Discurso no Senado Federal

REUNIÃO DE EMPRESARIOS, ONTEM, EM SÃO PAULO, QUANDO FOI DEBATIDO DOCUMENTO DA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONOMICAS - FIPE ACERCA DAS CONSEQUENCIAS DA PARALISAÇÃO DAS REFORMAS CONSTITUCIONAIS NO CONGRESSO NACIONAL E DOS INDICES DE DESENVOLVIMENTO PROJETADOS PARA O PAIS, NO CASO DE APROVAÇÃO DAS MESMAS.

Autor
Fernando Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Fernando Luiz Gonçalves Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA CONSTITUCIONAL.:
  • REUNIÃO DE EMPRESARIOS, ONTEM, EM SÃO PAULO, QUANDO FOI DEBATIDO DOCUMENTO DA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONOMICAS - FIPE ACERCA DAS CONSEQUENCIAS DA PARALISAÇÃO DAS REFORMAS CONSTITUCIONAIS NO CONGRESSO NACIONAL E DOS INDICES DE DESENVOLVIMENTO PROJETADOS PARA O PAIS, NO CASO DE APROVAÇÃO DAS MESMAS.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/1997 - Página 12361
Assunto
Outros > REFORMA CONSTITUCIONAL.
Indexação
  • REUNIÃO, EMPRESARIO, ENCONTRO, FEDERAÇÃO DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP), DEBATE, DOCUMENTO, ELABORAÇÃO, FUNDAÇÃO, ENTIDADE, PESQUISA, NATUREZA ECONOMICA, AVALIAÇÃO, PREJUIZO, SOCIEDADE, EVENTUALIDADE, PARALISAÇÃO, REFORMA CONSTITUCIONAL, DIVULGAÇÃO, INDICE, AUMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, VINCULAÇÃO, APROVAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, REFORMA ADMINISTRATIVA, TRAMITAÇÃO, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS.

O SR. FERNANDO BEZERRA (PMDB-RN. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero trazer ao conhecimento desta Casa que, ontem, na Cidade de São Paulo, reuniram-se cerca de 1.200 empresários no encontro promovido pela Federação das Indústrias daquele Estado, que manifestaram à Nação a sua preocupação com o andamento das reformas constitucionais que tramitam no Congresso Nacional.

Quero dar conhecimento ao Senado Federal de documento produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas que trata das conseqüências para a sociedade brasileira da não-aprovação dessas reformas. A primeira delas é em relação à reforma tributária. Segundo o documento da FIPE:

      - As várias simulações realizadas resultaram nos seguintes impactos permanentes sobre os componentes do dispêndio agregado:

      1. aumento permanente e definitivo de 6,3% no PIB;

      2. aumento de 18% no investimento, que passaria a representar 22% do PIB;

      3. aumento de 5% no consumo, que passaria a ser equivalente a 63,5% do PIB;

      4. redução de US$4 bilhões no déficit externo, que se reduziria a 0,7% do PIB.

      O importante a destacar é que passando o investimento para o patamar de 22% do PIB viabiliza-se um crescimento sustentável do PIB da ordem de 4,5% a.a. Esse ritmo de crescimento seria suficiente para absorver a população de 1,9 milhão de pessoas, que anualmente ingressam no mercado de trabalho.

Da mesma forma, o documento se refere às conseqüências da reforma da Previdência, dizendo que:

      Mantido o atual modelo, projeta-se um déficit crescente, que deverá se situar entre 6,2% e 9,0% do PIB, no ano 2030. Hoje, o valor presente da dívida da Previdência Social (INSS mais funcionalismo público) é da ordem de 1,9 trilhão ou, aproximadamente, 300% do PIB.

Chamo a atenção para o documento que diz:

      Para pagar as aposentadorias e pensões no setor privado, o INSS gasta aproximadamente R$40 bilhões anuais e arrecada apenas R$1,5 bilhão a menos do que gasta. Já com as aposentadorias e pensões dos funcionários públicos, o Governo gastou, em 1996, R$46 bilhões e recebeu apenas algo em torno de R$4 bilhões de contribuições. O déficit anual do sistema de Previdência dos funcionários públicos é, portanto, de R$42 bilhões, cerca de 28 vezes maior que o déficit do INSS. O INSS paga aproximadamente 16 milhões de benefícios, enquanto há cerca de 3 milhões de inativos no funcionalismo público.

Da mesma forma, o documento traz advertências das conseqüências da não-aprovação das reformas, no que diz respeito à reforma administrativa:

      A Reforma Administrativa permitiria dois ganhos importantes: tornaria os gastos do Governo mais eficientes, pois o mesmo nível de serviço seria oferecido com gasto de Pessoal e Custeio 20% menores; e os recursos liberados poderiam ser utilizados para investimentos, ampliando a infra-estrutura e aumentando a taxa anual de crescimento do PIB em cerca de 0,4%.

Chamo a atenção de V. Exªs para a grande preocupação dos empresários, que é o prejuízo comprovado. Estudos técnicos elaborados por uma fundação da credibilidade da FIPE, diz que isso traz atrasos ao País, deixando de gerar 1 milhão e 900 mil empregos por ano, e que, portanto, é necessário que o Congresso Nacional volte as suas atenções em relação à votação dessa reforma.

Daquele debate participaram o Presidente desta Casa e do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães, e o Presidente da Câmara, Deputado Michel Temer, além de renomados economistas e alguns empresários, dentre os quais eu fui honrado com a participação em dos painéis.

Naquela oportunidade, disse que "sofremos uma esclerose institucional. Nossas instituições envelheceram e impedem as empresas de se adaptarem aos novos tempos. Incluem-se aí a legislação trabalhista, o quadro previdenciário, a burocracia cartorial, os procedimentos judiciais e tantos outros que tornam os custos insuportáveis para um mundo de tanta competição.

E aí, os jornais de hoje registram que o nosso Presidente, o nobre Senador Antonio Carlos Magalhães, não teria gostado de possíveis críticas que eu teria feito, ao tomar conhecimento através dos jornalistas por não ter tido a oportunidade de ouvir o meu pronunciamento. S. Exª diz não acreditar que eu houvera dito tais palavras.

Queria apenas confirmar ao Presidente que em momento nenhum disse que as instituições a que pertenço eram esclerosadas. E me referi, de maneira muito clara, que o arcabouço jurídico de algumas instituições brasileiras são obsoletos, arcaicos e, portanto, esclerosados.

Quero dizer que os empresários brasileiros têm sido estimulados a lutar pelas reformas e que têm recebido, por parte de alguns Congressistas, dentre os quais eu destaco a figura do Presidente desta Casa, Senador Antonio Carlos Magalhães, que, em reunião que teve oportunidade de participar na Confederação Nacional da Indústria, estimulou os empresários a instarem o Congresso Nacional a aprovar as reformas.

Hoje, da mesma forma, a imprensa registra palavras do Líder do Governo na Câmara dos Deputados, Deputado Inocêncio de Oliveira, que se dizia surpreso com a manifestação dos empresários, e que os empresários deveriam vir ao Congresso Nacional, pelo menos quinhentos deles reunidos. Queria apenas dizer que a memória do Deputado Inocêncio de Oliveira falhou, pois esqueceu-se S. Exª de que, no ano passado, no dia 22 de maio, mais de três mil empresários dirigiram-se ao Congresso Nacional e, por minhas mãos, entregaram ao Presidente desta Casa em exercício, então Presidida pelo Senador Teotonio Vilela Filho, e ao Presidente da Câmara, Deputado Luís Eduardo Magalhães, as suas preocupações e as manifestações com o andamento das reformas.

Era o registro que eu queria fazer, agradecendo a atenção dos Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/1997 - Página 12361