Pronunciamento de Roberto Requião em 17/06/1997
Discurso no Senado Federal
PROTESTANDO CONTRA A PUNIÇÃO DO ATLETICO PARANAENSE, EM CARTA ENCAMINHADA AO PRESIDENTE DA CBF, SR. RICARDO TEIXEIRA.
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ESPORTE.:
- PROTESTANDO CONTRA A PUNIÇÃO DO ATLETICO PARANAENSE, EM CARTA ENCAMINHADA AO PRESIDENTE DA CBF, SR. RICARDO TEIXEIRA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/06/1997 - Página 11768
- Assunto
- Outros > ESPORTE.
- Indexação
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- LEITURA, CARTA, AUTORIA, ORADOR, ENCAMINHAMENTO, RICARDO TEIXEIRA, PRESIDENTE, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF), PROTESTO, SUSPENSÃO, ATIVIDADE, CLUBE, INSTITUIÇÃO ESPORTIVA, FUTEBOL, ESTADO DO PARANA (PR), MOTIVO, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, IVENS MENDES, SERVIDOR, ENTIDADE.
O SR. ROBERTO REQUIÃO - (PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, quero trazer ao conhecimento do Senado da República a carta que enviei, hoje, ao Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, redigida nestes termos:
"Sr. Ricardo Teixeira, Presidente da Confederação Brasileira de Futebol,
Como ex-Prefeito de Curitiba, ex-Governador do Paraná e agora representante do meu Estado no Senado da República, não posso ficar em silêncio diante da punição de que foi vítima o Clube Atlético Paranaense.
Louvo e saúdo toda e qualquer iniciativa de moralização do futebol. Louvo e saúdo a Justiça Esportiva, quando ela pune dirigentes, funcionários da Confederação Brasileira de Futebol - CBF e árbitros comprovadamente prevaricadores.
No entanto, Sr. Presidente, não posso entender ou admitir que, de roldão, a instituição Clube Atlético Paranaense e, principalmente, seus milhares de sócios e torcedores, sejam da mesma forma punidos.
Permita-me fazer o seguinte paralelo: sou Relator da CPI que investiga a maracutaia dos títulos públicos. Comprovadamente, alguns titulares de cargos públicos e funcionários envolveram-se em desvios de conduta. Pergunto: Por causa disso, os cidadãos dos Municípios e Estados envolvidos no escândalo devem ser punidos e cassados?
A instituição é mais duradoura que os eventuais ocupantes de cargos de direção. Os governantes, os dirigentes de clubes e entidades transitam, a instituição permanece. Punir a instituição é ante-sala para a destruição de princípios. É um precedente de extremo perigo.
Veja, Sr. Presidente, o envolvimento nesse caso de um funcionário da Confederação Brasileira de Futebol, o Sr. Ivens Mendes, não significa que a entidade esteja consorciada na patifaria.
Por que, então, a má conduta do presidente de um clube deve resultar na punição do clube e, reafirmo, principalmente de sua entusiasmada e vibrante torcida?
Estão vivas ainda em nossa retina as imagens, exibidas no Brasil todo, dos jogos do Clube Atlético Paranaense, no Campeonato Brasileiro de 1996. As imagens do entusiasmo, do calor, da emoção e da disciplina dos torcedores do Clube Atlético Paranaense. A cada jogo ou dia seguinte ao jogo, vi a minha cidade, o meu Estado colorir-se de vermelho e preto. Vi o ardor sadio de crianças e jovens.
É lícito, Sr. Presidente, que tudo isso seja violentamente destruído? É justo que a má conduta de um dirigente cale a voz vibrante e poderosa do Caldeirão? É admissível que um dos mais tradicionais clubes de futebol do Paraná e do País feche suas portas, recolha as suas camisas, enclausure a sua torcida e prive a infância e juventude do meu Estado de uma de suas paixões, desviando-as para outros interesses desaconselháveis?
Sr. Presidente, definitivamente, os atleticanos não podem pagar esse preço. Moralização, sim. Mas não ao custo do sacrifício, da destruição do Atlético Paranaense. Pior ainda: não é tão-somente o Paraná e o Atlético que perdem. Perde o próprio futebol brasileiro. Desmoraliza-se - porque a decisão, além de tendenciosa, foi extrema - o esporte que mais paixões catalisa no país.
Presidente Ricardo Teixeira, confio no bom senso e na isenção desta Confederação. Tendo em vista a importância do futebol para a vida dos brasileiros, concentra-se em suas mãos, hoje, um poder inestimável, não apenas no que diz à permanência ou não do Atlético Paranaense na divisão de elite do futebol nacional. Esse poder vai além. E deve ser próprio de quem detém o poder da generosidade, a compreensão, o equilíbrio e o acurado espírito de justiça.
É com essa confiança que me despeço."
Essa foi, Sr. Presidente, a carta que, na condição de Senador e torcedor do Atlético, enviei ao Presidente da Confederação Brasileira de Futebol.