O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna saudar importante iniciativa do Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Refiro-me à expedição do novo manual contendo o zoneamento agrícola para a cultura do arroz no meu Estado do Mato Grosso.

           A orizicultura tem grande importância econômico-social em meu Estado. Dados do IBGE indicam que a produção de arroz de sequeiro no Mato Grosso corresponde aproximadamente a 15% do total produzido no País, estando a produtividade da cultura, no Estado, situada em torno de mil e 700 quilos por hectare.

           A importância do zoneamento agroclimático para essa cultura, visando à redução dos riscos típicos da atividade agrícola, não pode ser subestimada. Afinal, a deficiência hídrica, associada a períodos de longa estiagem durante a estação chuvosa, constitui, na atualidade, a principal causa das quebras nas safras de grãos do Brasil Central. Nessa medida, reduzir os riscos climáticos para a atividade agrícola, por meio de trabalhos científicos da qualidade desse ora realizado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, constitui relevante missão em defesa da economia nacional.

           Consciente dessa realidade, o projeto do Ministério da Agricultura, desenvolvido em parceria com a FINATEC, a EMBRAPA, o INMET, o DNAEE, o IAPAR e a EPAGRI-SC, objetivou identificar, quantificar e mapear as áreas mais favoráveis ao plantio da cultura de sequeiro, levando em consideração o clima e, principalmente, a precipitação pluviométrica.

           Com base em dados técnico-científicos, o projeto oferece orientações quanto aos períodos de plantio mais favoráveis por Município e por tipo de solo, de modo a evitar-se as adversidades climáticas responsáveis por significativo percentual de perdas na agricultura. A identificação das regiões de menor e maior risco climático à cultura do arroz de sequeiro para o Estado do Mato Grosso foi feita utilizando-se um modelo de balanço hídrico, para períodos de cinco dias. No modelo, foram empregados os seguintes dados de entrada:

           a) Precipitação pluvial diária (Com utilização de séries históricas de 45 estações pluviométricas com 15 anos de dados diários de precipitação pluvial);

           b) Evapotranspiração potencial;

           c) Coeficiente cultural;

           d) Ciclo e fases fenológicas (Com a utilização de duas cultivares de arroz, sendo uma de ciclo curto -- 110 dias -- e outra de ciclo médio -- 135 dias. O ciclo da planta foi dividido em quatro fases fenológicas: germinação--emergência, vegetativa, floração--enchimento de grãos, e maturação);

           e) Disponibilidade de água no solo (Foram considerados três tipos de solo, com diferentes capacidades de manutenção de água).

           As simulações efetuadas envolveram nove épocas de plantio, no período compreendido entre 1º. de outubro e 31 de dezembro.

           O resultado do zoneamento agroclimático para a cultura de arroz de sequeiro no Estado do Mato Grosso foi um conjunto de 54 mapas, os quais definem as regiões de maior ou menor risco climático e as épocas de plantio recomendadas para cada Município.

           O manual do Ministério da Agricultura terá grande utilidade para o produtor rural mato-grossense, contribuindo para evitar perdas em razão da ocorrência de seca e outros eventos climáticos prejudiciais ao empreendimento do agricultor, os quais acabam tendo reflexos negativos no abastecimento e nos preços dos produtos agrícolas. Temos certeza de que o trabalho redundará no incremento e na expansão da rizicultura no Estado, beneficiando produtores, técnicos e pesquisadores, constituindo, portanto, uma ferramenta básica aos diversos setores ligados à produção orizícola.

           O intuito do Ministério da Agricultura é que as informações do manual sejam amplamente divulgadas e franqueadas às associações de produtores, entidades de assistência técnica e extensão rural, agentes financeiros, cooperativas, secretarias de agricultura e entidades públicas e privadas ligadas ao setor agrícola, de forma a que os agricultores passem a utilizar o zoneamento agrícola como instrumento efetivo para o aumento de produção e produtividade.

           Tendo em vista a grande importância do manual para a economia do Mato Grosso, deixo registrado meu apoio ao Ministério da Agricultura pela sua edição, bem como meu apelo no sentido de que mais recursos sejam alocados para a ampliação desse meritório trabalho. Requeiro, outrossim, a transcrição da referida publicação nos anais desta Casa.

           Era o que tinha a dizer.

           Muito obrigado.