presidente, Srs. Senadores, uma instituição que agrupa e organiza brasileiros de todas as raças, de todos os credos, de todas as classes sociais, das mais diversas formações profissionais; que reúne brasileiros de todas as regiões do País, para, juntos, dentro de um mesmo espírito, cultuando os mesmos princípios, trabalhar ativamente pela melhoria do perfil da nossa sociedade.

No momento em que o Grande Oriente do Brasil reúne em Brasília 10 mil pessoas, representantes de todas as suas lojas, quero saudá-lo na pessoa do seu Grão-Mestre Geral, o Desembargador Francisco Murilo Pinto, e, ao saudá-lo, quero que este abraço fraterno, respeitoso e de agradecimento seja o abraço desta Casa em todos os que estão em Brasília, em todos os maçons deste País.

Mas, Sr. Presidente, não estou saudando apenas aqueles 10 mil congressistas que, representando as suas lojas, estão aqui neste final de semana. Quero que este abraço esteja presente em cada cidade brasileira, em cada loja maçônica, em cada rincão deste País onde o Grande Oriente do Brasil está presente, através do seu trabalho, do culto que tem à sua própria História e à História do nosso País. Que todos esses cidadãos brasileiros recebam, desta Casa, o nosso respeito, a nossa admiração e, principalmente, os votos de que continuem trabalhando para que este País possa ter uma sociedade mais fraterna e possa, cada vez mais, cultuar os verdadeiros valores da Pátria.

O Sr. Esperidião Amin - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Concedo o aparte ao Senador Esperidião Amin.

O Sr. Esperidião Amin - Nobre Senador José Roberto Arruda, eu gostaria de deixar consignada, sob a forma de aparte que ofereço ao discurso de V. Exª, em primeiro lugar, a minha satisfação pessoal porque, tendo sido um dos subscritores dos requerimentos que, devidamente aprovados pela Mesa, ensejaram que se realizasse esta homenagem aos 175 anos da Maçonaria no Brasil, faço questão de assinalar que V. Exª se desincumbe ou está a se desincumbir com brilhantismo e com propriedade da missão que lhe foi outorgada. O pronunciamento de V. Exª salienta os aspectos de serviço, manifestação direta do espírito público da instituição maçônica ao longo da História do Brasil. Finalmente, neste aparte, desejo assinalar que o papel de todas as instituições, tanto no campo filosófico, no campo religioso ou no campo do debate das idéias, num País essencialmente pluralista como o nosso, há de se desenvolver sempre dentro daquele espírito de tolerância, que é a grande marca da sociedade brasileira. Dentre todos os patrimônios que a gente brasileira soube amealhar ao longo da nossa História, a capacidade de convivência, a capacidade de compreensão que todas as instituições do Brasil têm desenvolvido - e a Maçonaria é uma delas - são indispensáveis para que a paz social se construa a partir de cada indivíduo, que deve, por si próprio, se converter sempre num ente útil não apenas ao seu projeto pessoal, familiar, mas, acima de tudo, ao projeto da coletividade. Por isso, quero especialmente me congratular pelas colocações que V. Exª fez quanto ao serviço público, decorrência, como já disse, do espírito público da instituição maçônica, dos seus integrantes, que todos nós, nesta cerimônia, queremos enaltecer e estimular para o bem não apenas da Maçonaria, mas especialmente para o bem da sociedade brasileira. Minhas congratulações pelo pronunciamento de V. Exª.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado, Senador Esperidião Amin. Acolho o aparte de V. Exª com muita satisfação, até porque V. Exª preenche uma lacuna que deixei no meu pronunciamento. Realmente, é a Maçonaria do Brasil uma Casa que pensa. O Grande Oriente do Brasil tem-se relevado um fórum de debates importantes sobre os grandes problemas da nacionalidade. Já tive oportunidade, por algumas vezes, de participar de encontros, de debates, de palestras, de seminários e sei o tanto que é importante a reunião de cidadãos que têm responsabilidades sobre os destinos do País, discutindo, debatendo idéias muitas vezes até conflitantes, mas sempre com o objetivo de buscar convergências que possam construir, repito, uma sociedade mais justa.

O Sr. José Bianco - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Concedo, com muito prazer, um aparte ao Senador José Bianco.

O Sr. José Bianco - Senador José Roberto Arruda, quero juntar-me a V. Exª nessa singela homenagem que o Senado presta à Maçonaria, quando completa 175 anos de atuação no nosso País. Certamente muito singela a homenagem que prestamos em relação ao grande trabalho que essa instituição vem realizando no País nesses quase dois séculos. De qualquer sorte, quis o Senado reconhecer a importância, reconhecer os inestimáveis serviços que essa instituição já prestou e vem prestando ao País. V. Exª bem lembrou os muitos campos de atuação da instituição Maçonaria no País, mas certamente o mais importante deles foi e tem sido a sua intransigente e determinada luta pela democracia e pela liberdade. Em razão disso, associo-me a V. Exª para cumprimentar todos os maçons de nosso País. É certamente um incentivo pequeno, humilde, mas não poderia deixar de desejar que, como instituição, prossiga nesse trabalho da maior importância para o nosso Brasil.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Senador José Bianco, acolho o aparte de V. Exª com muita satisfação. V. Exª sublinha um aspecto realmente fundamental dos princípios maçônicos: a luta pela liberdade e pela democracia.

O Sr. Epitacio Cafeteira - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Epitacio Cafeteira - Senador José Roberto Arruda, falo não apenas em meu nome, mas em nome da Liderança do Partido Progressista Brasileiro para, somando as minhas palavras às de V. Exª, dizer da nossa alegria na hora em que a Maçonaria festeja 175 anos de existência. Através dos maçons que aqui estão a nos ouvir, mandamos uma mensagem aos que aqui não vieram, no sentido de que também estamos louvando o trabalho que vem sendo realizado pela Maçonaria do Brasil. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado, Senador Epitacio Cafeteira.

O Sr. Ramez Tebet - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Concedo um aparte ao Senador Ramez Tebet.

O Sr. Ramez Tebet - Senador José Roberto Arruda, V. Exª, nesta tribuna, interpreta os sentimentos do Senado. Mas é muito natural que cada um de nós, diante da grandeza, da efeméride que comemoramos, queira também participar do pronunciamento que V. Exª faz, porque, dessa forma, participamos efetivamente da comemoração que esta Casa presta à mais antiga instituição universal. Queria juntar a minha voz à de V. Exª, é claro, até porque, Senador José Roberto Arruda, sou um daqueles que há mais de 30 anos conhece bem essa sagrada instituição, que adotou os princípios da Revolução Francesa, que tanto tem lutado pela igualdade, pela liberdade e pela fraternidade. Liberdade em todos os sentidos: liberdade de religião e liberdade política, principalmente. É uma instituição que não sabe conviver com o regime da força, com o regime da ditadura; é uma instituição que preserva e luta pela igualdade entre os seres humanos; é uma instituição que procura preservar os sagrados princípios que devem unir e que devem ser basilares em todas as nossas famílias. É uma instituição de fraternidade, de solidariedade, que tem prestado esses relevantes serviços públicos que V. Exª, em seu pronunciamento, tem assinalado. Portanto, nesta oportunidade, sem maiores delongas, quero também dizer do meu contentamento, do contentamento de Mato Grosso do Sul, dos três Senadores do nosso Estado. Unimo-nos a esta comemoração que a nossa Casa, o Senado da República, em tão boa hora presta à Maçonaria do Brasil, por intermédio do Grande Oriente do Brasil. Era o que eu tinha a dizer e a acrescentar ao pronunciamento de V. Exª.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Agradeço a V. Exª pelo aparte que contribui com este pronunciamento.

O Sr. José Sarney - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Concedo um aparte ao Senador José Sarney.

O Sr. José Sarney - Senador José Roberto Arruda, quero associar-me às homenagens que são prestadas nesta tarde pelos 175 anos da existência da Maçonaria. Quero também recordar um fato que não pode ser esquecido nesta sessão: à Maçonaria devemos, em grande parte, as articulações e a construção da independência do Brasil. Ela participou ativamente nesse episódio, que é um dos fundamentos da nossa Nação, e se mantém firme até hoje na defesa das grandes causas nacionais. É muito justa a homenagem que se presta a essa entidade.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Agradeço ao Senador José Sarney pelo aparte, não só pelo que S. Exª representa como Senador, mas principalmente por ser ex-Presidente da República, ex-Presidente do Congresso Nacional e também por saber avaliar, como poucos, com a sua grande experiência política, a importância de uma Instituição como essa para o nosso País.

O Sr. Mauro Miranda - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Mauro Miranda - Senador José Roberto Arruda, em meu nome, no do Senador Onofre Quinan e também em nome do Senador Otoniel Machado, os três representantes de Goiás, venho comemorar, com júbilo, os 175 anos da Maçonaria no Brasil. Goiás, de modo particular, realizou um trabalho conjunto e tem um entrosamento com a Maçonaria em todos os níveis. Associamo-nos, pois, nesta hora e, com certeza, todo o povo de Goiás, para prestar homenagem a essa entidade tão importante, que tem posicionamentos definidos inclusive em relação à redemocratização do País. Sendo assim, mais uma vez, manifesto a minha satisfação de estar endossando as palavras que V. Exª já pronunciou. Quero dizer que o povo de Goiás subscreve-as no todo.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado, Senador Mauro Miranda.

O Sr. Nabor Júnior - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Nabor Júnior - Senador José Roberto Arruda, no exercício eventual da Liderança do PMDB no Senado Federal, na ausência do nosso Líder, Senador Jader Barbalho, expresso, em nome da Bancada do PMDB nesta Casa, as nossas congratulações pelo transcurso dos 175 anos de existência da Maçonaria no Brasil. V. Exª, por meio de seu pronunciamento, tem realçado a importância da Maçonaria em todos os acontecimentos políticos e sociais da nossa Pátria nos últimos dois séculos. Como disse aqui o Senador José Sarney, a Maçonaria desempenhou um papel preponderante no processo de Independência do Brasil. Lembro que na Proclamação da República a Maçonaria também esteve presente. Mais recentemente, na transição do regime autoritário para o regime democrático, a Maçonaria esteve atuante, pronunciou-se várias vezes, publicou vários manifestos para que o Brasil voltasse ao eixo democrático em torno do qual hoje nos orientamos. Por isso, quero somar as minhas palavras às palavras de V. Exª para ressaltar a importância dessa entidade na vida político-social do nosso País. Muito obrigado.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado, Senador Nabor Júnior.

O Sr. Ney Suassuna - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Concedo aparte ao Senador Ney Suassuna.

O Sr. Ney Suassuna - Senador José Roberto Arruda, solidarizo-me, em meu próprio nome e em nome da Bancada da Paraíba - composta pelos Senadores Humberto Lucena e Ronaldo Cunha Lima -, com essas festividades dos 175 anos da Maçonaria no Brasil, dando o meu testemunho de tudo o que a Maçonaria tem feito no plano social, no plano das idéias. Tenho visto no nosso Estado o que tem sido feito nesse sentido pela Maçonaria. Minhas congratulações a V. Exª pela saudação a uma Instituição que completa 175 anos e que está tão sólida na nossa história como está o sentido de liberdade e independência na cabeça de cada um de nós. Obrigado.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Acolho com muito prazer o aparte de V. Exª, Senador Ney Suassuna. Confesso de público que, quando coloquei a minha assinatura no requerimento para que houvesse esta sessão de homenagem, movia-me, em primeiro lugar, um certo sentimento de gratidão por aquilo que o Grande Oriente do Brasil, especificamente aqui na Capital do País, tem feito no sentido de nos ajudar em relação ao futuro de Brasília, aos grandes problemas brasileiros e, principalmente, pela forma sempre ativa com que o Grande Oriente sempre se coloca nos momentos mais difíceis na busca conjunta de soluções. Esse sentimento de gratidão me levou a fazer, junto com outros Senadores, esse requerimento.

Mas a grande realidade é que a Maçonaria no Brasil tem uma presença tão marcante, como foi ressaltado aqui pelo Senador José Sarney e por tantos outros Senadores, na história deste País, que valia a pena até nos perguntarmos: quantas instituições brasileiras têm 175 anos? A grande realidade é que, num País como o nosso, uma instituição que consegue completar 175 anos e, mais do que isso, aos 175 anos deixar claro ao País que tem mais futuro que passado, é absolutamente incomum. E é preciso que isso seja aqui registrado.

O Sr. Elcio Alvares - Permite V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Elcio Alvares - Senador José Roberto Arruda, a homenagem que está sendo prestada hoje, aqui no plenário do Senado da República, precisa ser realçada com toda a intensidade, como, de fato, está acontecendo, porque a Maçonaria brasileira merece de nossa parte todo o respeito e toda a admiração possível. Quero dizer a V. Exª, remontando ao episódio que marcou a minha vida pública, que, nos idos de 1979, quando o Espírito Santo teve oportunidade de viver uma das maiores tragédias climatéricas, uma enchente que inundou praticamente todo o Espírito Santo, todos os maçons do Espírito Santo se solidarizaram com o Governo numa campanha de fraternidade, numa campanha de compreensão humana em relação ao problema que nos assistia, dando ao Governador da época todo o apoio necessário. Os maçons foram incansáveis na luta de 1979, para que os menos favorecidos tivessem de parte dessa entidade, que respeito, toda a solidariedade necessária. E quero fazer um registro que me toca no sentimento. Meu pai faleceu há pouco tempo com 95 anos de idade. E um dos maiores orgulhos que meu pai tinha era ser grau 33 na Maçonaria. Meu pai, profundamente lúcido, sempre me dizia isso - e papai, que era um homem profundamente correto nos seus atos, na sua atitude de homem modesto, mecânico que era: "Meu filho, o maçom só pode passar bons exemplos para o seu filho". E me cobrava até muitos posicionamentos. Inclusive agora, que estamos na iminência da votação da reforma da Previdência Social, ele me dizia: "Olha a questão dos aposentados, meu filho!". Essa imagem ficou em minha lembrança, a imagem do maçom puro, que foi meu pai, que neste momento relembro. Digo a V. Exª que as minhas palavras, singelas palavras que não representam por inteiro o meu apreço e a minha admiração à Maçonaria é também a homenagem da Bancada do Espírito Santo, representada por mim, por Gerson Camata e José Ignácio Ferreira.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - O Senador Elcio Alvares traz aqui o lado da emoção, sem a qual essa homenagem não poderia terminar. Sou testemunha, não só da liderança que o Senador Elcio Alvares exerce sempre com companheirismo e amizade nesta Casa, mas principalmente do amor que S. Exª sempre dedicou à figura do seu pai.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, era comovedor ver o Senador Elcio Alvares, nas manhãs de sexta-feira, correndo para o aeroporto e dizendo a todos nós que, naquele dia, iria almoçar em Vitória, com o seu pai. Nós, que conhecemos essa sua admiração, sabemos que S. Exª trouxe a essa homenagem o lado da emoção, parte importante daqueles que convivem no Grande Oriente do Brasil.

Finalmente, quero dizer que essa homenagem se realiza em função de um requerimento subscrito pelos Senadores Esperidião Amin, Valmir Campelo, Ronaldo Cunha Lima, Ernandes Amorim, Ramez Tebet, Beni Veras, Elcio Alvares e eu próprio. Gostaria de dizer que essa homenagem não estaria sendo realizada não fosse o acolhimento da Mesa Diretora desta Casa e mais especificamente do Presidente do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães.

A Srª Emilia Fernandes - V. Exª me concede um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Com prazer, ouço V. Exª.

A Srª Emilia Fernandes - Serei breve. As palavras de V. Exª já ilustraram de forma significativa o momento e a homenagem que o Senado Federal presta à Maçonaria em geral, abrilhantada, sem dúvida, pela presença maciça de senhoras e senhores representantes dos diferentes recantos deste País. Gostaria, neste aparte que V. Exª me concede, em nome do PTB - aqui representado no Senado Federal pelo ilustre Senador Valmir Campelo, do Distrito Federal, signatário da solicitação desta homenagem e Líder do PTB, pela Senadora Regina Assumpção, de Minas Gerais, pelo Senador Andrade Vieira, do Paraná, Presidente Nacional do PTB, e por esta Senadora, Emilia Fernandes, do Rio Grande do Sul -, de me associar à homenagem justa que está sendo prestada hoje através de V. Exª.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado, Senadora Emilia Fernandes.

O Sr. Levy Dias - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Se o Presidente me permite, concedo o aparte ao Senador Levy Dias.

O Sr. Levy Dias - Não poderia eu, Senador José Roberto Arruda, deixar de participar desta homenagem que V. Exª faz ao Grande Oriente do Brasil. Tenho, na minha vida pública, uma marca muito profunda do significado de irmandade da nossa Ordem Maçônica, a Ordem que congrega homens livres e de bons costumes; Ordem que põe a Pátria acima de tudo. Disputava eu uma eleição em meu Estado quando tivemos um problema muito sério de ameaças. Levei-o ao conhecimento da Ordem, que fez um cinturão de apoio e o manteve durante todo o período de campanha. Fui eleito prefeito de Campo Grande em 1973, com apoio total da Ordem, com a sua solidariedade e com o espírito de irmandade. Aprendi, e cresci muito, com os irmãos que viviam há mais tempo dentro da Ordem o significado da palavra Maçonaria. V. Exª foi muito feliz ao propor ao Senado da República esta homenagem. Quero deixar aqui, em nome da grande loja do Estado de Mato Grosso do Sul, minha homenagem ao Grande Oriente do Brasil. Somos uma irmandade única e seguimos nosso caminho, desde o início da história do Brasil, na mesma linha, com os mesmos objetivos, com o mesmo espírito patriótico, com o mesmo sentido de lealdade, de honestidade, de correção e de amor ao Brasil. Parabéns a V. Exª. Peço-lhe que deixe consignada, dentro de seu pronunciamento, minha homenagem ao Grande Oriente do Brasil.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA - Muito obrigado, Senador Levy Dias.

Devo confessar a todos os senhores que estão na tribuna de honra desta Casa e nas galerias que poucas vezes um pronunciamento acolheu tantos apartes. Sou testemunha de que isto se dá pelo tema e não pelo orador. Portanto, esta é uma forma de esta Casa, o Senado Federal, e de o Congresso Nacional manifestarem seu apreço por essa Instituição.

Queria cumprimentar, também, todos os que se empenharam pessoalmente para a realização deste evento em Brasília. Desejo que ele se dê dentro dos ideais maçônicos, em ordem e com tranqüilidade, e, principalmente, com grandes resultados no plano das idéias e das ações das suas lojas maçônicas.

Também desejaria solicitar ao Desembargador Francisco Murilo Pinto, Grão-Mestre-Geral do Grande Oriente do Brasil, que, na solenidade de abertura do congresso que se dará logo mais à noite, manifeste, em nome de todos os Srs. Senadores, de todos os Srs. Deputados Federais que vieram a este plenário e que, com as suas presenças, marcaram apoio a esta manifestação, enfim, em nome do Congresso Nacional, a todos os maçons brasileiros o apreço do Poder Legislativo a essa Instituição.

Finalmente, Sr. Presidente e Srs. Senadores, quero agradecer a oportunidade de ter sido designado para interpretar, desta tribuna, o pensamento e a manifestação de respeito do Senado Federal à Maçonaria brasileira.

Muito obrigado. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/1997 - Página 11321