Pronunciamento de Humberto Lucena em 14/07/1997
Discurso no Senado Federal
APRESENTANDO REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES 491, DE 1997, AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO E DOS DESPORTOS SOBRE A AQUISIÇÃO DE 100 MIL COMPUTADORES SEM LICITAÇÃO.
- Autor
- Humberto Lucena (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: Humberto Coutinho de Lucena
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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REGIMENTO INTERNO.:
- APRESENTANDO REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES 491, DE 1997, AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO E DOS DESPORTOS SOBRE A AQUISIÇÃO DE 100 MIL COMPUTADORES SEM LICITAÇÃO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/07/1997 - Página 13969
- Assunto
- Outros > REGIMENTO INTERNO.
- Indexação
-
- JUSTIFICAÇÃO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, AUTORIA, ORADOR, ENCAMINHAMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), ESCLARECIMENTOS, PORTARIA, ESTABELECIMENTO, EXCLUSIVIDADE, AQUISIÇÃO, COMPUTADOR, MARCA ESTRANGEIRA, AUSENCIA, LICITAÇÃO.
O SR. HUMBERTO LUCENA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou encaminhando à Mesa o seguinte requerimento:
REQUERIMENTO Nº 491, DE 1997
Sr. Presidente, requeiro a V. Exª sejam solicitadas ao Sr. Ministro da Educação e do Desporto as seguintes informações:
1 - Qual a razão que levou aquele Ministério a baixar portaria para informatização na educação, estabelecendo a aquisição de computadores padrão IBM PC/Pentium, em caráter de exclusividade?
2 - Por que houve dispensa de licitação pública?
3 - A aquisição dos computadores da IBM já se concretizou?
Justificativa.
Pedimos atenção para a carta que recebemos, através da Internet, de Luiz André Mendonça Pimenta, estudante de Ciência da Computação da PUC/MG, cuja íntegra é a seguinte:
´Envio protesto contra a portaria do MEC que define as normas para aquisição de 100 mil computadores para a informatização de escolas públicas.
Tal portaria impõe que os computadores sejam do padrão IBM PC/Pentium compatíveis e exclui deliberadamente plataformas com maior uso em educação no mundo, como Apple Macintosh, que detêm maioria do mercado norte-americano e europeu na educação.
A recém inaugurada mailling-list MacEducação tem debatido este assunto e seus assinantes têm protestado junto ao MEC enviando mensagens para o Ministro da Educação, Sr. Paulo Renato, e o Secretário do SEED, Sr. Pedro Paulo Poppovic.
O Presidente da República respondeu às reivindicações com a seguinte mensagem, via fax, segundo o que circula na lista esta semana:
´Estive ontem, pela manhã, reunido com integrantes do Ministério da Educação para discutir sobre a aquisição dos computadores para as escolas Estaduais. (...) O Governo tem trabalhado juntamente com a IBM, formando uma parceria para situar o País dentro do grupo dos países do Primeiro Mundo. (...) A IBM é a nossa principal parceira. Foi ela que apoiou o País na informatização da Receita Federal(...), apoio que foi negado pela Macintosh (desenvolvimento dos softwares para Declaração IRPF e IRPJ). (...) O País deve à IBM por abrir suas portas a todos os brasileiros.(...)
De acordo com o Ministério da Educação, os preços dos computadores oferecidos pela IBM são inferiores aos do mercado, resultado de toda a parceria sólida entre a IBM e o Governo Federal, o que não aconteceu no orçamento entregue pela Macintosh.
O Governo Federal tem certeza que está buscando o melhor para o País e para os brasileiros.´
Gostaríamos que o Congresso Nacional investigasse e noticiasse a existência de tal acordo do Governo Federal com empresas multinacionais da área de informática, já que o que está em jogo não é a exclusão da Apple (enganosamente chamada de ´Macintosh´ pelo Senhor Presidente), mas sim a independência do Estado e a liberdade de escolha dos cidadãos.
Computadores para a Receita Federal são computadores diferentes de computadores para o Instituto de Educação, pois executam tarefas diferentes em ambientes e condições diferentes. A seguir este exemplo, as Forças Armadas passarão a usar 38 como a Polícia Civil, por ser a arma da Polícia Federal. Esta desculpa não justifica a atitude do Governo. Compromete mais a sua atuação, deixando-o em descrédito.
Há algo muito errado. Um lobby gigante, de bilhões de dólares, está por trás das decisões do MEC e do Governo. Os senhores têm que investigar, pois o favorecimento de empresas ou grupos em licitações públicas é inconstitucional.
Aguardo vossa resposta. Se precisarem de informações a respeito, entrem em contato para que possa ajudá-los.
Saudações.
Luiz André Mendonça Pimenta
Estudante de Ciência da Computação da PUC/MG"