Discurso no Senado Federal

REJEIÇÃO PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA DO PROCESSO DE IMPEACHMENT DO VICE-GOVERNADOR DAQUELE ESTADO.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • REJEIÇÃO PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA DO PROCESSO DE IMPEACHMENT DO VICE-GOVERNADOR DAQUELE ESTADO.
Publicação
Publicação no DSF de 04/07/1997 - Página 13016
Assunto
Outros > ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • REGISTRO, ANAIS DO SENADO, DECISÃO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), REJEIÇÃO, IMPEACHMENT, VICE-GOVERNADOR.
  • REGISTRO, POSIÇÃO, DEPUTADO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), RELAÇÃO, IMPEACHMENT, GOVERNANTE, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não poderia deixar transcorrer a tarde de hoje sem que fizesse aqui algumas considerações, sem que deixasse registrado nos Anais desta Casa, os últimos acontecimentos em meu Estado, Santa Catarina.

Serei breve, será só para registrar. Aliás, serei breve mesmo, até, eu diria, em função da aleluia, da alegria, de uma certa tranqüilidade que começou a reinar em Santa Catarina, em função do que vinha ocorrendo nos últimos meses, em função daquilo que eu disse na última terça-feira na tribuna desta Casa, que segunda-feira estava montado um circo, haviam marcado o Dia D para a decapitação do governador e vice-governador de Santa Catarina. Na hora em que iam praticar o crime, eis que surgiu o Supremo Tribunal Federal, que, por unanimidade, mandou cancelar a decapitação, suspendeu-a.

Eu gostaria de fazer outro registro, além do da vinda do Supremo a Santa Catarina. No dia de ontem, quando iam combinar, também, a do vice-governador, encerrou-se a novela em relação a ele, ao Dr. José Augusto Wilson.

Embora a direção do PFL de Santa Catarina tivesse baixado uma diretriz partidária, na última semana, de que decapitasse o governador e o vice, embora fosse uma diretriz partidária, embora fosse uma determinação compulsória de que não poderiam retirar só o governador, mas também tinham que metralhar o vice, ontem à noite, o próprio PFL, os oito Deputados Estaduais, na hora de votarem a decapitação do vice-governador de Santa Catarina, resolveram por bem, os oito Parlamentares incorporados, para agirem de acordo com as suas consciências, rompendo com uma decisão de cima, retiraram-se do plenário para evitar que conspurcassem suas vontades íntimas, suas consciências. Retiraram-se do plenário. Encerrou-se, assim, a novela, Sr. Presidente, nobres colegas, no dia de ontem em Santa Catarina. O Vice-Governador continuará no cargo para o qual foi legitimamente eleito pelo povo catarinense.

E foi esta a conclusão: se quiserem o poder, que o busquem no voto na época oportuna, e não da forma como pretendiam, ou seja, praticando um golpe.

E eu gostaria de ir além: quero, como Presidente, demonstrar o reconhecimento do meu Partido por Santa Catarina e agradecer aos Deputados que entenderam aquele momento.

Informei, hoje à tarde, ao Presidente Nacional do PSDB, Senador Teotonio Vilela, que em Santa Catarina dois Deputados do PSDB não seguiram a orientação de suas bases. Tal orientação era no sentido de que preservassem o Vice-Governador. Disse ao Presidente do PSDB, Senador Teotonio Vilela, hoje à tarde, que, infelizmente, os dois Deputados do PSDB em Santa Catarina, discordando da orientação de suas bases, resolveram crucificar o Vice-Governador. Solicitei do Presidente Nacional do PSDB que houvesse uma intervenção no PSDB de Santa Catariana, o que seria fundamental até mesmo para o Presidente da República.

Por fim, nunca o PMDB em nosso Estado - deixando até questões menores de lado - levantou-se como fez agora. No dia "D", milhares de pessoas acorreram tentando evitar esse crime. Nunca como agora, em Santa Catarina, uniram-se o nosso Partido, o PSDB, vários setores da sociedade civil, fortes representantes do PDT e do PFL para dizer que não concordavam com o golpe. E, graças a Deus, Sr. Presidente, nobres colegas, ontem à noite encerrou-se a novela.

Além da nossa Bancada no Senado, que durante a última semana toda prestou sua solidariedade, o PMDB nacional, na última quinta-feira, deslocou-se para Santa Catarina levando seu apoio. 

Sr. Presidente, outros setores da sociedade brasileira, outros Partidos, entenderam que não seria justo que só Santa Catarina colocasse no paredão seu Governador e Vice-governador, quando se tratava de uma questão nacional. Esse problema teve início há quatro, cinco anos em São Paulo, onde, aliás, nada está sendo feito, providência nenhuma está sendo tomada. Só um Estado da Federação estava sendo condenado à morte. Por isso, prestaram-nos sua solidariedade vários setores da vida nacional.

Sei que alguns estão tristes, Sr. Presidente. Sei que, na segunda-feira, a festa já estava organizada: o palanque estava montado, o banquete estava posto, a túnica estava sendo rateada pelos algozes. Eis que o Supremo Tribunal Federal cancelou tudo. Ontem à noite, Deputados de outros Partidos retiraram-se. Dessa forma ficou resolvida a novela.

Sr. Presidente, nobres Colegas, eram as considerações que gostaria de deixar registradas nos Anais desta Casa.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/07/1997 - Página 13016