Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM A MEMORIA DO EX-PRESIDENTE ERNESTO GEISEL.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A MEMORIA DO EX-PRESIDENTE ERNESTO GEISEL.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/1997 - Página 15770
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ERNESTO GEISEL, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Antonio Carlos Magalhães, Exmªs autoridades militares e civis aqui presentes, especialmente ex-ministros e colaboradores do nosso homenageado, o ex-Presidente Ernesto Geisel, Srtª Amália Lucy, a quem reverencio nesta hora em que ocupo a tribuna, depois de ter ouvido as palavras dos meus antecessores, principalmente a do primeiro orador, Senador Edison Lobão, por ter tido a idéia e a iniciativa desta solenidade de transcendental importância, de reconhecimento, que homenageia a memória de um dos vultos mais importantes da história contemporânea do Brasil.

Depois da fala completa do Senador Edison Lobão, secundada pelos demais Senadores que o sucederam, que resta a mim dizer ao Senado da República nesta hora e neste momento, quando todos já enumeraram, à exaustão, não só as virtudes e as qualidades, mas as obras no campo econômico, no campo político e no campo social do ex-Presidente Ernesto Geisel?

Todos que me antecederam falaram de uma das coisas mais sublimes do espírito humano, que é a manifestação da amizade. Então, quero dizer que não sou daqueles, Srtª Amália Lucy, que tiveram o privilégio de gozar da intimidade e da amizade do Presidente Ernesto Geisel. Quando S. Exª era Presidente da República do Brasil, eu era Prefeito de um Município do meu Estado, o Mato Grosso do Sul, com 70 mil habitantes, situado às margens do rio Paraná. Uma cidade que sei que alguns dos seus mais íntimos colaboradores conheciam bem. E ao falar isto eu olho para a figura do Ministro Alysson Paulinelli, que, com o Presidente Geisel a assessorá-lo, naturalmente foi o responsável pelo desenvolvimento daquela região do território sul-mato-grossense.

Mas falo com outro sentimento. Se a amizade é o sentimento mais sublime que vai no espírito humano, e se não encontro quase o que falar diante daquilo que já foi dito aqui no Senado, quero dizer que me recordo e sei que a gratidão é o espelho da alma. Portanto, peço licença ao meu Partido, o PMDB, em nome do qual falo, para dizer que quero falar agora em nome de um outro sentimento, lembrando o Padre Vieira, que dizia que na Grécia antiga era reconhecida a existência de três graças: a de quem recebe, a de quem agradece e a de quem retribui.

Parece que esta solenidade e os feitos do Presidente Geisel aqui narrados ainda deixaram algo para o representante de Mato Grosso do Sul falar: ninguém falou que ele foi o responsável pela criação do meu Estado, que modestamente represento nesta Casa. O meu Estado resultou da visão do Presidente Ernesto Geisel, da visão do estadista, da visão daquele que pensou na redivisão territorial do nosso País, daquele que queria criar um Estado sem vícios, daquele que queria criar um Estado que fosse modelo.

Teremos que lutar muito para concretizar o ideal de Geisel, mas nós, de Mato Grosso do Sul, não poderíamos faltar a esta homenagem. Não estivesse aqui em nome do Estado de Mato Grosso do Sul, talvez tivesse tido a ousadia de dizer ao meu grande amigo, ao Presidente do Senado da República, que eu gostaria de falar, sim, para dizer que a voz de Mato Grosso do Sul precisava e precisa ser ouvida quando se presta homenagem à memória de Ernesto Geisel.

Quando fui Prefeito, Ernesto Geisel era o Presidente da República do Brasil. Quando ele se despediu do mundo eu estava no Senado da República e tive a oportunidade de ocupar esta tribuna para dizer aquilo que vou dizer agora, nesta hora e neste momento: Mato Grosso do Sul nasceu, como todos sabem, da inspiração, da visão do grande estadista Ernesto Geisel. Foi ele o homem responsável, por sua vontade política, pela inserção, na bandeira da Federação brasileira, de uma estrela, a 23ª, quando criou o Estado de Mato Grosso do Sul. E, interessante, ele não criou apenas o Estado. Ele o protegeu, ele quis amparar o filho que estava entregando ao Brasil. E como ele enfrentou obstáculos para a concretização deste ato, que foi produto de uma de suas características fundamentais, a sua obstinação, a sua vontade!

A criação do Estado de Mato Grosso do Sul, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não era coisa tranqüila no então Estado de Mato Grosso. Os mato-grossenses-do-norte não queriam a divisão; os mato-grossenses-do-sul estavam divididos, mas a grande maioria queria a criação do Estado de Mato Grosso do Sul. E como me lembro - e quero invocar isto aqui, porque não estou sozinho neste plenário para falar em nome de Mato Grosso do Sul; vejo ali o Senador Levy Dias, meu colega, que também representa o mesmo Estado - da resposta do Presidente Geisel, quando, em Dourados, ao visitar a capital econômica do meu Estado - onde um outro estadista, que foi Getúlio Vargas, promoveu uma verdadeira colonização -, respondeu a uma pergunta do Senador Levy Dias sobre se o Estado iria ser dividido. Naquela hora, a resposta de S. Exª de que estava estudando aquele importante assunto me fez sentir que o sonho do sul-mato-grossense iria ser concretizado, como realmente foi.

Hoje, mesmo aqueles que ficaram descontentes com aquele ato o aplaudem e reconhecem que o Presidente Geisel havia realmente estudado profundamente o assunto, tanto é que a criação de Mato Grosso do Sul propiciou maior progresso e desenvolvimento ao Estado de Mato Grosso.

Falou-se aqui no desenvolvimento integral, naquilo que ele tanto sonhava e desejava - porque Geisel não entendia o desenvolvimento isolado. Disse bem o Senador Edison Lobão, ele queria o desenvolvimento integrado, que significava o desenvolvimento econômico, social e político, objetivando a criatura humana, objetivando o homem brasileiro, objetivando melhor qualidade de vida para o nosso povo, para a nossa gente. 

O Presidente Geisel, quando criou Mato Grosso do Sul, criou também os instrumentos para o seu desenvolvimento. Numa época de inflação assustadora, ele já planejava; ele acreditava, ele tinha teimosia e obstinação pelo planejamento. E o Ministro Alysson Paulinelli sabe que foi na sua gestão - e o disse o Senador Edison Lobão -, na administração do Presidente Ernesto Geisel, que para o meu Estado, especificamente, foi criado o Polocentro, que redimiu os cerrados brasileiros, acrescentando ao sistema produtivo do nosso País mais de 1 milhão de hectares, que reflorestou uma grande região do meu Estado. E a Dourados, naquele episódio a que me referi, fora o Presidente para lançar um programa de desenvolvimento da Grande Dourados, a região da agricultura no Mato Grosso do Sul.

E no Pantanal, dádiva da humanidade que queremos preservar, ainda ontem o Presidente Fernando Henrique Cardoso, na minha querida cidade de Corumbá, federalizava o Programa do Pantanal, elaborado pelos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com investimento de US$400 milhões, que esperamos se concretize.

O Presidente Ernesto Geisel, ao tempo em que exercia a Suprema Magistratura do País, lançou lá aquilo que o Senador Edison Lobão, quando enumerou as grandes obras de Sua Excelência, não se esqueceu de citar: o Prodepan, uma relíquia da humanidade.

Sr. Presidente, não sei como esta Casa está recebendo a minha fala. Estou falando no Brasil pensando em Mato Grosso do Sul.

Presidente Antonio Carlos Magalhães, não é privilégio de V. Exª falar e defender o Brasil pensando na Bahia; eu também falo e digo do Brasil pensando no Estado para o qual peço desenvolvimento, para o qual peço progresso, para o qual peço a visão do Presidente Ernesto Geisel, para que o interior do Brasil possa, para que a Região Centro-Oeste possa, para que possam as regiões mais pobres do Brasil sair da desigualdade em que se encontram e fazer parte do desenvolvimento que hoje existe nas regiões mais ricas do nosso País, especificamente no Sul e Sudeste.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srtª Amália Lucy, ficamos procurando algo para dizer. Eu estava ali conversando com o Ministro Arnaldo Prieto, quando me ocorreu que o Presidente Ernesto Geisel foi uma figura muito singular entre os brasileiros. Ele usou a farda e dignificou-a; vestiu a toga e honrou-a; colocou a faixa presidencial e, no seu peito, batia muito forte o sentimento que ele tinha de brasilidade e de nacionalidade, a vontade que ele tinha de realizar um sonho.

A política é a arte do possível e, no campo político, ele avançou onde pôde, porque todos sabemos que tinha o ideal, sim, de conduzir este País a uma verdadeira democracia, como temos, hoje, Sr. Presidente, Srs. Senadores; a indômita vontade de fazer do Brasil uma Pátria mais forte e mais feliz.

Muito obrigado. (Muito bem! Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/1997 - Página 15770