Pronunciamento de Marina Silva em 03/09/1997
Discurso no Senado Federal
ASSASSINATO DO TEATROLOGO BETO ROCHA, OCORRIDO DIA 31 DE AGOSTO, NO ESTADO DO ACRE.
- Autor
- Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- ASSASSINATO DO TEATROLOGO BETO ROCHA, OCORRIDO DIA 31 DE AGOSTO, NO ESTADO DO ACRE.
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/09/1997 - Página 18066
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, BETO ROCHA, DIRETOR, TEATRO, ESTADO DO ACRE (AC), VITIMA, HOMICIDIO.
A SRª MARINA SILVA (Bloco/PT-AC. Para uma breve comunicação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero fazer um registro triste, em função do assassinato bárbaro de um grande amigo, o teatrólogo do meu Estado, Beto Rocha, no dia 31 de agosto. As investigações estão apontando para latrocínio. Ele foi encontrado morto dentro do seu apartamento, tendo alguns objetos de seu uso pessoal sido roubados.
Beto Rocha era uma figura do movimento cultural do Estado do Acre, um dos maiores sonhadores em termos de produção de uma arte voltada para a realidade regional, tendo sido ganhador de vários prêmios, em diversos festivais no País, como melhor diretor e como trabalho de melhor iluminação e de inovação no que se refere às artes cênicas.
Beto Rocha estava atuando no teatro desde 1979 e começou a sua carreira junto a um grupo de sonhadores, do qual fez arte, na minha época de juventude, chamado Grupo Semente. Fundamos um centro de pesquisa e criatividade do qual ele também fez parte. Dentre todos nós, só ele teve a coragem de continuar vivendo da sua arte; produzindo arte em um Estado onde o preconceito e a ausência de valorização das atividades culturais era - e ainda é - muito grande.
Lamento o que aconteceu com esse grande amigo, que, com certeza, foi um dos maiores sustentáculos dos movimentos culturais do meu Estado, juntamente com outros, como Clarice Batista e o companheiro Matias, que também já faleceu. Lamento sua morte dolorosa, em condições de violência completa, retratando a situação de degradação social e dos valores da sociedade acreana, que hoje temos como uma agravante muito forte, inclusive sendo motivo de ação por parte do Tribunal de Justiça, na pessoa do Dr. Gersino José da Silva Filho, em função dos vários casos de violência.
Para concluir, Sr. Presidente, gostaria apenas de ressaltar que, assim como não desaparece a árvore, que antes de morrer deita sobre a terra suas sementes, também não morrerá o homem que durante a vida soube repartir os seus sonhos. Beto Rocha foi capaz de repartir os seus sonhos, e nós, que dividimos com ele a vontade de viver, de construir e, acima de tudo, de reparar as injustiças, a discriminação, os preconceitos, continuaremos a fazer viva a sua presença no sonho que com ele sonhamos.