Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM A MEMORIA DO EX-PRESIDENTE ERNESTO GEISEL.

Autor
Levy Dias (PPB - Partido Progressista Brasileiro/MS)
Nome completo: Levy Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A MEMORIA DO EX-PRESIDENTE ERNESTO GEISEL.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/1997 - Página 15776
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ERNESTO GEISEL, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. LEVY DIAS (PPB-MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Membros da Mesa, autoridades civis e militares, quem fala no final sempre fica um pouco prejudicado.

Eu queria deixar aqui hoje um pequeno depoimento sobre a convivência que tive com o ex-Presidente da República Federativa do Brasil, Ernesto Geisel.

Eu governava a cidade de Campo Grande, Capital do meu Estado, e bati às portas de Brasília em busca de apoio, como normalmente fazem todos os prefeitos. E quero deixar registradas algumas características da equipe do Presidente Geisel, dos Ministros que nos atenderam.

Um dos maiores caracteres que conheci na minha vida, o Ministro Maurício Rangel Reis tinha sensibilidade; atendia aos Prefeitos de forma diferente. E essa era uma característica que vinha do Comando Maior da Nação, ou seja, do Presidente Ernesto Geisel. S. Exª nos atendia, prestava atenção no que dizíamos e cumpria o que falava. 

A autoridade do Presidente da República, a sua postura, a sua honradez o faziam, como tão bem ressaltou Elcio Alvares, ser reconhecido nas ruas e nas praças como um homem importante para ser o Comandante da Nação num momento tão difícil como o que vivemos nos idos da década de 70.

Sua Excelência foi ao meu Estado lançar vários programas, programas para serem cumpridos - é muito importante que se diga isso. O jovem Ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, que foi o grande general dos programas de penetração nos cerrados do nosso País, lançou o Pólo-Centro no Mato Grosso do Sul.

Nenhum programa era de um único Ministério. Todos os programas eram interministeriais. Foram os Ministros do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso, da Agricultura, Alysson Paulinelli, do Interior, Maurício Rangel Reis, vários Ministros, que lançaram o programa.

Cabe muito bem que se diga, nos dias de hoje, a razão dessa visão do Estadista.

Todos conhecem a célebre frase que diz que a diferença entre o estadista e o político comum é que o estadista toma as suas decisões pensando nas próximas gerações, enquanto o outro toma suas decisões pensando nas próximas eleições.

Ora, decolamos no avião Búfalo, da FAB, em Campo Grande, rumo a Dourados, cidade mencionada pelo meu colega de Mato Grosso do Sul, Senador Ramez Tebet. Quando o avião descia em Dourados, pela janela do avião, víamos a terra vermelha trabalhada encontrar-se com o horizonte. Dizia o Presidente: "temos que fazer tudo o que pudermos para que o homem do campo não deixe o campo".

Ele vinha do Rio Grande do Sul e conhecia esse assunto. Falava, portanto, com autoridade. Graças às decisões do Presidente em benefício da produção rural, integraram a área produtiva deste País sete milhões de hectares de cerrado. A propósito, hoje, Paulinelli me dizia: "Nós cultivamos em nosso País 37 milhões de hectares de cerrado. Há 150 milhões de hectares disponíveis hoje para serem cultivados e não há um só programa de desenvolvimento para a área da produção rural".

E surge um outro problema. Qual é um dos maiores dramas que o nosso País vive hoje?

A violência no campo.

Se tivesse sido dado prosseguimento ao trabalho desenvolvido pelo Presidente Ernesto Geisel, as Capitais do nosso País não estariam inchadas em razão de as pessoas estarem sendo expulsas do campo. De nada adianta alardear que são assentadas, em um ano, 40 mil famílias no campo, quando só a área algodoeira expulsou um milhão de pessoas para as grandes cidades.

O Presidente Ernesto Geisel tinha uma visão de estadista. Convivi pouco com Sua Excelência, mas todas as vezes em que estivemos juntos, estive diante de um Presidente da República que falava e cumpria, estive diante de um Presidente da República cujas determinações eram cumpridas. Ninguém ousava passar por cima da sua autoridade.

D. Amália Lucy, juntamente com a sua mãe, foi à minha cidade. Eu as levei para visitar a Escola Professor Plínio Mendes dos Santos, no bairro Guanandi, a fim de conhecerem o que fazíamos na área da educação. Lá ainda hoje está gravada a visita da D. Lucy Geisel em uma placa de bronze.

Campo Grande deve muito ao Presidente Ernesto Geisel. Foi Sua Excelência quem mais apoiou a instalação de um sistema de saneamento básico na cidade. A propósito, como prefeito, em decreto, determinei que fosse dado o nome de Presidente Ernesto Geisel a uma das principais avenidas da nossa cidade. O Senador Edison Lobão disse que ele relutou em receber o título no Maranhão. Isso era muito próprio de seu modo de ser. Naquela época, recebi uma carta do Ministro Golbery, dizendo que o Presidente agradecia muito a honra, mas não podia aceitá-la porque era contrário a dar nome de pessoa viva a uma via pública. Enviei, então, uma carta ao Ministro Golbery pedindo desculpas por não aceitar as desculpas. Esclareci que aquela seria a única oportunidade que eu teria para homenagear o Presidente e insisti em manter o nome. Hoje, uma das principais avenidas da minha cidade, Campo Grande, chama-se Avenida Ernesto Geisel.

A homenagem está lá.

Devemos reverenciar sempre e sem medo aqueles que realmente prestaram um serviço verdadeiro, patriótico à nossa Nação. Sempre digo em meus pronunciamentos que devemos reaprender a cantar o Hino Nacional. E a figura do Presidente Ernesto Geisel inspirava em toda a Nação brasileira, do mais humilde ao mais alto na escala social, respeito. Sentiam todos estar diante de uma autoridade que tinha visão, que atuava, que planejava e executava corretamente e que tinha feito o Brasil dar um grande salto.

Ao falar nos programas que empreendemos na área rural - e vejo presente no plenário o ex-Ministro Dante de Oliveira - eu não poderia omitir que também demos um grande salto na área das telecomunicações. Lembro que no interior foi um grande susto quando conseguimos instalar o telefone.

Agradeço a sua compreensão. V. Exª concedeu-me a palavra apesar de eu não estar inscrito. Eu estava ao seu lado na mesa e pedi que deixasse a Mesa para registrar aqui hoje um Governo que serviu de modelo para todo o nosso País.

Como Governo, como chefe de família, como patriota, como brasileiro, o Presidente Ernesto Geisel foi um modelo para nossa Nação, para a nossa geração com o seu caráter, a sua honradez, a sua seriedade, a sua postura, a sua força de impor a todos aquele respeito quase reverencial à Nação brasileira.

Gostaria, hoje, de declarar a todos os presentes - avistei inúmeros amigos do ex-Presidente Geisel - que convivi pouco com ele, mas aprendi muito, aprendi a respeitá-lo e a ver a forma de decisão que um estadista precisa ter. Segurar o homem que trabalha e vive no campo é muito mais fácil, muito mais barato e muito mais humano do que tentar devolvê-lo, depois de conquistar a cidade, para o campo.

Esta homenagem que faço ao ex-Presidente Ernesto Geisel faço-a também ao Sr. ex-Ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli e a toda a equipe do ex-Presidente Ernesto Geisel, que era de primeira grandeza. Falo com o meu coração e a alma, como disse o meu querido Líder Elcio Alvares, porque este momento é propício para externar o sentimento verdadeiro, sincero, sério, das pessoas que amam esse imenso Brasil.

Muito obrigado.(Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/1997 - Página 15776