Discurso no Senado Federal

QUESTIONANDO POSIÇÃO DO GOVERNO FEDERAL ANTE A POSSIVEL FALENCIA DA CONSTRUTORA ENCOL, QUE FARA MAIS 12 MIL DESEMPREGADOS E PREJUDICARA 42 MIL FAMILIAS, QUE EMPENHARAM SUAS POUPANÇAS NO SONHO DA CASA PROPRIA.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA HABITACIONAL.:
  • QUESTIONANDO POSIÇÃO DO GOVERNO FEDERAL ANTE A POSSIVEL FALENCIA DA CONSTRUTORA ENCOL, QUE FARA MAIS 12 MIL DESEMPREGADOS E PREJUDICARA 42 MIL FAMILIAS, QUE EMPENHARAM SUAS POUPANÇAS NO SONHO DA CASA PROPRIA.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/1997 - Página 16963
Assunto
Outros > POLITICA HABITACIONAL.
Indexação
  • CRITICA, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PREJUIZO, POPULAÇÃO, MUTUARIO, RESULTADO, FALENCIA, EMPRESA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO.
  • DEFESA, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL, DIRETORIA, EMPRESA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO, FALTA, COMPETENCIA ADMINISTRATIVA, EMPRESA, CONSTRUÇÃO CIVIL, PROVOCAÇÃO, DESEMPREGO, FUNCIONARIO CIVIL, EMPRESA PRIVADA, MUTUARIO.
  • COBRANÇA, URGENCIA, PROVIDENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), MINISTERIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO (MPO), PRESIDENTE, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A (BANESPA), BANCO DO BRASIL, DECISÃO, FALENCIA, EMPRESA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO, PREJUIZO, MUTUARIO, AMEAÇA, DESEMPREGO, FUNCIONARIO CIVIL, MOTIVO, CONCESSÃO, EMPRESTIMO, EMPRESA, CONSTRUÇÃO CIVIL.
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PEDIDO, FALENCIA, EMPRESA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO, AUTORIA, BANCOS, AUMENTO, PATRIMONIO INDIVIDUAL, DIRETORIA, EMPRESA, CONSTRUÇÃO CIVIL, SIMULTANEIDADE, PREJUIZO, FUNCIONARIO CIVIL, MUTUARIO.

O SR. ADEMIR ANDRADE (BLOCO/PSB-PA. Para uma comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, o Brasil é realmente um País que se transforma no paraíso dos ladrões de colarinho branco.

Quero imaginar como vai ficar o Presidente Fernando Henrique Cardoso diante da atitude que Sua Excelência tomou ao socorrer com R$25 bilhões os bancos falidos deste nosso País. Na ocasião em que socorreu os bancos, captando dinheiro no mercado interno, subsidiando os empréstimos que deu a esses banqueiros, dando prejuízo ao povo brasileiro - houve aumento da dívida interna, como admitiu aqui o Ministro Pedro Malan -, o Presidente afirmou que os que deram desfalque nos bancos, entre os quais sua nora, iriam para a cadeia. Até agora ninguém foi para a cadeia, até agora ninguém perdeu os seus bens.

Neste instante, o Brasil se vê diante de mais um escândalo, o da Encol, a maior empresa de construção civil do País. Ela está, praticamente, em estado falimentar: deve R$850 milhões aos bancos e R$2,1 bilhões a 42 mil mutuários, que sonharam com a casa própria e fizeram grande sacrifício para realizar seu sonho, além dos salários de seus 12 mil funcionários, atrasados há três meses.

O Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso foi pródigo ao socorrer os bancos com R$25 bilhões, o que não aumentou emprego de ninguém, pois na verdade visava apenas garantir as aplicações externas colocadas em nossos bancos para manter as reservas internacionais. O Governo estava mais preocupado em manter o bom nome do Brasil perante as instituições internacionais do que em socorrer o correntista ou o poupador nacional.

Até agora, o Presidente da República ainda não se manifesta sobre o socorro a 42 mil mutuários. Além disso, há 12 mil funcionários cujos salários estão atrasados há três meses.

Vejam o que diz a manchete do Jornal O Globo:

      "Bancos vão pedir a falência da Encol

      Enquanto empresa atravessa sua pior crise, patrimônio de ex-diretores não pára de aumentar".

A reportagem enumera os bens do ex-dono da Encol e de cada um dos ex-diretores da empresa.

É muito fácil roubar neste País, Sr. Presidente. É muito fácil enriquecer às custas dos desavisados, é muito fácil enriquecer às custas de quem confia no sistema e aplica sua poupança para realizar o sonho da casa própria. É lamentável a situação de 42 mil mutuários espalhados pelo Brasil, muitos dos quais já quitaram seus financiamentos.

Quero ver agora como o Senhor Presidente Fernando Henrique Cardoso irá manifestar-se diante de tal fato. Se ele foi capaz de socorrer os bancos com R$25 bilhões, que fará agora com a Encol?

Em breve haverá grande disputa sobre o que restou da Encol. O restante do patrimônio das mais de trezentas obras inacabadas será disputado pelos bancos, que têm R$850 milhões de crédito, pelos mutuários, que têm R$2,1 bilhões de crédito, e pelos 12 mil funcionários, que estão à espera dos seus salários ou das suas indenizações.

Pelo que a imprensa publica, os privilegiados que vão tomar conta do espólio da Encol são os donos dos bancos, que detêm a menor dívida. Quero saber como ficarão os 12 mil funcionários da Encol e os 42 mil mutuários que confiaram nessa empresa e aplicaram suas economias na compra de imóvel.

Que se pronuncie o Governo Fernando Henrique Cardoso! Que os integrantes do Poder Judiciário deste País tenham vergonha na cara e ajam para colocar na cadeia as pessoas irresponsáveis que roubaram 42 mil famílias de trabalhadores neste País! Não é possível continuar aceitando essa impunidade. Não é possível continuar aceitando essa falta de vergonha. Não é possível continuar aceitando esses crimes do colarinho branco. Que o Senhor Presidente da República, os Srs. Ministros da Fazenda e do Planejamento e os Srs. Presidentes da Caixa Econômica, do Banco do Brasil e do Banespa, que emprestaram dinheiro a essa empresa sabendo das dificuldades dela, reúnam-se e tomem uma decisão! Quantas comissões não rolaram para que esses recursos fossem liberados! Que essas pessoas agora ajam para resolver o problema dos 12 mil funcionários e dos 42 mil mutuários, que enfrentam grandes dificuldades neste momento.

Essa é a minha primeira manifestação sobre o assunto, mas voltarei a tratar dele neste plenário e na Comissão que presido. O Governo não lavará suas mãos diante de tal fato, porque não aceitaremos que assim o faça. Esperamos que o Governo assuma sua responsabilidade diante de situação de tamanha gravidade como a que vivemos neste momento, em função da irresponsabilidade daqueles que foram donos da Encol e dos bancos que a ela emprestaram dinheiro sabendo de seus problemas financeiros.

Sr. Presidente, peço sejam registradas nos Anais do Senado as duas reportagens do jornal O Globo sobre a matéria.

O SR. PRESIDENTE (Carlos Patrocínio) - V. Exª será atendido na forma regimental.

O SR. ADEMIR ANDRADE - Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/1997 - Página 16963