Discurso no Senado Federal

CRITICANDO NOTICIAS PUBLICADAS NOS JORNAIS SOBRE OS ENTENDIMENTOS HAVIDOS ENTRE A ESQUERDA NO BRASIL, SEGUNDO AS QUAIS NÃO HA POSSIBILIDADE DE UNIFICAÇÃO DESSAS FORÇAS.

Autor
Benedita da Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Benedita Souza da Silva Sampaio
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • CRITICANDO NOTICIAS PUBLICADAS NOS JORNAIS SOBRE OS ENTENDIMENTOS HAVIDOS ENTRE A ESQUERDA NO BRASIL, SEGUNDO AS QUAIS NÃO HA POSSIBILIDADE DE UNIFICAÇÃO DESSAS FORÇAS.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/1997 - Página 16648
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ANALISE, NOTICIARIO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, VIABILIDADE, UNIÃO, PARTIDO POLITICO, OPOSIÇÃO, GOVERNO, COMBATE, EXCLUSÃO, NATUREZA SOCIAL, FOME, MISERIA, BRASIL.

A SRª BENEDITA DA SILVA (Bloco-PT-RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de falar a respeito da Previdência Social, mas as últimas notícias publicadas nos jornais sobre os entendimentos havidos entre a esquerda no Brasil, afirmando que não há nenhuma possibilidade de unificação dessas forças, trouxe-me com urgência à tribuna para dizer que a união das esquerdas no País é viável, é possível, o que prova o nosso amadurecimento.

E o futuro da Oposição não deve ser de um Partido só. Não podemos acompanhar o dito popular "antes só do que mal acompanhado", nos seguintes termos: não é possível que o campo popular e democrático neste País não tenha as condições necessárias para unificar suas idéias e seus sentimentos, quando há verdadeiramente um clamor na base eleitoral brasileira.

Já cansei de afirmar desta tribuna que um Governo sem Oposição se perde. E, quando o Governo se perde, quem perde mais do que o governante é o povo. Estamos vendo que, na medida em que não há uma unificação das esquerdas brasileiras, não há também uma Oposição que se confronte ao projeto hoje sustentado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Esse projeto desafia-nos a estar juntos, deixando de lado questões menores ou individuais, que possam permear o conjunto dos Partidos de esquerda.

Não queremos a responsabilidade sozinhos daqueles que lamentarão depois de não terem dado uma contribuição. Essa contribuição não nos faz recuar, pelo contrário, precisamos ter a consciência de ceder sem perder; precisamos ter a consciência de avançar sem atropelar. Que esses interesses menores possam estar colocados de lado, na medida em que estamos vendo crescer as desigualdades sociais neste País.

Não bastam apenas discursos. É preciso uma ação, e o povo brasileiro requererá, do setor popular e democrático, esse gesto que, de forma nenhuma, muda a característica dos Partidos que compõem o bloco ou a frente; gesto que dá à sociedade brasileira um instrumento para que ela possa confrontar com o projeto que será defendido nas eleições de 1998. Não quero ficar fora desse projeto. Mais que um nome e que um resultado da pesquisa, há a necessidade da unificação desse campo.

Como não deixei de sonhar e como não posso sonhar sozinha, estou firme no propósito de, nessa articulação dos Partidos de esquerda, demonstrar que não se trata apenas de uma situação eleitoral para 1998, mas de dar uma contribuição para que, nesse ano, o campo popular e democrático seja composto por PT, PSB, PCdoB e PDT, para que esses Partidos estejam no mesmo palanque pela sucessão presidencial e pelos governos de Estado, para que o Congresso brasileiro - Câmara dos Deputados e Senado Federal - possa triplicar as suas bancadas e para que as nossas representações tenham o compromisso com um projeto estratégico no combate à exclusão social, à fome e à miséria neste País.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/1997 - Página 16648