Discurso no Senado Federal

ESCLARECIMENTOS AO SENADOR ARTUR DA TAVOLA, RELATIVAMENTE AS SUAS ALEGAÇÕES DE INCOMPREENSÃO DA DEFESA QUE S.EXA. E O SENADOR ROBERTO REQUIÃO FIZERAM EM PROL DO ATLETICO CLUBE PARANAENSE.

Autor
Osmar Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • ESCLARECIMENTOS AO SENADOR ARTUR DA TAVOLA, RELATIVAMENTE AS SUAS ALEGAÇÕES DE INCOMPREENSÃO DA DEFESA QUE S.EXA. E O SENADOR ROBERTO REQUIÃO FIZERAM EM PROL DO ATLETICO CLUBE PARANAENSE.
Aparteantes
Levy Dias, Otoniel Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/1997 - Página 11780
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ARTUR DA TAVOLA, SENADOR, INEXISTENCIA, FRAUDE, CLUBE, ESTADO DO PARANA (PR), CAMPEONATO NACIONAL, FUTEBOL.
  • RATIFICAÇÃO, DEFESA, CLUBE, ESTADO DO PARANA (PR), INJUSTIÇA, DECISÃO JUDICIAL, EXPECTATIVA, REVISÃO, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF), PUNIÇÃO, CORRUPÇÃO, PRESIDENTE, LIBERAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, COMPETIÇÃO ESPORTIVA.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu estava em meu gabinete, quando ouvi o pronunciamento do Senador Artur da Távola. Venho a esta tribuna, nos cinco minutos regimentais, em nome da verdade.

Não quero polemizar com o Senador Artur da Távola, porque o respeito e creio que ele só se pronunciou porque não está bem informado. Aliás, faça-se justiça, não estamos discutindo problemas do Atlético Mineiro, como fez referência aqui, por várias vezes, o Senador Artur da Távola. Estamos discutindo a injustiça que se praticou contra o Clube Atlético Paranaense, repito, o clube de maior torcida do Paraná, ao lado do seu arqui-rival, Curitiba, que fazem, juntamente com o Paraná e outros clubes do interior, a grandeza do futebol paranaense, que tem que ser respeitado.

Não vou polemizar com o Senador Artur da Távola e nem com a torcida do Fluminense, mas S. Exª precisa rever a história recente do futebol. O Clube Atlético Paranaense não ganhou o direito de disputar a Divisão de Elite do futebol brasileiro por fraude nenhuma. Não se discute, hoje, no Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Futebol, os jogos realizados durante o Campeonato da 2ª Divisão de 1995, quando o Atlético Paranaense foi Campeão Brasileiro da 2ª Divisão e ganhou o direito, então, por ter sido campeão em 1995, de disputar a Divisão de Elite do futebol brasileiro em 1996, quando foi o 5º colocado entre todos os times que disputaram o Campeonato Brasileiro da Divisão de Elite.

Portanto, Sr. Presidente, não foi com uma fraude que o Atlético Paranaense subiu à 1ª Divisão, mas foi jogando, e jogando muita bola e conquistando os pontos para chegar à 1ª Divisão. Quando chegou à 1ª Divisão, não foi com nenhuma fraude que o Atlético Paranaense se colocou em 5º lugar entre os times brasileiros. Por muito pouco, não disputou o título do Campeonato Brasileiro do ano passado. Agora, está na Divisão de Elite não porque ganhou um jogo com uma fraude, como disse aqui o Senador Artur da Távola. O que o Tribunal de Justiça Desportiva da CBF julgou foram fatos relacionados ao jogo Atlético e Vasco da Gama pela Copa Brasil, que é um outro campeonato. Eu que acompanho o esporte brasileiro e, portanto, acompanho os programas desportivos do País todo, faço aqui minhas as palavras de especialistas no assunto e que sabem diferenciar o Campeonato Brasileiro da Copa Brasil, como o jornalista Juca Kfouri, que, diariamente, ou no programa Cartão Verde, da TV Educativa, ou na sua coluna diária da Folha de S. Paulo, tem defendido o Atlético Paranaense contra essa injustiça. Não se julgou uma instituição, mas os atos de um diretor que foi banido, e com justiça, do futebol brasileiro. Agora, suspender um clube como o Atlético Paranaense por um ano, deixando sua torcida e as torcidas de todos os times do Paraná e do Brasil alijados do prazer de ver o Atlético jogando...! Temos que encarar que o futebol no Brasil, hoje, não é uma simples diversão. Os clubes estão se tornando empresas, e, ao se suspender por um ano uma empresa, não está sendo medido o prejuízo financeiro, moral, psicológico e, sobretudo, o prejuízo às gerações novas dos torcedores atleticanos, que estão frustradas, indignadas e revoltadas, as gerações novas e as gerações antigas do Clube Atlético Paranaense.

Vim do interior do Paraná. Sou de Maringá, onde há um clube de futebol; este clube, o Maringá, também não concorda com essa decisão tomada contra o clube da capital. Não quero polemizar com o Senador Artur da Távola, mas é preciso fazer justiça. O Fluminense, que estava na divisão de elite, desceu para a segunda divisão, porque o seu time de futebol não conquistou os pontos necessários para permanecer, foi o último colocado, e o último colocado da primeira divisão desce e o primeiro da segunda divisão sobe. Desceu porque não jogou bola. Agora, ganhar no grito o acesso à divisão de elite, nós do Paraná não aceitamos e acredito que nenhum torcedor do Brasil está de acordo com isso.

O Sr. Levy Dias - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. OSMAR DIAS - Talvez estejam de acordo os torcedores do Fluminense pela perspectiva de subir à 1ª divisão; alguns, apenas, dos torcedores do Fluminense. Penso que os torcedores que querem ver a garra do time no campo jogando não gostariam de ver o Fluminense de tantas glórias, de tantas tradições, na divisão de elite do futebol brasileiro, por essas vias tortas, defendidas aqui pelo Senador Artur da Távola. Não vou polemizar com o Senador, repito mais uma vez, mas ele precisa, em primeiro lugar, se informar dos fatos verdadeiros. O Atlético está na divisão de elite, porque conquistou o direito no campo. O Atlético não é detentor de fraudes, é detentor de títulos: 25 campeonatos estaduais.

Srª Presidente, não sei se posso dar apartes porque estou fazendo uma comunicação inadiável, mas de qualquer forma sei que o Senador Levy Dias, do Mato Grosso do Sul, iria emprestar sua solidariedade ao nosso Clube Atlético Paranaense, bem como nosso Senador de Goiás, Otoniel Machado, que, com certeza, como o Ministro da Justiça Iris Rezende, que é seu irmão, defendeu ontem a posição desse clube.

Entre a posição do Senador Artur da Távola, que está defendendo apaixonadamente o Fluminense, e a posição do Ministro da Justiça, que pensa que há riscos de violência, porque a torcida atleticana está muito revoltada, fico com a decisão do Ministro da Justiça.

Hoje, houve uma demonstração aqui de que os Senadores estão preocupados também com o esporte. O Senador Antonio Carlos Magalhães tomou uma decisão importante: ligou para o Presidente da CBF e disse que esse problema também cabe ao Senado. Tenho certeza de que o Presidente da CBF terá sensibilidade, porque também ele quer preservar a qualidade e a seriedade do futebol brasileiro. Acreditamos que o Sr. Ricardo Teixeira, amigo do nosso Senador Ney Suassuna, que também está nos ajudando nessa luta para reverter uma situação de injustiça contra o Atlético Paranaense, vai fazer com que essa decisão seja revista, porque ela não é justa nem com o Clube Atlético Paranaense, nem com o futebol brasileiro.

O Sr. Levy Dias - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. OSMAR DIAS - Srª Presidente, não sei se posso conceder o aparte ao Senador Levy Dias.

O Sr. Levy Dias - Eu gostaria de pedir que a Presidente Marluce Pinto me concedesse a palavra para uma breve comunicação, mas tenho que participar desse pronunciamento do Senador Osmar Dias, porque posso somar algo dentro dessa polêmica que se estabelece. Se a Senadora Marluce Pinto me conceder a palavra para uma breve comunicação, falarei logo após o pronunciamento do Senador Osmar Dias.

O SR. OSMAR DIAS - Srª Presidente, encerro o meu pronunciamento. O Senador Levy Dias falará depois ou S. Exª poderá me apartear? V. Exª poderia permitir que eu lhe conceda o aparte, porque o assunto é importante.

A SRª PRESIDENTE (Marluce Pinto) - V. Exª pode conceder-lhe o aparte, porque é mais rápido. O próximo Senador inscrito é o Senador Mauro Miranda.

O SR. OSMAR DIAS - Então, concedo o aparte ao Senador Levy Dias.

O Sr. Levy Dias - Senador Osmar Dias, neste País, quando há qualquer denúncia - não há dúvidas de que essa denúncia de que estamos falando é grave -, há um desespero para se punir alguém. O que penso é que houve, nesse caso específico, um grande equívoco. A pessoa jurídica do Clube Atlético Paranaense é uma coisa; a pessoa do seu Presidente, outra. Seria o mesmo que, em se cassando um Prefeito, cassar-se a população do município. O equívoco está aí. O nosso povo, que labuta com tanta dificuldade, tem no futebol a sua grande alegria. Ontem mesmo, em minha casa, assim como, tenho certeza, na casa da maioria absoluta do povo brasileiro, eu acompanhava angustiado o futebol da Seleção brasileira contra o Selecionado do México. Então, vê-se que o futebol é um esporte que toca a alma das pessoas neste País. Ouvi hoje, neste plenário, que o Atlético Paranaense detém uma torcida de um milhão e meio de pessoas. Há de haver respeito com essa torcida. Puna-se o Presidente que possa ter tomado alguma atitude incorreta...

O SR. OSMAR DIAS - Esse já está banido.

O Sr. Levy Dias - Exatamente; todavia, de forma nenhuma se deve punir o Clube, a pessoa jurídica do Clube. Fui presidente de Liga Desportiva, participei do meio esportivo, lutei muito na minha vida em prol do esporte, sou um apaixonado pelo esporte e não aceitaria tal situação, de forma nenhuma; não entro na discussão sobre o Paraná ou do time carioca. Penso, porém, que se trata de um equívoco que precisa ser corrigido, tanto é que o nosso Ministro da Justiça, Iris Rezende, como V. Exª já declarou, também está trabalhando no sentido de se permitir que o clube continue a sua trajetória, porque esta será, sem sombra de dúvida, a felicidade de uma grande parcela do povo do Paraná, o que é muito importante para o Brasil.

O SR. OSMAR DIAS - Muito obrigado, Senador Levy Dias. Em nome do Paraná, agradeço a manifestação de V. Exª.

Para encerrar, Srª Presidente, eu gostaria de informar ao Senador Artur da Távola que o jogo que colocou o Fluminense na 2ª Divisão não foi o jogo em que o Criciúma ganhou do Atlético - com aqueles pontos, portanto, o Fluminense deixou de participar da divisão de elite -, mas foram todos os jogos que o Fluminense perdeu. Esse time perdeu o direito de participar da 1ª Divisão, porque perdeu os jogos e não porque o Atlético perdeu do Criciúma. O Atlético ganhou os jogos, por isso foi o quinto colocado no campeonato brasileiro.

Como bom corintiano, Srª Presidente, não gostaria de presenciar, também, o Corinthians nessa situação. As situações do Corinthians e do Atlético são muito parecidas, mas a decisão não foi a mesma em relação aos dois clubes. Como o jornalista Juca Kfouri, também corintiano, defendo justiça ao time do Paraná.

O Sr. Otoniel Machado - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. OSMAR DIAS - Com prazer ouço V. Exª, porque sei que é favorável ao Atlético.

O Srª PRESIDENTE (Marluce Pinto) - Eu gostaria que V. Exª fosse bastante breve, porque em comunicação inadiável não se concede apartes e estou abrindo um precedente.

O Sr. Otoniel Machado - Gostaríamos de nos solidarizar com o nosso companheiro Osmar Dias. Fui dirigente de clube, pratiquei futebol desde criança e sou amante do esporte. O esporte é uma necessidade muito premente no nosso País. O mínimo que um Governo deveria oferecer a um povo seria o pão e o circo. O circo do brasileiro é o futebol. Já fui Presidente de clube. É um sofrimento tremendo para os responsáveis que sempre dirigem clubes com situação financeira muito difícil. O nosso Atlético do Paraná é xará do meu clube, que tenho também em Goiânia, o Atlético Clube Goianiense. Presencio esses acontecimento e fico muito entristecido com o que está acontecendo. O clube jamais poderia ser penalizado. Que fosse penalizado o diretor, os membros da Cobraf e da Federação Brasileira de Árbitros, até o Presidente da CBF, mas nunca o clube. O clube está sendo vítima de uma injustiça muito grande. Desportista que sou, endosso suas palavras. Penso que as autoridades devem rever imediatamente essa injustiça praticada.

O SR. OSMAR DIAS - Senador Otoniel Machado, agradeço o aparte.

Srª Presidente, também não posso deixar de agradecer ao Senador José Sarney, a quem o Paraná devota respeito; homem extremamente equilibrado, adotou hoje uma posição de defesa do Clube Atlético Paranaense, porque também entende ser injusta a decisão.

Estamos confiantes, Srª Presidente, na CBF. Ela vai, com a orientação do Presidente Ricardo Teixeira, rever essa decisão para o bem do esporte brasileiro.

Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/1997 - Página 11780