Discurso no Senado Federal

COMENTANDO A CARTA DO MINISTRO SERGIO MOTTA, O INCIDENTE OCORRIDO NO MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES, QUE SE RECUSOU A RECEBER SENADORES QUE BUSCAVAM SOLUÇÃO PARA A GREVE DOS TRABALHADORES DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • COMENTANDO A CARTA DO MINISTRO SERGIO MOTTA, O INCIDENTE OCORRIDO NO MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES, QUE SE RECUSOU A RECEBER SENADORES QUE BUSCAVAM SOLUÇÃO PARA A GREVE DOS TRABALHADORES DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS.
Publicação
Publicação no DSF de 19/09/1997 - Página 19601
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • CRITICA, COMPORTAMENTO, SERGIO MOTTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), RECUSA, DIALOGO, SENADOR, REPRESENTANTE, TRABALHADOR, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), SOLUÇÃO, GREVE, EMPRESA PUBLICA, DEMISSÃO, SERVIDOR.
  • DEFESA, ACEITAÇÃO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), PROPOSTA, TRABALHADOR, SOLUÇÃO, GREVE, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT-SP. Para uma breve comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde 1962 que conheço e tornei-me amigo do Ministro Sérgio Motta. Éramos companheiros no movimento estudantil. Eu era estudante da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, e ele era da FEI, Faculdade de Engenharia Industrial, da PUC de São Paulo. Ele se tornou Presidente do Centro Acadêmico de sua escola e eu da minha. Ambos elegemos, em 1963, para Presidente da UNE - e o Ministro Sérgio Motta já era um coordenador político - um de nossos atuais colegas, o Senador José Serra. E em todos esses 37 anos o tratei com a maior cortesia, mesmo quando de S. Exª discordava, mesmo quando tive que falar palavras difíceis sempre o fiz com a maior educação. E S. Exª sabe muito bem disso! Por isso estranhei a sua posição no dia de ontem quando nem ao menos quis me dar a mão, nem para me dizer boa-tarde, o que fez ao 1º Secretário, mas tão depressa que mal deu para perceber que fosse um cumprimento. E fechar a porta do elevador no rosto de dois Senadores e do 1º Secretário do Senado, Sr. Presidente, é algo que espero não faça mais o Sr. Ministro Sérgio Motta!

Compreendo, como disse o Senador Ronaldo Cunha Lima, a sua angústia, sua preocupação e não estou de acordo com o procedimento de se estar ofendendo membros ou pessoas da sua família, como a sua esposa ou a sua filha. E no momento em que soube daquele fato, transmitido a mim pelo Presidente Amilcar Gazaniga, de pronto, de imediato, fiz um apelo para que aquelas pessoas se retirassem da frente da residência do Ministro. Assim como faço agora um novo apelo, se porventura estiverem ali outra vez.

O que quero, na defesa do interesse público, é a superação do obstáculo. E o que os trabalhadores propuseram é que aceitem a mesma proposta, que não é, de forma alguma, algo inadequado. Significa o respeito pelo que eles têm que se responsabilizar. Ou seja, tudo aquilo que decorreu dos 13 ou 14 dias parados será colocado em dia, num esforço extra, sem remuneração extra, trabalhando, se necessário, vinte dias ou mais.

O Presidente Amilcar Gazaniga disse que tinha a maior boa vontade com a proposta, mas que seria necessária a resposta oficial dada pelo Diretor de Recursos Humanos - até fiquei um pouco preocupado -, pois era o Diretor de Recursos Humanos, Júlio Vicente, quem estava com a autorização do Ministro Sérgio Motta dizendo sim ou não como resposta. Os funcionários queriam apenas saber a resposta. Porém, o Sr. Júlio Vicente desapareceu, por ordem de Ministro. Será que o Ministro estava querendo provocar a crise para hoje anunciar que irá substituir o Presidente da Empresa de Correios e Telégrafos? É isso que precisamos saber. O mais importante é que haja uma solução efetiva para o caso. E a solução é o Ministro dizer que a proposta é razoável. Se isso for falado agora pelo Ministro, que certamente tem ouvidos para a sessão do Senado, às 16 horas se iniciam as assembléias, é claro que poderiam ser minoritários, mas constituem um contingente importante de trabalhadores da empresa que mais emprega pessoas no Brasil. E é necessário se considerar que essas pessoas não recebem a mesma remuneração que nós e o Ministro recebemos, de R$8 mil a R$8.500; eles recebem, em média, R$350,00 por mês e estão há um ano e meio sem qualquer ajuste, em que pese as vendas na Empresa de Correios e Telégrafos terem aumentado cerca de 25% no ano passado, de a empresa ter voltado a dar lucro e terem sido os trabalhadores, principalmente os da empresa, já muito enxugada, aqueles que mais colaboraram para o resultado positivo da empresa. Por isso é necessário que se trate esta questão social de maneira civilizada e o Ministro saiba respeitar o Senado Federal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/09/1997 - Página 19601