Pronunciamento de Roberto Requião em 13/06/1997
Discurso no Senado Federal
QUESTIONANDO A INDENIZAÇÃO PAGA AOS SOCIOS DO BANCO BAMERINDUS A EPOCA DA NEGOCIAÇÃO COM O HONG-KONG AND SHANGAI BANK, POIS, DE ACORDO COM DECLARAÇÃO DO MINISTRO PEDRO MALAN DURANTE SEU COMPARECIMENTO AO SENADO FEDERAL NO ULTIMO DIA 11, ESTE VALOR SERIA NULO. DECISÃO DA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS DE DEVOLVER PROCESSOS DE PEDIDOS DE FINANCIAMENTOS DO ESTADO DO PARANA, PARA COMPLEMENTAÇÃO DE DADOS REFERENTES A BALANÇO, BALANCETES E CONTRATOS, A DESPEITO DA PRESSÃO DE GRUPOS EMPRESARIAIS EM FAVOR DA APROVAÇÃO DESTES EMPRESTIMOS. DENUNCIA DE CORRUPÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE PARANAGUA, COM A DISPENSA DE LICITAÇÃO PARA FAVORECER EMPRESA CONTRATADA PARA REMOÇÃO DE ENTULHO QUE ATRAPALHA O O FUNCIONAMENTO DAQUELE PORTO.
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
BANCOS.
ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.:
- QUESTIONANDO A INDENIZAÇÃO PAGA AOS SOCIOS DO BANCO BAMERINDUS A EPOCA DA NEGOCIAÇÃO COM O HONG-KONG AND SHANGAI BANK, POIS, DE ACORDO COM DECLARAÇÃO DO MINISTRO PEDRO MALAN DURANTE SEU COMPARECIMENTO AO SENADO FEDERAL NO ULTIMO DIA 11, ESTE VALOR SERIA NULO. DECISÃO DA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS DE DEVOLVER PROCESSOS DE PEDIDOS DE FINANCIAMENTOS DO ESTADO DO PARANA, PARA COMPLEMENTAÇÃO DE DADOS REFERENTES A BALANÇO, BALANCETES E CONTRATOS, A DESPEITO DA PRESSÃO DE GRUPOS EMPRESARIAIS EM FAVOR DA APROVAÇÃO DESTES EMPRESTIMOS. DENUNCIA DE CORRUPÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE PARANAGUA, COM A DISPENSA DE LICITAÇÃO PARA FAVORECER EMPRESA CONTRATADA PARA REMOÇÃO DE ENTULHO QUE ATRAPALHA O O FUNCIONAMENTO DAQUELE PORTO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/06/1997 - Página 11461
- Assunto
- Outros > BANCOS. ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.
- Indexação
-
- DENUNCIA, IRREGULARIDADE, NEGOCIAÇÃO, VENDA, BANCO PARTICULAR, BANCO ESTRANGEIRO, CONTRADIÇÃO, DECLARAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), VALOR, INDENIZAÇÃO, SOCIO, PROPRIETARIO.
- DENUNCIA, LOBBY, EMPRESARIO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, PEDIDO, FINANCIAMENTO, ESTADO DO PARANA (PR), AUSENCIA, PRESTAÇÃO DE CONTAS, GOVERNO ESTADUAL.
- DENUNCIA, CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, PORTO DE PARANAGUA, ESTADO DO PARANA (PR), EXCESSO, FATURAMENTO, DISPENSA, LICITAÇÃO, REMOÇÃO, LIXO, CRITICA, OMISSÃO, GOVERNADOR.
O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB-PR. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a minha intenção é a analisar, rapidamente, duas contradições que chegaram ao meu conhecimento nos últimos dias.
A primeira delas, e sem sombra de dúvidas a mais séria, é a contradição exposta pelo Ministro Malan na sabatina que se submeteu no Senado da República. O Ministro Malan afirmou que o Banco Bamerindus, Senador Geraldo Melo, valia qualquer coisa entre zero e um número menor que zero, para justificar o presente dado pelo Banco Central ao HSBC, o banco inglês de Shangai.
Muito bem, se o Bamerindus valia zero e o Ministro assim afirmou neste Senado, com a sua autoridade de Ministro, por que então os sócios do Bamerindus foram indenizados com US$500 milhões? Se o banco valia zero, se a afirmação do Ministro é verdadeira, ele está a dever para o Erário US$500 milhões; se não é verdadeira, como pretende demonstrar o ex-presidente do Bamerindus, nosso colega, Senador Andrade Vieira, ele deu de presente para um banco estrangeiro 1.300 agências de um banco brasileiro e ainda fez com que o Banco Central ficasse com a parte questionável da herança patrimonial do antigo Bamerindus. Essa é uma questão a ser analisada com cuidado, pois tive hoje notícia, pelos jornais, que o Senador José Eduardo Andrade Vieira vai processar o Governo pelos atos que levaram à alienação do Bamerindus a um banco estrangeiro.
O segundo aspecto é uma outra contradição menor, em face ao escândalo da doação de um banco brasileiro a um grupo estrangeiro, mas nem por isso menos importante. É um escândalo paranaense, de proporções não tão grandes, mas, para nós, paranaenses, de extrema seriedade. Esta semana, o plenário do Senado foi invadido por um grupo de empresários sem contrato, que queriam pressionar a Comissão de Assuntos Econômicos para que aprovasse três financiamentos para o Estado do Paraná, sem que o Governo do Estado prestasse contas ao Senado e apresentasse ao Senado a documentação exigida há quase 8 meses pela Comissão de Assuntos Econômicos. Empreiteiros sem contrato, no afã de ganhar alguns reais, comprometendo ou pretendendo comprometer a própria estabilidade financeira do Estado.
A CAE devolveu o processo ao Governo do Paraná e, enquanto não voltar informado com o balanço de 96, os balancetes de 97 e os contratos que implicam em disposição de receita tributária e que beneficiam a Renault, a Chrysler e a Audi, a CAE não mais examinará a concessão, a autorização dos financiamentos. O Senado não pode dar um parecer desinformado, e a irresponsabilidade do Governo do Paraná e de empresários ligados ao Governo, que tiveram a presunção de tentar pressionar o Senado da República, foi espancada pela posição firma da Comissão de Assuntos Econômicos.
Mas, Presidente, chega às minhas mãos uma denúncia sobre a administração do porto de Paranaguá. Recentemente foi substituído o Secretário de Transporte do Estado do Paraná, e no discurso em que transmitia o cargo afirmou com todas as letras que tinha sido obrigado a sujar as suas mãos. E sujou mesmo, porque até assinaturas do Governador foram falsificadas no âmbito da administração do porto de Paranaguá, administrado por um certo Sr. Petráglia. A assinatura do Governador foi falsificada para prorrogar um contrato com uma determinada empreiteira que construía um terminal de contêineres.
Mas a coisa não fica por aí. A denúncia que me chega às mãos é exemplar da corrupção que grassa no Paraná e demonstrativa da ousadia da quadrilha que cerca o Governador.
Durante uma tempestade, a ausência de precauções adequadas fez com que um portainer tombasse em cima de uma cábrea flutuante, e o portainer e a cábrea afundaram, impedindo a utilização de um dos berços do porto. O portainer, de grande porte, e a cábrea, das maiores que operam no litoral brasileiro, causaram um problema razoável para o porto. Equipamentos pesados são necessários para a remoção do entulho e o Porto de Paranaguá abriu a perspectiva de várias empresas se habilitarem para esse serviço. Uma delas, Montagens e Equipamentos Paranaguá Ltda., fez uma proposta para realizar o trabalho por R$140 mil; uma segunda fez a proposta por R$140 mil; e uma terceira - a Diver Santos -, fez a proposta para executar o serviço por R$150 mil.
O Superintendente do Porto de Paranaguá não teve dúvidas, afastou essas três propostas e, por decreto, dispensou a licitação e contratou uma quarta empresa, a Enavi - Reparos Navais Ltda. -, por R$545 mil, assumindo o Porto ainda a obrigação de pagar o INSS.
Um roubo flagrante, demonstrado pelos documentos, que dá ao Brasil um quadro do que é a administração do Governador Jaime Lerner. Falsificam a sua assinatura, superfaturam serviços no Porto de Paranaguá e o Governador, preguiçoso, distraído e co-responsável por isso tudo, mantém o superintendente do Porto no seu cargo, apesar de todos os desvios.
O Paraná vai mal. A folha de pagamento já pesa, em abril, 96% da receita líquida disponível. A par dessa crise, o Estado do Paraná oferece financiamento para multinacionais com dez anos de carência e pagamento sem juros ou correção monetária. Não há um governo no meu Estado, há uma quadrilha cercando o Governador e dilapidando o patrimônio público. Isso tudo tem que ter um paradeiro. E andou bem o Senado da República ao devolver os processos de um governo opaco, que se recusa a ser transparente e insiste em não prestar contas.
Era esta a informação, Sr. Presidente. Agradeço a V. Exª pela oportunidade que tive em fazê-la.