Discurso no Senado Federal

COMENTANDO ARTIGO DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE DE HOJE, SOB O TITULO 'KANDIR AFIRMA QUE PODE TIRAR MAURO COSTA DA SUFRAMA'.

Autor
Romero Jucá (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • COMENTANDO ARTIGO DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE DE HOJE, SOB O TITULO 'KANDIR AFIRMA QUE PODE TIRAR MAURO COSTA DA SUFRAMA'.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/1997 - Página 12640
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DECLARAÇÃO, ANTONIO KANDIR, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO (MPO), CRITICA, PRETENSÃO, EXONERAÇÃO, MAURO COSTA, SUPERINTENDENTE, SUPERINTENDENCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS (SUFRAMA), MOTIVO, EFICACIA, ATUAÇÃO, SUPERINTENDENCIA, ORGÃO PUBLICO.
  • CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, GAZETA MERCANTIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, NEWTON RODRIGUES, JORNALISTA, IMPUTAÇÃO, ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DE RORAIMA (RR), INCOMPETENCIA, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL, MOTIVO, COMPROMISSO, GOVERNO, PAGAMENTO, FUNCIONARIOS, REGIÃO.
  • ESCLARECIMENTOS, VERBA, GOVERNO, PAGAMENTO, SERVIDOR, ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DE RORAIMA (RR), GARANTIA, EXERCICIO, FUNÇÃO, EPOCA, EXISTENCIA, TERRITORIOS FEDERAIS, IMPEDIMENTO, INGRESSO, SERVIDOR PUBLICO CIVIL, REGIÃO.

O SR. ROMERO JUCÁ (PFL-RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, muito tem se tratado aqui sobre a importância da Suframa para o desenvolvimento do país e, em especial, para o desenvolvimento da Amazônia Ocidental.

Discursos de diversos Senadores, principalmente da bancada do Norte, têm relatado a necessidade de se fortalecer a Suframa, a necessidade de se alocar mais recursos na região Norte, enfim, têm indicado o caminho de buscar o desenvolvimento da região como forma de integrar social e economicamente a maior região do país ao processo de produção e de construção de um Brasil melhor, que todos nós queremos.

Venho à tribuna, hoje, Sr. Presidente, falar sobre a Suframa. Mas, infelizmente, venho falar numa direção oposta aos discursos que anteriormente eu e outros companheiros, Senadores do Norte, temos nos manifestado.

O jornal Correio Braziliense, de hoje, tem uma matéria sobre a crise da Suframa e nessa matéria, denominada:

"Kandir afirma que pode tirar Mauro Costa da SUFRAMA." O Ministro do Planejamento Antonio Kandir, afirma, na matéria, que poderá demitir o Superintendente da SUFRAMA, seu subordinado, da direção daquela entidade. Até, então, isso seria uma matéria redundante, porque demitir um subordinado, é tarefa e é uma das questões inerentes a qualquer Ministro.

Infelizmente, ao ler a matéria, verificamos, que um fato corriqueiro que seria a afirmação do Ministro, a meu ver, é calcada em colocações equivocadas. Portanto, precisam não só, ser rebatidas, mas, pela relação de amizade que tenho com o Ministro, pela relação de amizade que tenho com a equipe do Ministério do Planejamento, entendo, que essas questões aqui, colocadas, precisam ser, no mínimo, esclarecidas pelo Ministro Antonio Kandir.

Entre outras questões, na matéria: eis, que, a cabeça do Superintendente Mauro Costa, da SUFRAMA, está sendo pedida pelo Governador Amazonino Mendes, do PFL. E, mais do que isso:

      " Oficialmente, Kandir não confirma a demissão no comando da Suframa, mas suas declarações indicam que já decidiu substituir Mauro Costa. Kandir nega que esteja cedendo a pressões do PFL, mas comenta precisar de uma pessoa que possa trabalhar nas melhores condições técnicas possíveis.

      O Ministro, segundo assessores do Ministério, irritou-se com as discussões políticas em torno do nome da Suframa, e, embora não queira ceder Amazonino, também não pretende manter no cargo um superintendente que passou a ter a sua permanência defendida por grupos políticos do Congresso."

Ora, Sr. Presidente, fontes do Ministério do Planejamento dizem que o Ministro está chateado e também não pretende manter no cargo um superintendente que passou a ter a sua permanência defendida por grupos políticos do Congresso Nacional. Essa frase, no meu entender, detém dois equívocos muito fortes. O primeiro é que, efetivamente, grupos políticos do Congresso Nacional se manifestaram pela manutenção do superintendente Mauro Costa, inclusive eu.

Por que o fiz?

O fiz, porque, primeiro não indiquei o Sr. Mauro Costa para superintendente da Suframa. Foi uma indicação técnica do Ministério do Planejamento.

Agora, o Sr. Mauro Costa ao assumir a Suframa fez uma ação séria: moralizou as intervenções da Suframa; criou critérios para distribuição de recursos da Suframa; criou critérios para o processo de maquiagem de produtos da Zona Franca de Manaus; criou critérios para fiscalização de notas fiscais que eram carimbadas à revelia, num processo de controle da Suframa, por isso mesmo, o Sr. Mauro Costa realizou um trabalho muito sério na Suframa. E não quero aqui discutir a quem ele desgostou, quem não desgostou, se o Governador "A" ou "B" quer discutir a retirada do Sr. Mauro Costa. Acho até legítimo que o Governador Amazonino Mendes queira nomear um aliado seu para superintendente da Suframa, é um direito do Governador, que é Governador do maior estado, do Amazonas, o Estado mais rico. A sede da Suframa está no Estado do Amazonas, na cidade de Manaus, e, portanto, é legítima a disputa política na questão da Suframa. O que não acho legítimo, Sr. Presidente, é o Ministro do Planejamento, um Deputado Federal, um Parlamentar, entender que a partir do momento em que grupos políticos do Congresso respaldam o nome técnico por conta de um trabalho sério, esse nome técnico perde a condição política de ficar na Suframa. Ora, se o Ministro Antonio Kandir, se o Deputado Antonio Kandir deu essas declarações, Sr. Presidente, no mínimo, o Deputado Antonio Kandir deveria renunciar ao seu mandato. Se ele acha que é ilegítimo Parlamentares se manifestarem, dentro de critérios técnicos, e Parlamentares que não indicaram o nome do superintendente, mas que vêm com bons olhos a manutenção de uma política de seriedade na Suframa, só tenho a me entristecer com essa declaração infeliz do meu amigo, do Ministro Antonio Kandir.

Quero aqui registrar, no plenário e neste discurso, que entendo que a Suframa está no caminho correto, que a Suframa está em uma linha técnica importante, e, portanto, esse caminho precisa ser preservado. Não sei se com o nome do Sr. Mauro Costa ou não. Essa é uma questão de atribuição pessoal do Ministro e do Presidente da República. Os Parlamentares que se manifestaram na questão da Suframa, como eu, não se manifestaram para manter o nome "A" ou tirar o nome "B". Manifestamo-nos sobre a linha de atuação que a Suframa ganhou com a administração do Sr. Mauro Costa.

Se o Sr. Ministro não está satisfeito na relação pessoal com o Sr. Mauro Costa, que S. Exª leve o nome ao Presidente da República e o substitua - é um cargo de confiança do Ministério -, mas que não mude o caminho, a indicação a seriedade e a moralização que a Suframa está tendo com a nova administração. O critério para tirar o Sr. Mauro Costa não deve ser desgostar "A" ou "B" ou gostar "A" ou "B". Não é uma nomeação sentimental, Sr. Presidente. Queremos nomeações técnicas e profissionais. Queremos nomeações de pessoas com critérios definidos, claros e limpos para aplicar os poucos recursos que vão para a Amazônia, os poucos recursos que vão para a Suframa.

E por essa falta de política, infelizmente, comento aqui outra nota da imprensa: o triste artigo do jornal Gazeta Mercantil, do Sr. Newton Rodrigues, que, desconhecendo o processo da reforma administrativa, a realidade da Amazônia e talvez até desconhecendo a ambição com que se tem, no contexto internacional, olhado a nossa região, o ilustre jornalista tece comentários tristes também, ao ponto de dizer que os ex-territórios, que os novos Estados deveriam voltar a ser territórios. De dizer que:

      "Ao negociar que sejam que sejam pagas pela União as despesas do funcionalismo do Amapá e de Roraima, o governo, acolitado pela Câmara, pôs outra vez a nu a falsidade do atual pacto federativo, assumindo despesas de custeio de 10.800 funcionários".

E diz mais:

      "Quem não tem competência não se estabelece; quem não pode ser Estado deve ser ou permanecer território".

Ora, o Sr. Newton Rodrigues desconhece, Sr. Presidente, que na reforma administrativa a emenda que se aprovou foi exatamente para não dar mais margem ao ingresso dos servidores federais nos ex-territórios. A emenda foi para dar garantia àqueles servidores federais que já estavam recebendo os recursos pagos pela União, porque eram funcionários dos ex-territórios. Não houve, na reforma administrativa, um acréscimo de nenhum centavo para pagamento de servidores dos ex-territórios.

Portanto, faço esse registro, para evitar que inverdades como essa proliferem no cenário da imprensa e daqui a pouco esteja-se dizendo que a reforma administrativa acolheu "trens da alegria", acolheu privilégios para ex-territórios, que não são verdadeiros.

Encerro as minhas palavras, Sr. Presidente, solicitando novamente que o Ministro Antônio Kandir pense sobre as declarações que deu; se não deu, ótimo, esclareça a imprensa. Mas se deu, pense nelas como Parlamentar, como Deputado Federal, como brasileiro e principalmente com o compromisso que sei que S. Exª tem com o norte do País.

Queremos uma Suframa forte, queremos uma Suframa que ajude a desenvolver a nossa região, queremos uma Suframa como agência de desenvolvimento da Amazônia Ocidental, principalmente. Para isso ocorrer, é preciso que ela seja bem gerenciada, é precisa que ela tenha seus recursos aplicados de forma séria, é preciso que ela seja, enfim, administrada tecnicamente, com o respaldo político necessário daqueles Parlamentares que entendem que a seriedade da aplicação dos recursos é o melhor caminho para o desenvolvimento.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/1997 - Página 12640