Discurso no Senado Federal

PARABENIZANDO OS 81 ANOS DO DEPUTADO FRANCO MONTORO.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • PARABENIZANDO OS 81 ANOS DO DEPUTADO FRANCO MONTORO.
Publicação
Publicação no DSF de 16/07/1997 - Página 14255
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, FRANCO MONTORO, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, festeja hoje seu 81º aniversário o grande patriota Franco Montoro. Seus amigos e representantes de todos os partidos lhe farão uma homenagem ecumênica hoje à noite, inclusive o Líder do meu Partido, o PMDB, Senador Jader Barbalho, e o Presidente do PSDB.

Faço questão de vir a esta tribuna antecipar meu abraço a Franco Montoro. Num país como o nosso hoje - e tenho insistido muito nisso - cujas referências estão praticamente esvaziadas na política, na Igreja, na imprensa, a figura de Franco Montoro é uma referência, é um marco, é um nome e é uma dignidade. Chegar aos 81 anos de idade como chegou Franco Montoro, com a biografia, a dignidade e o idealismo que tem, a mim emociona.

Nós, do Rio Grande do Sul, que não temos vôo direto de Porto Alegre a Brasília, precisamos fazer ponte aérea em São Paulo. E, quando estamos em São Paulo, é lindo ver o Sr. Franco Montoro e sua esposa vindo pela manhã para Brasília, com a pasta cheia de papéis, de projetos, de estudos. Parece um deputado que está estreando seu primeiro mandato.

Franco Montoro não perdeu o ideal. Outro dia, estávamos numa reunião de parlamentares e não-parlamentares, discutindo a situação do Brasil, e Montoro falou, defendendo os princípios da social-democracia e da sua democracia-cristã, como ele fazia há quarenta anos. Brincando com ele, ao final eu disse: Mas, Montoro, tu não tens que vir nos falar isso. Tu és presidente de honra do PSDB. Tu tens que ir lá falar com o Presidente, do qual tu és padrinho.

É grande a luta de Montoro pelo parlamentarismo. Hoje, deve estar lá no clube dando uma aula de parlamentarismo, porque ele não se entregou. Naquele plebiscito ridículo, fracassamos na incompetência de coordenar os trabalhos. Se há uma pessoa que não se dobrou, essa pessoa se chama Franco Montoro.

Tenho o maior respeito por ele. Nunca me esqueço, Sr. Presidente - e vou repetir isso tantas vezes quanto eu puder -, que na hora dramática, numa convenção nacional do MDB, eu, presidente do MDB do Rio Grande do Sul, Deputado Estadual, participava daquela convenção, onde havia uma disputa violentíssima - como sempre - porque o presidente do partido era o Sr. Oscar Passos, Senador do Acre. O primeiro vice-Presidente era o Senador Franco Montoro, de São Paulo, e o segundo vice-Presidente era o Deputado Ulysses Guimarães, também de São Paulo. Naquela altura, o MDB tinha sete Senadores aqui e praticamente não tinha nada no Brasil inteiro, pois depois da eleição de 1970 estava se extinguindo. Em São Paulo, o MDB tinha o governador nomeado com o endosso do regime, o Sr. Chagas Freitas, e três Senadores. O Rio de Janeiro exigia uma vice-presidência, na pessoa de Amaral Peixoto. Ficamos um tempo enorme reunidos na sala da presidência do antigo Palácio Tiradentes, e o Presidente Oscar Passos me convidou para participar da reunião e encontrar uma solução. Um dos dois vice-presidentes do PMDB de São Paulo, Franco Montoro ou Ulysses Guimarães, deveria renunciar para que o Rio de Janeiro tivesse um vice-presidente. Franco Montoro acabou entrando na discussão. O Dr. Ulysses Guimarães não dissera uma palavra sequer. Depois de algum tempo, nos convencemos de que não havia lógica, que tínhamos que dar uma vice-presidência a São Paulo. O Presidente Oscar Passos, então, perguntou a Ulysses Guimarães e a Franco Montoro:" Quem sairá do lugar?". O Dr. Ulysses Guimarães, que nada havia falado até então, continuou da mesma forma. Franco Montoro, por sua vez, disse que cedia seu lugar. Trocou de posto com Nelson Carneiro, que era 2º Secretário. Franco Montoro foi para 2º Secretário e Nelson Carneiro subiu. A pretensão era colocar Nelson Carneiro como 1º vice-presidente, no lugar de Franco Montoro. Foi o único momento em que o Dr. Ulysses falou e o fez no sentido de alertar para o fato de que, se havia duas vice-presidências e, no futuro, não haveria nenhuma, o normal seria que se perdesse a segunda e não a primeira. Em vez de Franco Montoro ficar com a vice-presidência e o Dr. Ulysses descer, Franco Montoro desceu e o Dr. Ulysses ficou com a vice-presidência. Esse fato demonstra a grandeza de espírito público que Franco Montoro possui.

Nunca me esqueço de quando as Diretas Já caíram e não sabíamos qual o caminho que o Brasil iria seguir, o que seria feito naquele momento. Franco Montoro era Governador de São Paulo e, junto com o Dr. Ulysses, eram os candidatos em potencial para a Presidência da República pelo PMDB, à frente do Dr. Tancredo Neves. Montoro reuniu os governadores do PMDB - Dr. Tancredo, José Richa, do Paraná, Jader Barbalho, então primeira vez governador do Pará - para debater a presença da oposição no Colégio Eleitoral. Ali, Montoro teve outro gesto: lançou a candidatura de Tancredo e foi o grande coordenador dessa candidatura no Colégio Eleitoral à Presidência da República. O normal era ele ser o candidato - ele era o candidato - mas sentiu que os governadores do Nordeste, do PDS daquela época, começaram a ter simpatia pelo Dr. Tancredo Neves. Então, disse: o Dr. Tancredo é o Governador, é o nosso candidato que pode entrar no Colégio Eleitoral e tirar votos do lado de lá. E foi o nosso candidato. Montoro teve presença.

Por isso, Sr. Presidente, vejo no grande nome que é Franco Montoro um grande brasileiro. Oitenta e um anos, sim. Pena que não estejamos dando a Montoro a atenção que ele merece.

Se lermos os artigos que continua publicando, inclusive o artigo sobre o parlamentarismo, na Folha de S. Paulo, se lermos os seus pronunciamentos sobre o alcance do desenvolvimento social, publicado há aproximadamente um mês, vamos verificar que ele não se apaixonou sequer pelo seu partido, chegando à Presidência, que não se deixou levar por absolutamente nada, que são os seus princípios e as suas idéias.

É por isso que hoje à noite, com tanta polêmica que há na Câmara dos Deputados para a votação do Projeto que trata do Fundo de Estabilização Fiscal, a partir das 20 horas, haverá uma pausa, e toda a classe política estará reunida em torno de Franco Montoro.

Neste momento, levo meu abraço ao grande companheiro e líder Franco Montoro. Neste País onde as interrogações existem e onde não se sabe, muitas vezes, o caminho a seguir, Franco Montoro continua sendo o mesmo nome, com o mesmo ideal, a ser um brasileiro que, quando lemos o que ele faz, sabemos que ali está um grande brasileiro.

A Montoro, o meu carinho e o abraço do Brasil inteiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/07/1997 - Página 14255