O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB/BLOCO-PA. Para uma breve comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de fazer o registro de um evento extremamente importante realizado no Estado do Pará.

Foi realizado ali o Fórum dos Secretários de Transportes do Brasil. Estavam presentes vinte Secretários de Transportes de vários estados brasileiros e sete representantes. Discutiram o transporte no Brasil e fizeram algo muito significativo: deslocaram-se, em um barco da Enasa, em uma viagem de Belém ao município de Tucuruí. A viagem, tanto de ida quanto de volta, durou vinte e quatro horas. 

Em Tucuruí, eles tiveram oportunidade de conhecer a nossa hidrelétrica, a maior hidrelétrica inteiramente nacional do País. Os Secretários visitaram as eclusas, ou melhor, o local onde deveriam ter sido construídas as eclusas da hidrelétrica. Após o conhecimento que foi a eles repassado, convenceram-se da importância da construção das eclusas e reconheceram a falta de consciência do Governo em não tê-las feito no tempo devido. É bom que se esclareça que as eclusas de Tucuruí estavam projetadas para ser construídas na mesma época em que foi feita a hidrelétrica de Tucuruí. Àquela altura, teriam custado apenas 3% do valor total da obra, valor esse que tinha sido estimado em US$2,4 bilhões e finalizou em US$6 bilhões, ou seja, quase o triplo do custo estimado originalmente. 

O Governo, entretanto, não se interessou em fazer as eclusas. E isso trouxe um enorme prejuízo à Região Norte do Brasil, porque inviabilizou a implementação da hidrovia Araguaia-Tocantins, um projeto que criava 4.800 quilômetros de vias navegáveis nos rios Araguaia e Tocantins. Por essa hidrovia iria escoar toda a produção do Centro-Oeste brasileiro, inclusive para a exportação. O barateamento do frete dos produtos regionais possibilitaria um aumento da produção agrícola para 20 milhões de toneladas de grãos, ou seja, praticamente um terço a mais do que se produz hoje. Mas o Governo não enxergou isso à época.

Hoje todos percebem a importância da construção das eclusas e criticam os Governos militares que barraram o rio impossibilitando a sua navegabilidade. 

E o que está ocorrendo? O Governo brasileiro tem necessidade de iniciar a segunda etapa da construção da hidrelétrica de Tucuruí, pois a quantidade de energia que estamos produzindo está-se tornando insuficiente para atender à demanda do País. E os meios políticos começam a se mobilizar, pois não vamos aceitar que seja feita a segunda etapa da hidrelétrica de Tucuruí sem que, concomitantemente, construam-se as eclusas que viabilizarão a hidrovia.

Portanto, o Fórum de Secretários foi muito importante, pois sensibilizou politicamente os outros estados brasileiros para a necessidade de alocar recursos do orçamento da União para essa obra.

A propósito, foi eleito Presidente do Fórum dos Secretários do Brasil o Secretário de Estado do Pará, Dr. Amaro Klautau.

Consideramos o ato de extrema importância, já que vem em seqüência à comissão que lá levamos, quando houve a Comissão das Obras Inacabadas, no Senado Federal. Convencemos os integrantes da Comissão a visitar as eclusas da Hidrelétrica de Tucuruí.

Há agora todo um processo de luta. Os empresários, a FIESP e a Associação Comercial do Pará, recentemente, entraram na justiça contra a Eletronorte, que barrou o rio impedindo a sua navegabilidade.

Percebo, assim, que todos os setores da Região Norte, apoiados agora por forças políticas de outros Estados do Brasil, Senadores de outros estados que visitaram a Região, promovem uma marcha pela construção das eclusas de Tucuruí e, conseqüentemente, a concretização da hidrovia Araguaia/Tocantins. Isso significa a mudança do local de desenvolvimento deste País. Vai gerar um grande desenvolvimento na Região Norte e vai significar mais um passo em direção à igualdade, pela qual tanto lutamos no Senado Federal.

Fico feliz de ver realizado no meu estado, no Município de Tucuruí, o Fórum de Secretários de Transportes de todo o País, especialmente porque os Secretários saíram de lá convencidos da importância das obras a que me referi.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.