O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL-MG. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há de findar-se a semana antes que eu retorne à capital do meu Estado, Belo Horizonte, no coração de Minas, sem manifestar, perante esta Casa, um testemunho que considero indispensável para o exercício da minha vida pública e para a representação que desempenho, em nome de Minas e dos mineiros.

Quero trazer aqui o testemunho de que sou inteiramente partidário do debate, da controvérsia, das disputas, do diálogo e, conseqüentemente, dos entendimentos quando chegamos às soluções consensuais. Porém, não posso deixar de dizer que esse debate é essencial para a vida parlamentar na Câmara e no Senado. O debate vai-se esgotando, o trabalho parlamentar vai-se exercitando nas comissões técnicas, e o Plenário nem sempre corresponde às expectativas da sociedade brasileira neste momento em que vivemos uma plena democracia.

Por isso mesmo, Sr. Presidente, cito o meu testemunho sobre a vida exemplar de um mineiro que merece sempre de nós todos uma palavra de carinho, de respeito e de admiração. Essa palavra dirijo ao mineiro Itamar Franco, ex-Prefeito de Juiz de Fora, ex-Presidente da República, atual embaixador da OEA, onde representa o Brasil por indicação do seu amigo Presidente Fernando Henrique Cardoso e por plena aprovação do Senado da República.

Itamar Franco é um mineiro de caráter, exemplar no comportamento, na conduta e no exercício político. Prefeito duas vezes de Juiz de Fora, um dos centros mais importantes da vida econômica, social, política e cultural de Minas e do Brasil. A nossa Juiz de Fora tem na pessoa de Itamar Franco um líder, um representante, e por S. Exª tem uma profunda admiração e um grande respeito.

Prefeito oito anos, teve um excelente desempenho à frente da Administração Pública de uma das maiores cidades de Minas e do Brasil.

Disputamos juntos - eu ao seu lado - o Governo de Minas. E S. Exª perdeu. Mas os homens públicos mineiros também se engrandecem na derrota, e essa derrota de Itamar Franco contribuiu ainda mais para o exercício da vida pública numa linha de correção, sempre preocupado com a alma, o espírito, o sentimento de Minas e com a vocação do Brasil.

Sr. Presidente, por volta de 1973, poucas foram as lideranças do seu então Partido, o PMDB, que aceitaram disputar uma eleição para o Senado da República. S. Exª abandona a Prefeitura de Juiz de Fora e, com coragem e determinação, disputa o Senado da República para representar Minas nesta Casa.

Foi surpreendentemente eleito, como surpreendente foi a eleição de vários colegas seu no Estado, quando outros colegas seu de Partido não tiveram a coragem ou a visão de disputar uma eleição de tanta importância para o País naquele momento, já buscando o caminho da devolução constitucional.

De lá para cá, quando estava no Governo de Minas, ele foi um companheiro exemplar. Jamais deixei de ir a Belo Horizonte, quando Governador de Minas Gerais, sem freqüentar o seu gabinete, para trocarmos idéias sobre os interesses públicos do meu Estado e a destinação política do meu País.

Nesta hora, portanto, Sr. Presidente, quero transmitir a informação divulgada no sentido de que mantive encontro com o ex-Presidente Itamar Franco, no Hotel Nacional, em Brasília, horas após ter participado de jantar que entrou pela madrugada, ao lado de Fernando Henrique Cardoso, no Palácio da Alvorada. Na oportunidade, S. Exª me disse que havia comunicado ao seu amigo, Presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava sendo instado pelas lideranças políticas do País a concorrer a Presidência da República. Dizia ele então que iria consultar essas lideranças, conversar com os partidos políticos e que naturalmente deixaria a sua representação na OEA para possivelmente disputar o Governo do Brasil.

Em resposta, eu disse a S. Exª que ele mereceria sempre de nós uma palavra de estímulo e que ele seria, sem dúvida, um nome significativo como alternativa diante de Fernando Henrique Cardoso para disputar o Governo do País. Eu disse também a S. Exª - e o fiz em meu nome e dos mineiros - que, se porventura não disputasse o Governo da República, ele poderia disputar, inclusive pelo meu Partido, o Governo de Minas Gerais, um dos Estados mais importantes econômica, social, cultural e politicamente neste País. E disse mais a S. Exª, o Embaixador Itamar Franco, na nossa conversa no Hotel Nacional: se porventura ele não fosse candidato ao Governo de Minas, não seria apenas o Governador de Minas Gerais; seria, sem qualquer dúvida, o Presidente de Minas, como foi no passado Antonio Carlos Ribeiro de Andrada. S. Exª ficou emocionado diante da nossa conversa e da nossa convocação, e prometeu refletir sobre ela. Assegurou-me de que não tomaria qualquer posição, inclusive a de filiar-se a um partido político, sem antes conversar com seu companheiro, seu amigo, seu coestaduano, o Senador que está falando nesta tribuna.

De lá para cá, encontramo-nos uma vez em Belo Horizonte, num encontro social, e pouco conversamos. Ainda na semana passada, durante um almoço que me foi oferecido na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, na residência de um amigo comum, telefonei para S. Exª para dizer que eu desejaria conversar sobre o tema do nosso encontro em Belo Horizonte. Uma vez que os dias se passavam rapidamente e o processo político se desenvolvia com celeridade, precisávamos conversar sobre os nossos posicionamentos, sobretudo, sobre a sua possível vocação de disputar o Governo de Minas, caso não o fizesse para a Presidência da República.

Quero aqui, portanto, Sr. Presidente, manifestar ao amigo Itamar Franco, ao mineiro respeitado e admirado por todos nós, a nossa palavra de consideração, dizendo tratar-se de um homem de bem, correto, de caráter, semelhante a homens como Newton Campos, que fizeram do Governo de Minas uma vocação para que aquele Estado servisse mais ao Brasil.

Com estas palavras, Sr. Presidente, e antes de chegar ao coração do meu Estado, Minas Gerais, a nossa Belo Horizonte, deixo estas palavras de carinho e respeito a um cidadão que merece sempre o nosso abraço e a nossa solidariedade.

Muito obrigado.