O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente e nobres colegas, ontem, mais ou menos neste horário, em Santa Catarina, um paredão estava armado, e na hora de se puxarem os gatilhos para o fuzilamento do Governador e do Vice-Governador do meu Estado, eis que surge o Supremo Tribunal Federal e diz "não".

O País, no dia de ontem, assistiu a dois espetáculos memoráveis: o primeiro foi a devolução pelo Império Britânico da cidade de Hong Kong à China após um século de colonização inglesa; o segundo foi uma autêntica aula de democracia e de Direito emanada pela nossa Corte Suprema, que, por unanimidade, concedeu liminar ao Governador Paulo Afonso e ao Vice-Governador, para, em contraposição aos interesses de seus opositores, permanecerem no cargo até que a Assembléia Legislativa decida pela procedência ou não da denúncia que pedem os seus impeachments.

Outro fato marcante é a quase unanimidade da imprensa, que, na sua análise política, constata a tentativa de golpe contra o Governo do meu Estado, quando indagam: "Por que só o Governador de Santa Catarina?" Não bastassem essas manifestações dos articulistas dos principais jornais, vimos também a opinião das mais diversas lideranças partidárias do País, que repudiaram veementemente a orquestração maquiavélica dos partidos de oposição.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse episódio, com certeza, já faz parte da História do Brasil, só que de forma positiva, pois vem demonstrar o grau de maturidade política dos nossos dirigentes e da sociedade brasileira, que, no caso específico do meu Estado, saiu às ruas para se solidarizar com o Governador e com o nosso Vice-Governador, num ato de total repúdio aos meios empregados para destituí-los. Até os estudantes, o povo em geral e militantes, conscientes da importância do seu papel na consolidação da democracia, foram para as ruas dar o seu apoio ao Governo estadual.

Desejo, nesta oportunidade, solicitar à Mesa que faça constar dos Anais da Casa o artigo da jornalista Eliane Cantanhêde, da Folha de S.Paulo, publicado hoje sob o título "O bode expiatório", que passo a ler: