Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM A REDE AMAZONICA DE RADIO E TELEVISÃO PELO SEU JUBILEU DE PRATA.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A REDE AMAZONICA DE RADIO E TELEVISÃO PELO SEU JUBILEU DE PRATA.
Aparteantes
José Sarney.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/1997 - Página 18131
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, EMISSORA, RADIO, TELEVISÃO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, INTEGRAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Dr. Phelippe Daou, Senhores presentes, muito são os feitos que denotam a tenacidade e a coragem do homem brasileiro e a Amazônia tem servido de cenário para inúmeros exemplos da capacidade do homem em vencer desafios, na busca de novos horizontes.

Vim a esta Tribuna precedendo, em seqüência, os nobres Senadores Bernardo Cabral e Jefferson Péres. Talvez pouca coisa poderia inovar no meu discurso a não ser repetir o que os dois ilustres representantes da Amazônia aqui disseram. O Senador Bernardo Cabral é um homem com quem convivo há muitos anos, como amigo, como subordinado e como discípulo.

Ainda ontem, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Dr. Phelippe Daou, pedi a S.Exª que me orientasse sobre o que falar hoje, porque não queria deixar de fazer uma manifestação nesta homenagem à TV Amazonas. Não gosto, não penso e não pretendo estar ausente a tudo aquilo que diga respeito à Amazônia.

Primeiro foram os bandeirantes, que se aventuraram pelos rios amazônicos com ousadia e uma invejável coragem, numa inequívoca demonstração de que as dificuldades criadas pela floresta, pelo clima, pelas imensas distâncias e por insetos e animais, ainda pouco conhecidos, não conseguem arrefecer a garra de homens determinados a alcançar um objetivo.

O pioneiro foi Pedro Teixeira, que, em 1637, subiu o Rio Amazonas, de Belém do Pará até o Equador. De lá retornou pelo mesmo caminho, numa jornada que durou dois anos. Notável, também, foi o feito de Antônio Raposo Tavares, que, em 1648, saiu do Paraguai rumo à Região Norte. Embrenhou-se pela selva amazônica e, em 1652, ressurgiu em Gurupá, na Foz do Amazonas, depois de percorrer, Srªs e Srs. Senadores, nada menos do que dez mil quilômetros.

Talvez o sangue dos bandeirantes, que desbravaram a minha terra, a minha São Paulo, o meu Estado, faça com que me sinta idêntico a Raposo Tavares e outros. O mesmo amor que tenho pela minha terra, tenho pela terra amazônica.

Em tempos mais recentes, tivemos os seringueiros - aqui está a Senadora Marina Silva -, considerados os verdadeiros desbravadores da Amazônia. Foram eles responsáveis pelo primeiro grande empreendimento brasileiro, que não se valeu do braço escravo na sua empreitada.

A Amazônia é para mim um tema inesgotável. É uma região que tenho a satisfação de conhecer bem, por força de inúmeras ações empreendidas, desde os tempos da Polícia Federal. Agradeço ao então Presidente José Sarney por isso, por ter-me dado a oportunidade, ao me nomear Diretor da Polícia Federal, de percorrer toda aquela região e aí, sim, passar a amá-la pelo conhecimento que tive.

Talvez, Senador José Sarney, isso me dê o direito de me sentir filho da Amazônia. Por vezes, o suor do meu corpo - pela dificuldade das caminhadas na Floresta Amazônica - e algumas gotas de sangue de ferimentos causados pela própria vegetação misturaram-se com aquela terra. Sinto, portanto, orgulho de dizer, Sr. Presidente, nobre Senador Bernardo Cabral, com o coração cheio de alegria e emoção: sou filho da Amazônia. (Palmas)

É claro, poderíamos dedicar horas relembrando fatos que marcaram a trajetória daqueles que, com seu pioneirismo, ajudaram a integrar a Amazônia à soberania brasileira.

Não pretendo me alongar, mas não posso deixar de citar a construção, em 1776, do Forte Príncipe da Beira, no Município de Guajará-Mirin, em Rondônia, localizado numa região onde as rochas mais próximas estavam há mais de mil quilômetros. É uma obra monumental, encravada na fronteira com a Bolívia, onde só se chega de avião ou pelo rio.

Recordo, também, a epopéia que marcou a implantação dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, da qual se fala que cada dormente representava um trabalhador morto em acidente ou vítima de doenças silvestres.

Mas creio que um grande exemplo, pelo seu esplendor, é o Teatro Amazonas, fruto do orgulho do amazonense e da riqueza proporcionada pela exploração da borracha.

Esse mesmo orgulho, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, marca os 25 anos de fundação da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.

Só o pioneirismo, a tenacidade e o caráter empreendedor de dois jornalistas, de um publicitário e de mais um empresário, que se uniram para disputar uma licitação do Ministério das Comunicações para a exploração de um canal de televisão na cidade de Manaus, podem explicar o sucesso empresarial de um complexo sistema de comunicação de massa em plena Região Amazônica.

A TV-Amazonas, canal 5, foi o embrião do que hoje se denomina Rede Amazônica de Rádio e Televisão. Ela começou a funcionar, oficialmente, a 1º de setembro de 1972, marcando o início das transmissões em cores no Brasil.

Tudo havia começado, porém, quatro anos antes, em 1968, como citou o nobre Senador Bernardo Cabral, com a fundação da empresa Amazonas Publicidade Ltda., instalada em duas salas alugadas nos altos da Padaria Avenida, em Manaus.

Eu gostaria de, além disto, homenageá-la por uma coisa que, à época do início das transmissões, trazia uma grande preocupação a todos os brasileiros. Eu sou coruja de rádio - ondas curtas - e, às noites, às vezes, trabalhando em São Paulo, sintonizava nas ondas curtas e, Senador José Sarney, ouvia-se que as únicas rádios captadas na Região Amazônica era a Rádio Tirana, da Albânia, e a Rádio de Moscou, além de outras transmissões sempre no aspecto ideológico, e os brasileiros da Amazônia não conheciam o que acontecia dentro do seu País. Essa virtude foi superada através de homens como V. Exª, que souberam, além do empreendimento empresarial, da importância para o País da comunicação de massa. Hoje, através da sua rádio, da própria rádio do Governo em que o Presidente Sarney tanto investiu, os brasileiros da Amazônia conseguem saber o que acontece de Norte a Sul, de Leste a Oeste deste nosso querido e imenso País.

Consolidada a TV-Amazonas - vou repetir o que disse o Senador Bernardo Cabral para que fique mesmo registrado nos Anais - seus proprietários partiram para um passo mais audacioso: a ocupação da Amazônia pelas comunicações. Num prazo recorde, de apenas cinco meses, foram implantadas emissoras de TV em Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista e Macapá.

Paralelamente, a Rede começa a tomar impulso com a implantação de dezenas de retransmissoras no interior amazônico, levando a imagem do Brasil às cidades limítrofes na República da Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Guiana Francesa.

A Amazonas Publicidade, hoje desativada, deu lugar à Rede Amazônica de Rádio e Televisão, que compreende cinco geradoras, localizadas em Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista e Macapá, além das rádios Amazonas-FM, em Manaus, Acre-FM, em Boa Vista, Amapá-FM, em Macapá, e Princesa dos Solimões-AM, em Manacapuru, no Estado do Amazonas.

Visando a integração de toda a rede, foram instaladas 130 retransmissoras, sendo que algumas funcionam, inclusive, como minigeradoras. Elas se espalham por 120 municípios amazônicos, beneficiando uma população superior a sete milhões de pessoas.

Para a concretização desse empreendimento, os pioneiros foram obrigados a encontrar soluções inovadoras, pois a maioria das retransmissoras estão instaladas em regiões carentes de energia elétrica. A alternativa foi desenvolver tecnologia para a exploração da energia solar, viabilizando assim o funcionamento de moderníssimos equipamentos eletrônicos em plena floresta.

Entretanto, para que a Rede funcionasse de fato foi preciso, mais uma vez, buscar inovações. Inexistindo satélite ou canalização terrestre para a distribuição do sinal, que possibilitassem as retransmissões instantâneas, a Rede Amazônica, com seu pioneirismo, introduziu no Brasil os aparelhos de videocassete de formato U-Matic, recém-lançados, à época, pela Sony no mercado internacional.

A utilização do sistema, extraordinariamente revolucionário na época, exigiu da empresa a organização de um complexo departamento de tráfego, que se utilizava de todo tipo de meio de transporte disponível no momento, como aviões, barcos e, às vezes, ônibus, para suprir as geradoras e retransmissoras espalhadas pelo interior amazônico.

Integrada ao sistema Globo de Televisão, a Rede Amazônica produz ainda noticiário próprio sobre assuntos de interesse regional. Para suprir a demanda do seu departamento de jornalismo existe uma sucursal em Brasília, encarregada da cobertura dos fatos gerados nos Três Poderes da República, de interesse do homem amazônico. Além disso, a sucursal acompanha a ação dos Parlamentares da Amazônia, de Governadores e Prefeitos quando em missão oficial na Capital Federal.

Os proprietários, dirigentes e seus 770 funcionários estão de parabéns, pois conseguiram fazer da Rede Amazônica de Rádio e TV uma empresa sólida e de destaque nos meios de comunicação de massa no Brasil.

Parabéns que devem ser redobrados em se tratando de um empreendimento de tal porte na Região Amazônica. Afinal, se instalar uma empresa exige sacrifícios naturais para vencer os desafios do mercado, na Amazônia se agregam obstáculos ainda maiores, desconhecidos pelos empresários do resto do País.

O Sr. José Sarney - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. ROMEU TUMA - Concedo o aparte ao nobre Senador José Sarney.

O Sr. José Sarney (PMDB-AP) - Peço licença a V. Exª para interromper o seu discurso e nele inserir a minha homenagem, também, aos 25 anos da Rede Amazônica de Rádio e Televisão. Realmente, essa organização tem feito um trabalho extraordinário e pioneiro naquela região. Além de um instrumento de comunicação, tem sido a Rede Amazônica um instrumento de divulgação de conhecimento sobre a área, mantendo uma fidelidade absoluta à defesa daquele patrimônio ecológico que é a vasta Região Amazônica. Sobretudo esse enfoque, que é um enfoque altamente nacional, da defesa da ecologia que caracteriza a Rede Amazônia. Tenho imensa satisfação de dizer que quando Presidente da República apoiei esse esforço grandemente, e talvez tenha sido naquele tempo que a Rede Amazônica consolidou-se através do seu acesso à tecnologia dos satélites, cobrindo essa vasta região, e até mesmo tendo oportunidade de ser captada em quase todo o nosso País. E à frente dessa organização estão os seus proprietários, o Dr. Milton Cordeiro, o Dr. Joaquim Margarido e o Sr. Phelippe Daou, a quem quero prestar uma homenagem especial, porque se trata de um empresário de comunicação, um homem correto, sério, de grande respeitabilidade e de grande prestígio nesse setor. Ele tem sabido conduzir essa organização, com o poder que ela representa, a serviço daquela região, sem que em nenhum momento tenha descido a qualquer procedimento menor. Portanto, é esse testemunho que quero oferecer. As minhas raízes são amazônicas. Nasci no Maranhão, e poderíamos dizer, se fôssemos um Estado rico, que fomos os pioneiros e os bandeirantes da Amazônia. Foi do Maranhão que saiu a expedição de Francisco Caldeira Castelo Branco; fundou Belém do Pará, subiu o rio Amazonas, plantou às margens do Amazonas, com as saudades portuguesas que ele tinha do Tejo, as cidades que ali se encontram - Óbidos e Santarém -, denominando-as com nomes portugueses. E o Primeiro-Governador da Província do Rio Negro, Joaquim de Melo e Poavóas, sobrinho do Marques de Pombal, depois, foi governar a Província do Maranhão. Não devemos nunca esquecer que tínhamos dois Estados neste País: o Estado do Maranhão e do Grão-Pará e o Estado do Brasil. Portanto, também em Manaus tivemos a presença de um maranhense que marca até hoje a cidade, que foi Eduardo Ribeiro, que lhe deu o traçado e sonhou com aquela cidade de feições européias. Agora, já no fim, no ocaso da minha vida, tenho a grande honra de representar um Estado tão profundamente amazônico quanto é o Estado do Amapá, ao qual me afeiçoei profundamente, me liguei profundamente ao seu povo, vivendo os seus problemas e as suas esperanças. E devo dizer que posso testemunhar mais de perto, ali, o trabalho da Rede Amazônica de Rádio e Televisão, através da TV Amapá, dirigida pelo Dr. Jorge Trajano, sempre com a assistência de Phelippe Daou, que dispensa à televisão do Amapá um grande carinho. É testemunhando esse esforço, essa correção, esse trabalho, que tenho imensa satisfação de, nesta tarde, no Senado, prestar também a minha homenagem a todos aqueles que fazem hoje a Rede Amazônica de Rádio e Televisão, os seus proprietários, mas também acho que disto eu me junto a todos os proprietários da Rede Amazônica, lembrando-me de todos que nela trabalharam no passado, que a construíram e que hoje nela trabalham. Muito obrigado.

O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP) - Senador José Sarney, as palavras de V. Exª, se me permitir incorpará-las ao meu pronunciamento, encerram com chave de ouro o meu discurso, por tudo o que fez V. Exª em benefício da Amazônia, como o Projeto Calha Norte e tantos outros, dos quais tivemos oportunidade de participar.

Assim, Sr. Presidente, encerro minhas palavras com o pronunciamento do Presidente Sarney, feliz, inteligente e importante para esta cerimônia, e também repetindo as palavras citadas pelo Senador Bernardo Cabral, lema do ano de 1997, de autoria da Srª Nazira Daou:

      "Deus nos abençoe sempre, em tudo e por tudo."

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/1997 - Página 18131