Fala da Presidência no Senado Federal

HOMENAGEM A MEMORIA DO EX-PRESIDENTE ERNESTO GEISEL.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A MEMORIA DO EX-PRESIDENTE ERNESTO GEISEL.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/1997 - Página 15778
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ERNESTO GEISEL, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) - Srs. Senadores, Srs. ex-Ministros do Governo Geisel, Srs. Oficiais Generais, amigos do ex-Presidente Geisel - que somos todos- , prezada e querida amiga Amália Lucy, quis o destino que me coubesse presidir esta sessão, como Presidente do Senado Federal, em homenagem ao ex-Presidente Ernesto Geisel.

Dizer das qualidades do ex-Presidente Ernesto Geisel já agora é inteiramente desnecessário. Ninguém é evidentemente mais digno do que ele, ninguém mais sério nas atitudes, mais honrado e com mais senso de autoridade. Daí por que o povo brasileiro, através dos Srs. Senadores, homenageia hoje um ex-Presidente que tanto serviu ao Brasil. E agora, quando vejo inclusive oficiais generais presentes a esta solenidade, tenho certeza de que todos eles não estão aqui para reverenciar o General Presidente, mas o Presidente General que honrou ao Exército e, sobretudo, dignificou a Nação. Daí por que posso dizer que nós, neste instante, passadas as paixões políticas tão naturais nos embates partidários, e sobretudo em relação a ideologias, posso dizer com a tranqüilidade de consciência que o Presidente Geisel está merecendo a homenagem pelo muito que fez em todas as suas atividades, quer de militar, quer de Tenente na Paraíba, quer como Presidente da Petrobrás, como Coronel-Presidente do Conselho Nacional de Petróleo, em vários regimes sempre dignificou os postos que exerceu.

Entendo que, mais do que certo, era indispensável que a Nação, por intermédio do Senado, prestasse essa homenagem ao ex-Presidente Ernesto Geisel. Sinto particularmente, dado o convívio que sempre tive com ele, muita emoção em estar aqui neste instante, presidindo esta solenidade.

Os diversos oradores, cada um no seu campo, traduziram uma face, o perfil do Presidente, uma faceta da sua vida. Mas tudo o que se disse é pouco em relação às suas qualidades morais e à sua capacidade de administrador público.

Costumo dizer - e vou aproveitar para repetir agora - com a tranqüilidade de consciência: o regime militar teve muitas virtudes e alguns defeitos ou pecados, mas, como todo regime, teve a colaboração de muitos e muitos civis que hoje, alguns, jogam pedra no passado, esquecidos das virtudes e do valor que o regime militar - tão conhecido como regime militar, mas que serviu ao País em determinada época - teve de positivo em relação ao povo brasileiro.

E é só ver a evolução hoje. Estamos em pleno regime democrático, felizmente, e graças também à compreensão de todos aqueles que, por interesse e civismo, serviram no passado a uma época tão difícil, que talvez fosse mais difícil servir do que não servir e ficar falando sem construir.

Todos sabem que o Presidente Ernesto Geisel, desde Chefe da Casa Militar do grande Presidente Humberto Castelo Branco, mostrou-se um homem competente, um homem digno e o campeão da antitortura no Brasil! Ele, ainda Chefe da Casa Militar, dirigia-se para Pernambuco para evitar tortura. Ele e todo o seu Governo, já no exercício da Presidência, lutou muitas vezes contra colegas - e como lutou! -, mas não permitiu que a tortura fosse uma marca do seu Governo ou do nosso País.

Essas qualidades têm que ser exaltadas, além de se dizer, porque ele conhecia tão bem o Nordeste, que foi ele muito responsável por diminuir os desequilíbrios regionais, ainda hoje existentes em nosso Brasil. Ele sabia que ninguém poderia dispensar a força de São Paulo. Este já é forte por si mesmo. Por isso ele sabia que tinha que olhar para as regiões mais carentes e compensar as mais pobres do Brasil, como aqui se viu no Centro-Oeste, no Norte ou no Nordeste.

Vários Senadores mostraram facetas do seu trabalho em determinada região ou, em particular, nos seus Estados. Não há um Estado brasileiro que não tenha a marca do ex-Presidente Ernesto Geisel. Aqui vejo empresários que trabalham na Bahia e que foram prestigiados pelo Presidente Geisel, porque foi ele o autor do Pólo Petroquímico da Bahia, que levou, como Presidente da Petrobrás, a vontade política do Presidente Médici no sentido de realizar esse pólo que deu a independência econômica da Bahia em seu tempo e que ainda hoje é uma parte do sustentáculo da economia baiana.

Por isso, eu, que tantos conselhos tive; eu, que tantas discussões também tive por força dos nossos temperamentos parecidos, tenho o dever de dar esse testemunho, de ver como ele tinha o respeito à figura do seu irmão como militar do Exército, Orlando Geisel, e de ver como ele também atuou, seja na Casa Militar, seja na Presidência da República, não como militar, mas como homem que sabia os seus deveres com as Forças Armadas, mas sabia, além disso, os seus deveres com a Nação. Por isso vejo que empresários baianos aqui presentes, honrando essa homenagem, desejam prestar significativa homenagem ao Presidente Geisel, dando o nome do Pólo Petroquímico da Bahia, Presidente Ernesto Geisel, ele, que foi o grande realizador deste magnífico projeto industrial.

Portanto, eu, mais do que todos, ou juntando-me a todos, juntando-me ao povo brasileiro, quero transmitir à Dona Amália Lucy as homenagens da Nação ao grande Presidente e sobretudo àquele homem honrado, estadista, autoritário não, mas com autoridade, autoridade que é indispensável para todo homem público que é bem dirigir um País ou um Estado. Daí por que participo com muita felicidade, com muita... não posso dizer alegria porque é saudade, mas como um dever cívico, desta homenagem que a Nação brasileira presta ao Presidente Ernesto Geisel.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/1997 - Página 15778