Discurso no Senado Federal

ENALTECENDO O MUTIRÃO JUDICIARIO REALIZADO PELO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL - TRF DA V REGIÃO, ESTADO DO PERNAMBUCO.

Autor
Joel de Hollanda (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Joel de Hollanda Cordeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
JUDICIARIO.:
  • ENALTECENDO O MUTIRÃO JUDICIARIO REALIZADO PELO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL - TRF DA V REGIÃO, ESTADO DO PERNAMBUCO.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/1997 - Página 11416
Assunto
Outros > JUDICIARIO.
Indexação
  • ELOGIO, MUTIRÃO, TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL (TRF), TENTATIVA, REDUÇÃO, EXCESSO, ACUMULAÇÃO, PROCESSO, VARA DA JUSTIÇA FEDERAL, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ESTADO DO CEARA (CE), ESTADO DA PARAIBA (PB), ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), ESTADO DE SERGIPE (SE).
  • ANALISE, DEFICIENCIA, JUDICIARIO, NECESSIDADE, REFORMULAÇÃO, MODERNIZAÇÃO.
  • DEFESA, INFORMATICA, JUDICIARIO, AUMENTO, NUMERO, JUIZ, MELHORIA, NIVEL, MAGISTRADO, FUNCIONARIOS, ALTERAÇÃO, FISCALIZAÇÃO, CORREGEDORIA, CONTROLE EXTERNO, COMBATE, NEPOTISMO, DESCUMPRIMENTO, PRAZO JUDICIAL.

O SR. JOEL DE HOLLANDA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo hoje a tribuna desta Casa para enaltecer o mutirão judiciário realizado pelo Tribunal Regional Federal -- TRF da 5ª Região, Estado de Pernambuco, que julgou quase 10 mil processos que estavam parados, há quase 3 anos, aguardando uma decisão judicial sobre os recursos de admissibilidade em instâncias superiores, o Superior Tribunal de Justiça -- STJ e o Supremo Tribunal Federal -- STF.

É importante ressaltar que os responsáveis pelo trabalho, 4 juízes, 4 assessores e o presidente, despacharam em quase 2 meses 3 mil 368 processos, ao passo que, durante todo o ano de 1996, apenas 5 mil 328 processos foram devidamente analisados. Em termos globais, 18 mil 209 processos estão tramitando no TFR da 5ª Região e cerca de 9 mil encontram-se parados à espera de protocolo ou decisões superiores.

O TFR da 5ª Região acumula uma grande carga de atividade e abrange 34 varas federais nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe. A radiografia dos seus trabalhos mostra que cerca de 60% de suas matérias de admissibilidade vêm do Estado do Ceará. No que se refere aos recursos, que representam um fluxo médio mensal de 900 entradas, 60% dizem respeito a assuntos previdenciários. Todavia, segundo o seu presidente, Doutor Francisco Falcão, até a semana passada, mais de 1 mil e 800 novos recursos já haviam entrado naquela instância judicial. Apesar dos esforços realizados, os canais judiciais voltam sempre a ficar obstruídos com grande facilidade.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as falhas do sistema judiciário brasileiro fazem parte do conjunto das grandes deficiências estruturais que caracterizam as nossas instituições. Assim, além dos aspectos meramente técnicos que poderiam desafogar o sistema -- como a criação da súmula vinculante, defendida por muitos magistrados como uma saída que seria capaz de evitar que uma mesma decisão fosse tomada várias vezes, ou, por exemplo, a simplificação processual -- essas não são, a meu ver e também na opinião de muitos, a solução para os enormes problemas que dificultam o funcionamento do Judiciário. Como bem sabemos, a questão é muito mais profunda e a solução deve ser encontrada numa reforma estrutural e completa de todo o arcabouço da Justiça. Só para se ter uma idéia do atraso em que nos encontramos, basta lembrar que o atual Código Processual brasileiro data de 1973, quando o Brasil contava apenas com pouco mais de 90 milhões de habitantes e a sua realidade urbana e sócio-econômica era infinitamente menos complexa do que a dos dias de hoje. De lá para cá, a população quase dobrou, os problemas sociais agravaram-se e assumiram grandes dimensões, as cidades médias transformaram-se em metrópoles e as grandes viraram megalópoles, a violência passou a ser lugar comum nas ruas, e o crime organizado deixou de lado o romantismo dos anos 60 para assumir definitivamente o estágio mais ousado e cruel do banditismo armado dos anos 90.

Portanto, face a essa nova realidade de final de século, que, inclusive, exige dos países uma maior integração de suas economias aos mercados mundiais, reformar o Judiciário e inseri-lo no contexto da necessidade de criação de um novo Estado nacional, moderno e dinâmico, requer a união de aspectos conjunturais e estruturais para alcançarmos sucesso na modernização do sistema como um todo.

Segundo especialistas da área jurídica, o simples aumento do número de juízes e a informatização dos tribunais não são suficientes para dar maior agilidade ao sistema judiciário. Em suas opiniões, é preciso realmente ir mais fundo na questão. A legislação precisa mudar, a preparação intelectual dos magistrados precisa ser melhorada e o nível dos funcionários também, o sistema de fiscalização das corregedorias precisa de mais eficiência, e o controle externo do Judiciário precisaria ser mudado qualitativamente.

Ao lado dessas medidas, existe ainda a necessidade de se combater de maneira eficaz o nepotismo que envergonha os gabinetes da Justiça brasileira, o descumprimento constante de prazos pelos juízes e o poder de pressão exercido pelos chefes de secretaria, que impede o bom andamento dos trabalhos judiciais.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para finalizar, gostaria de dizer que o pré-requisito fundamental da democracia que estamos imaginando passa necessariamente, em primeiro lugar, pela modernização política do País. Só ela será capaz de garantir a estabilidade das instituições, favorecer o desenvolvimento e consolidar o regime democrático. Além disso, ela precisa estar voltada para a construção de uma verdadeira ordem pública, dentro do novo Estado, e para a formação de um novo pacto social, que encontre a sua razão de ser em um projeto nacional moderno e eficiente, com capacidade de conquistar espaços importantes no mundo globalizado. Só assim as novas instituições ganharão legitimidade e credibilidade para enfrentar os novos obstáculos que se estão formando neste final de século.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/1997 - Página 11416