Pronunciamento de Ronaldo Cunha Lima em 18/09/1997
Discurso no Senado Federal
ESCLARECIMENTOS QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS POR S.EXA. EM RELAÇÃO A GREVE DOS CORREIOS E AO TRATAMENTO DESCORTES DISPENSADO A SENADORA BENEDITA DA SILVA, AO SENADOR EDUARDO SUPLICY E A S.EXA. PELO MINISTRO SERGIO MOTTA. COMENTARIOS ACERCA DA CARTA ENVIADA PELO MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES AO PRESIDENTE DO CONGRESSO NACIONAL, LIDA ANTERIORMENTE.
- Autor
- Ronaldo Cunha Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: Ronaldo José da Cunha Lima
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- ESCLARECIMENTOS QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS POR S.EXA. EM RELAÇÃO A GREVE DOS CORREIOS E AO TRATAMENTO DESCORTES DISPENSADO A SENADORA BENEDITA DA SILVA, AO SENADOR EDUARDO SUPLICY E A S.EXA. PELO MINISTRO SERGIO MOTTA. COMENTARIOS ACERCA DA CARTA ENVIADA PELO MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES AO PRESIDENTE DO CONGRESSO NACIONAL, LIDA ANTERIORMENTE.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/09/1997 - Página 19600
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- CRITICA, RECUSA, SERGIO MOTTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), DIALOGO, ORADOR, SENADOR, REPRESENTANTE, SERVIDOR, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), SOLUÇÃO, IMPASSE, GREVE, DEMISSÃO, TRABALHADOR, EMPRESA PUBLICA.
- COMENTARIO, CARTA, AUTORIA, SERGIO MOTTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), JUSTIFICAÇÃO, COMPORTAMENTO, RECUSA, DIALOGO, SENADOR, REPRESENTANTE, TRABALHADOR, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), DEMONSTRAÇÃO, RESPEITO, LEGISLATIVO, CONGRESSO NACIONAL.
O SR. RONALDO CUNHA LIMA (PMDB-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não escondo o constrangimento de me reportar a esse episódio, objeto da carta que foi lida.
Fui procurado por lideranças do movimento grevista dos Correios do meu Estado. Telefonaram-me pedindo a minha intermediação para culminar as negociações, que me informavam bem encaminhadas e que se resumiam tão-somente aos dias parados, e que o assunto estava submetido à direção dos Correios e Telégrafos, em Brasília.
Almoçamos juntos, eu, o Senador Eduardo Suplicy e o Senador Esperidião Amin. Ali, tentamos, por telefone, alguns contatos com a diretoria da empresa. Antes, o próprio Senador Eduardo Suplicy havia tentado o contato telefônico com o Sr. Ministro Sérgio Motta, das Comunicações, para marcar, se possível, uma audiência, a fim de tratarmos do assunto.
Fomos, eu e o Senador Eduardo Suplicy, aos Correios e Telégrafos. Lá, não conseguimos contato com o Presidente, que se encontrava viajando, nem com o Diretor de Recursos Humanos, recebendo a informação de que era possível que S. Sªs se encontrassem no Ministério das Comunicações, quando, então, deliberamos ir até o Ministério para conversar com o Sr. Ministro.
Fomos, eu, o Senador Eduardo Suplicy e três funcionários - apenas três - dos Correios, representando o movimento. Em poucos minutos, mas muito poucos minutos, chegou o Sr. Ministro, adentrou o hall do elevador, não nos cumprimentou e, quando-nos dirigimos a S. Exª para falar sobre o assunto, disse-nos: "Não falo com os senhores; desse assunto não trato com os senhores. O assunto está encerrado". E se dirigiu ao elevador, quando o Senador Eduardo Suplicy ainda tentou algum contato, e S. Exª dizia que a sua casa estava cercada, e o Senador Eduardo Suplicy o informava que já havia solicitado a retirada das pessoas que ali se encontravam, quando S. Exª disse, em alto e bom som: "o senhor não manda em nada".
Dali, desapontados, voltamos ao Senado e comunicamos o fato ao Presidente da Casa.
É verdade e até entendo o estado de emoção, de aflição, vivido pelo Sr. Ministro em função dos acontecimentos, em função da presença de pessoas na frente de sua casa - com o que não concordamos -, nem sequer sabia eu desse movimento, que é reprovável, condenável, censurável.
Entendo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o estado de emoção, o seu constrangimento e a sua decisão como autoridade maior no episódio, mas não entendo a falta de lhaneza para com dois Senadores em evitar o contato ou pelo menos o diálogo.
A carta, Sr. Presidente, se é justificativa a esta Casa, se é demonstração renovada de respeito a esta Casa, eu pessoalmente, a acato e aceito como explicação do Sr. Ministro, a quem tributo o maior respeito, por quem tenho a maior admiração pelo seu trabalho, pelo seu espírito público e pela condução que dá aos negócios da sua Pasta e da sua competência.
Faço isso porque publicamente já demonstrei a minha admiração pelo seu trabalho, externada em pronunciamentos públicos, de pública solidariedade ao Ministro, quando do episódio da Câmara dos Deputados em relação à reeleição.
No entanto, não posso deixar, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, de registrar que não foi cortês. Absolutamente não foi cortês a atitude do Sr. Ministro em recusar, pelo menos, o diálogo com os Senadores que buscavam uma solução dissuasória, amigável, para pôr termo a uma greve que dependia apenas de um detalhe, da negociação de um item.
Lamento que a greve ainda prossiga, e lamento muito mais os episódios narrados na carta pelo Sr. Ministro a respeito do comportamento - repito - que reprovamos. Nenhum de nós há de aceitar daqueles que estão adotando esse método para pressionar, inclusive a família do Ministro.
Mas se a carta é a justificativa de S. Exª, se S. Exª assim o faz como respeito a esta Instituição, eu a acato, registro-a, mas guardando em mim a certeza de que o respeito a esta Casa, à sua autoridade, aos seus integrantes, há de ser mantido por quaisquer ministros e por quaisquer autoridades.