Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM A REDE AMAZONICA DE RADIO E TELEVISÃO PELO SEU JUBILEU DE PRATA.

Autor
Flaviano Melo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Flaviano Flávio Baptista de Melo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A REDE AMAZONICA DE RADIO E TELEVISÃO PELO SEU JUBILEU DE PRATA.
Aparteantes
Jader Barbalho.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/1997 - Página 18138
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, EMISSORA, RADIO, TELEVISÃO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, INTEGRAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. FLAVIANO DE MELO (PMDB-AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Dr. Phelippe Daou, Srªs e Srs. convidados, mais que homenagear a Rede Amazônica pela comemoração dos seus 25 anos de existência, devemos fazer uma reflexão sobre a visão daqueles que a fundaram e os benefícios que essa empreitada - de início tímida - trouxe às populações do norte do Brasil.

Todos nós sabemos do isolamento em que a nossa região - a última fronteira - se encontrava e ainda se encontra em muitos aspectos. Digo isso referindo-me, especialmente, aos Estados mais pobres. Mas o sonho de integrar aquele enorme pedaço de Brasil ao resto do País, que tem movido nossos homens de visão, fez com que os fundadores da Rede Amazônica dessem mais um passo à frente.

Esses profissionais, percebendo o futuro da Zona Franca de Manaus, como já foi dito aqui, iniciaram suas atividades no campo da publicidade. Daí para a ampliação dos horizontes e a instalação do cerne da futura rede de comunicações, foi um passo natural. Hoje, a empresa comemora, com justa alegria, seus 25 anos de atividades. E pode-se orgulhar da verdadeira "revolução" que provocou na Amazônia, com a entrada em operação do Amazonsat.

Estamos falando de pioneiros, no amplo sentido da palavra. A Rede Amazônica foi a primeira na região a exibir programação a cores. A TV Acre, uma de suas afiliadas, foi a primeira estação em meu Estado. Como não existiam satélites, nem canalização terrestre para a distribuição do sinal, naquela época, a programação da rede chegava às populações do interior por meio do envio de videocassetes, transportados até de barco, ou qualquer outro meio disponível. Quem conhece nossa região sabe dessas dificuldades.

Se imaginarmos que no meu Estado, para se chegar a uma cidade vizinha que dista apenas 40 quilômetros, as pessoas precisam ir até o Estado do Amazonas de barco, para depois voltarem ao Acre - num trajeto que leva 10 dias -, essa integração da região, via Amazonsat, acabou por inserir uma população dispersa no discurso da nacionalidade.

Todos nós temos dezenas de histórias para contar sobre a Rede Amazônica e sua importância para a região. No Acre, pude presenciar uma delas, bastante pitoresca, quando governava o Estado, em 1988, e fazia uma visita pelo interior.

Fiz uma visita ao Município de Marechal Thaumaturgo, na fronteira com o Peru - fui o primeiro Governador a ir até lá -, já que, nas eleições de 1986, fui muito bem votado naquele Município e prometi, ao tomar posse - naquela época a posse acontecia em março -, que no primeiro inverno, na próxima cheia do rio Juruá, eu iria até Thaumaturgo. E assim o fiz, em janeiro de 1988. Nessa visita, fui acompanhado pela equipe de reportagem da TV Acre, que fez a cobertura da viagem do Governador.

Durante a nossa visita à cidade - que deveria ter em torno de 30 casas, mas o anúncio da ida do Governador fez com que todos os seringueiros e aqueles que moravam nos altos rios descessem até a localidade -, as câmeras da TV Acre fizeram todo o registro. Existia ali, instalada ainda na administração do Senador Nabor Júnior quando Governador, uma antena e apenas um aparelho de televisão que ficava na praça da cidade. E os técnicos e repórteres usaram aquele VT e passaram na televisão o filme da visita. Acredito que até hoje eles devam estar arrependidos porque, enquanto permanecemos na cidade, eles tiveram que repetir à noite toda esse VT, tão grande era a admiração do povo da cidade ao se verem na tela de televisão. Foi sensacional e nunca mais esquecerei esse fato.

Até então aquelas populações remotas só tinham acesso às ondas tropicais de rádio. Atualmente, com a instalação das estações geradoras e retransmissoras e das antenas parabólicas, os interioranos já podem acompanhar o que acontece no seu país e no resto do mundo, cada vez mais globalizado. Não tendo mais a necessidade de passar a noite em praça pública para se inteirar do mundo que os cerca e do qual, agora, já fazem parte.

Ressalto também a importância da Rede Globo, da qual a Rede Amazônica é afiliada, pela qualidade de sua programação e pela aceitação popular. Cumprimento Phelippe Daou, seu Presidente e fundador, toda a sua equipe de direção e trabalho. Quero deixar registrado os meus cumprimentos e envio meu abraço à Dona Madalena Daou, sua esposa, e a seus filhos, Cláudia e Phelippe Júnior, que já estão se preparando para dar continuidade a esse belo trabalho.

O Sr. Jader Barbalho (PMDB-PA) - Senador Flaviano Melo, V. Exª me permite um aparte?

O SR. FLAVIANO MELO - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Jader Barbalho (PMDB-PA) - Eu gostaria, como Líder do PMDB no Senado, em nome de toda a Bancada do meu Partido, de associar-me a essa justa festa que o Senado promove neste momento em homenagem à Rede Amazônica. V. Exª relatou, há pouco, aquilo que, seguramente, observado pelas sociedades mais avançadas, onde a modernidade já faz parte do cotidiano, pode ser tido como algo extravagante. Quero dizer a V. Exª que senti o mesmo quando, como Governador do Pará, certa feita fui inaugurar uma pequena estação repetidora no Município de São Félix do Xingu, às margens do rio Xingu, no meu Estado. Hoje constato, nos pronunciamentos de V. Exª e de outros colegas, que vivemos uma nova etapa na área da comunicação na Amazônia. Naquela oportunidade, houve frustração quando ligamos os aparelhos e o noticiário era do Rio de Janeiro e de São Paulo. Estávamos apenas ligando São Félix do Xingu ao Sudeste brasileiro, aos centros onde se decide a sorte do País com maior intensidade, onde está localizado o maior espaço econômico e cultural do País, mas eu não estava conseguindo integrar o meu Estado. V. Exª se refere ao projeto Amazonsat, que, creio, já esteja sendo utilizado pela Rede Amazônica para integrar o próprio Estado, como já ocorre no meu, não de todo. Já é possível, hoje, no Pará, as populações do interior receberem o noticiário da Capital, o que não vinha acontecendo anteriormente. Isso, seguramente, já pertence ao cotidiano de alguém que mora em São Paulo, mas, para nós, da Amazônia, é diferente, devido às nossas dificuldades de vencer o tamanho da região e a necessidade de mais investimentos para a nossa integração e desenvolvimento. Por isso, quero cumprimentar V. Exª, e o faço em nome de todos os companheiros da Bancada do PMDB, porque investir na Amazônia é ser pioneiro. Nós temos que, neste momento, cumprimentar os que tomaram a iniciativa de festejar os 25 anos de uma empresa dedicada à integração da Região Amazônica. Formulo os meus cumprimentos aos que fazem essa empresa de comunicação, não só à sua direção, mas a todos os seus servidores, e, da mesma forma, a V. Exª e aos seus companheiros, que sabem muito bem por que prestam esta homenagem tão merecida.

O SR. FLAVIANO DE MELO (PMDB-AC) - Muito obrigado, Senador Jader Barbalho, pelo aparte, que incorporo às minhas humildes palavras, com a importância que V. Exª tem de ser o Líder do meu Partido, o PMDB.

Gostaria de dizer que, hoje, o sinal da Rede Amazônica que chega a toda a Amazônia sai de Manaus. Ele é responsável pelo noticiário local e também procura apresentar notícias e informações de todos os Estados dessa região.

Continuo o meu pronunciamento.

Estão também de parabéns as TVs Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, as afiliadas da rede, assim como os seus representantes na sucursal de Brasília, chefiada pelo Dr. Raimundo Farias Moreira. Não posso deixar de mandar um abraço especial ao pessoal da TV Acre, na pessoa de Rui Emanuel Rodrigues Arruda, seu Diretor.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é graças à Rede Amazônica que os habitantes do Norte do País, desde o início desta semana, podem acompanhar a TV Senado, através de um telejornal diário especialmente preparado para a região. O novo programa "Amazônia no Senado" está sendo veiculado em toda a Amazônia através do satélite Amazonsat, o que é mais uma prova do pioneirismo da rede. Até então, os telespectadores dessa parte do País eram os únicos que não tinham acesso à TV Senado.

Por esses e tantos outros motivos de júbilo, faço meus votos para que a Rede Amazônica - que também já pode mostrar a nossa região para o mundo na nossa perspectiva, através da colaboração recém-estabelecida com a CNN - possa continuar no seu sonho de integração da Amazônia, realizando um trabalho dentro da mesma visão traçada por seus idealizadores.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/1997 - Página 18138