Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AO DIA DO MAÇOM.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AO DIA DO MAÇOM.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/1997 - Página 16893
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MAÇONARIA.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Nobre Senadora Júnia Marise, que preside esta sessão, Srs. Senadores, Srs. membros da Maçonaria que nos visitam, o Senador Valmir Campelo, em seu pronunciamento extremamente objetivo, que é profundo conhecedor da obra da Maçonaria no Brasil, cometeu comigo, infelizmente, uma indelicadeza: S. Exª me tirou absolutamente tudo que havia preparado para falar sobre a Maçonaria no Brasil e em Brasília.

Mas, ao cometer essa indelicadeza, S. Exª, na verdade, cumpriu a sua missão como Senador de registrar oficialmente para o País a importância que o Congresso Nacional dá a um segmento organizado da sociedade brasileira que, ao longo de mais de 170 anos, tem contribuído, de forma decisiva, com a sociedade brasileira.

Restam-me, então, duas alternativas e eu vou tentar conciliar as duas. A primeira é pedir licença ao Senador Valmir Campelo para fazer das palavras de S. Exª as minhas, subscrevê-las integralmente e dizer que todas as suas palavras proferidas aqui refletem o pensamento da grande maioria do Congresso Nacional. A segunda alternativa é, rápida e improvisadamente, lembrar que falar no "Dia do Maçom" é, na verdade, falar sobre a história deste País.

A Loja Grande Oriente do Brasil especificamente sempre esteve na linha de frente da luta em defesa dos interesses nacionais. Desde a Independência, passando por todos os momentos importantes da história brasileira, como a Proclamação da República, a Maçonaria, de forma organizada, contribuiu decisivamente para os avanços políticos e sociais da nossa sociedade.

A Inconfidência Mineira, por exemplo, foi organizada e deflagrada pela Maçonaria: Tiradentes, Tomás Antônio Gonzaga e outros eram maçons. O Dia do Fico, que foi o passo na Independência, só se concretizou com a organização do Clube da Resistência, formado por Joaquim José da Rocha, Juvêncio Maciel da Rocha, Luiz Pereira da Nóbrega e outros maçons, com o propósito de impedir o retorno a Portugal do Príncipe D. Pedro. A própria Independência teve, por trás de D. Pedro, a posição firme e decidida dos maçons, liderados por Gonçalves Ledo.

A partir de então, todos os episódios importantes da História do Brasil tiveram participação da instituição: a Lei do Ventre Livre; a Abolição da Escravatura; a Proclamação da República - e é bom lembrar que o Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro Presidente da República brasileira, era maçom -; a primeira Constituição Republicana, que foi redigida no Palácio do Lavradio, a sede nacional da Maçonaria à época; o Tenentismo, a Revolução de 30... enfim, esses e muitos outros episódios se desenvolveram sob a liderança da Maçonaria.

Se o Grande Oriente do Brasil teve papel decisivo na construção da nacionalidade, hoje a sua participação no processo de consolidação das instituições democráticas continua a ser tão determinante quanto foi no passado. Só que a instituição não faz alarde desse trabalho. Ao contrário, sua marca característica é a discrição. Essa marca decorre de uma tradição milenar - trabalhar pelo bem comum sem esperar ganhos nem reconhecimento público. O lema que rege o Grande Oriente do Brasil define bem esta filosofia: "Dar com a mão direita o que a esquerda não está aberta para receber".

A Maçonaria está organizada em todos os países do mundo. E, no Brasil, o Grande Oriente tem 1900 lojas, com mais de 135 mil filiados. Desses, registro, 6 mil são de Brasília, onde existem 53 lojas.

Seu trabalho ultrapassa em muito o âmbito institucional e político. Abrange também um papel social e assistencial relevante em todas as comunidades onde está organizado. Só para se ter uma idéia, a Maçonaria mantém 888 creches, hospitais, asilos, colégios e instituições, entre as quais destaca-se a Fundação Gonçalves Ledo, exemplo de trabalho social e comunitário.

Quero, finalmente, dar um testemunho. Durante a campanha que se desenvolvia no Brasil a favor do direito da recandidatura, batizada como campanha da reeleição, a Maçonaria convidou-me para um encontro reservado, na sua sede nacional aqui em Brasília. Chegando lá, fui surpreendido com a presença de milhares de amigos do País inteiro, que subscreviam um documento - do qual fui portador ao Presidente da República - dizendo que a Maçonaria era a favor do aprimoramento das instituições democráticas e entendia que o direito do governante, de qualquer partido e de qualquer nível de governo, de se recandidatar e ser julgado pelas urnas era um aprimoramento democrático que a Maçonaria, portanto, corajosamente defendia.

Quero dizer aos Srs. Senadores que essa postura teve uma grande repercussão no pensamento crítico da sociedade brasileira.

O segundo registro é que, no último encontro nacional, que se denominou "Compasso para o Futuro", que se realizou nos dias 12 a 15 de junho, em Brasília, não só o Congresso Nacional foi visitado por milhares de maçons do Brasil inteiro, como todas as festividades que se realizaram tiveram o maior êxito, pela presença de brasileiros de praticamente todos os Municípios, de todos os Estados, de todas as Capitais, que discutiram as formas pelas quais, a partir de agora, a Maçonaria pode ajudar ainda mais a sociedade brasileira.

Naquele evento, falando em nome do Congresso Nacional, eu disse uma frase que, para meu prazer, para minha satisfação, foi repetida pelas mais altas lideranças maçônicas durante aquele congresso. Eu dizia que, apesar de ter 175 anos de vida - em um país como o nosso, quantas instituições podem dizer que têm 175 anos? Pouquíssimas. -, a Maçonaria é uma instituição que pode dizer que tem mais futuro do que passado, pela organização dos seus quadros, pelos ideais que unem os seus membros e, principalmente, pela permeabilidade que tem na sociedade brasileira.

Daí por que, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senado Federal aprovou a realização desta homenagem, que não é dedicada apenas aos Srs. membros da Maçonaria que aqui nos honram com as suas presenças, mas é uma homenagem a toda a Maçonaria brasileira. Cada cidadão brasileiro que se conecta a essa instituição, esteja onde estiver, em qualquer Estado e em qualquer cidade, saberá desta homenagem e receberá esta homenagem como um reconhecimento do Congresso Nacional pelo que ele, como cidadão, e pelo o que a instituição como um todo fazem para melhorar a vida das pessoas, para diminuir o sofrimento dos que podem menos, para aperfeiçoar as instituições democráticas, enfim, por aquilo com que ela contribui para a construção de uma nação de pessoas mais felizes.

Com estas palavras, Srª Presidente, deixo aqui a minha homenagem, a nossa homenagem à Maçonaria, registrando que as palavras do Senador Valmir Campelo, que abriram esta sessão, traduziram, com muita felicidade, o pensamento de toda esta Casa.

Muito obrigado. (Muito bem!)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/1997 - Página 16893