Discurso no Senado Federal

ENTREVISTA DO DR. LUIZ MARCOS SUPLICY HAFERS, PUBLICADA ONTEM NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, MOTIVO DE COMENTARIO, HOJE, DO ARTICULISTA CLOVIS ROSSI EM EDITORIAL INTITULADO 'O DIREITO A ESPERANÇA', ACERCA DO PROBLEMA DA REFORMA AGRARIA NO BRASIL.

Autor
Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • ENTREVISTA DO DR. LUIZ MARCOS SUPLICY HAFERS, PUBLICADA ONTEM NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, MOTIVO DE COMENTARIO, HOJE, DO ARTICULISTA CLOVIS ROSSI EM EDITORIAL INTITULADO 'O DIREITO A ESPERANÇA', ACERCA DO PROBLEMA DA REFORMA AGRARIA NO BRASIL.
Publicação
Publicação no DSF de 24/07/1996 - Página 13074
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, DEFESA, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, NECESSIDADE, EXPECTATIVA, MELHORIA, VIDA, TRABALHADOR RURAL, SITUAÇÃO, EXCLUSÃO.

A SRª MARINA SILVA (PT-AC. Para uma breve comunicação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, em primeiro lugar, gostaria de dizer que me sinto gratificada por saber que na lista dos dez mais influentes do Congresso Nacional, ainda que em arrasadora minoria, o Partido dos Trabalhadores tem dois representantes: o Deputado José Genoíno e o nosso querido Senador Eduardo Suplicy.

O motivo, entretanto, que me traz à tribuna, Sr. Presidente, é um breve comentário que gostaria de fazer a respeito de matéria, publicada ontem no jornal Folha de São Paulo, de autoria do Sr. Luiz Marcos Suplicy Hafers, que aborda o problema da reforma agrária no Brasil.

Foi uma entrevista muito interessante, muito inteligente, que hoje motivou um comentário do articulista Clóvis Rossi sobre o posicionamento do Sr. Luiz Suplicy, que, aliás, é primo-irmão do Senador Eduardo Matarazzo Suplicy. Diz o jornalista:

      "Embora se diga um "rústico", Luiz Marcos Suplicy Hafers, o presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), dá lições de sensibilidade política ao Governo de FHC, exatamente o que se considera tudo menos "rústico"."

      Na entrevista publicada ontem por esta Folha de São Paulo, Luiz Hafers diz, por exemplo: "Se você está desesperado, sem emprego, sem educação e vem alguém com uma bandeira vermelha e lhe dá esperança, você vai atrás. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) foi o único que deu esperança a essa gente."

      Perfeito. Primeiro por "dessatanizar" o MST, movimento que visivelmente não conta com uma simpatia da SRB."

E eu acrescento que o movimento não conta com a simpatia dos grandes proprietários. Assim, segue o articulista, fazendo comentários a respeito da posição do presidente recentemente empossado da Sociedade Rural Brasileira. E diz que o Brasil precisa dar esperança a essas pessoas e que essas esperanças não podem ser falsas, não podem ser enganosas.

Eu acredito que defender reforma agrária neste País não é defender esperanças falsas nem enganosas; é, pelo contrário, defender - como já tenho dito inúmeras vezes - a única possibilidade de incluir milhões de trabalhadores que não têm a mínima possibilidade de adquirir um espaço nas grandes cidades, que não têm como ser incorporadas pelo mercado de trabalho. Se essas pessoas pelo menos têm um pedaço de terra, podem ali edificar uma moradia, produzir para alimentar suas famílias. Podem, também, a partir do seu trabalho, com um mínimo de apoio por parte do Governo, com a presença do Estado na área de saúde e educação, oferecer dignidade para os seus filhos, para sua família.

Parabenizo o Sr. Luiz Marcos pela brilhante entrevista.

Parabenizo-o também por trazer esperança. Sempre digo: podemos ser roubados de tudo, menos das nossas esperanças. Felizes daqueles que conseguem dar esperanças aos desesperançados.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pode ter problemas, como todos temos quando queremos resolver as grandes questões do País, mas não se pode negar que foram os únicos que deram esperanças aos que estão completamente à margem da vida.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/07/1996 - Página 13074