O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é com grande satisfação que venho a esta tribuna para juntar o meu regozijo ao dos aficcionados em nossa Pátria pelo cooperativismo, em decorrência da assunção ao cargo de Presidente da Aliança Cooperativa Internacional - ACI do Sr. Roberto Rodrigues, brasileiro ilustre, que construiu sua biografia na luta pelo sucesso dos ideais cooperativistas em nossa terra e na América Latina.

           Não há como falar do cooperativismo no Brasil, sem falar de Roberto Rodrigues, e como discorrer sobre o cooperativismo, sem abrir um capítulo especial dedicado a Roberto Rodrigues.

           Foi ele o responsável pela criação, em São Paulo, da primeira cooperativa de crédito rural brasileira, a qual, pelo seu pioneirismo e pelos sólidos princípios que norteavam o seu funcionamento, serviu de modelo para inúmeras outras cooperativas do gênero, País afora.

           Foi ele o responsável pela internacionalização do nosso cooperativismo, ao filiar, em 1988, a Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB à mesma ACI que hoje ele preside.

           No meio agrícola, onde iniciou a sua escalada no mundo cooperativista, sua atuação foi igualmente importante na constituição da Frente Ampla da Agricultura, um movimento atuante que tinha por finalidade contrapor-se à União Democrática Ruralista - UDR.

           No decorrer da Constituinte, sua atuação como presidente da OCB foi determinante para que o cooperativismo se solidificasse em nosso País, com raízes fortes e profundas, plantadas na nova Constituição que se elaborava. Nessa época, conseguiu aglutinar, na Frente Parlamentar do Cooperativismo, 217 parlamentares, que foram importantes na aprovação de emendas que consolidaram o cooperativismo que hoje se pratica no Brasil.

           Da OCB, Roberto Rodrigues alçou vôos mais altos, passando a ocupar o cargo de vice-presidente da ACI para a América Latina. Nesse posto, pôde mostrar às pessoas que, em outros países, também se orientavam pela mesma cartilha do cooperativismo, as suas idéias sobre esse movimento, e foi por causa delas que, ontem, 16 de setembro, foi eleito para presidir a Aliança Cooperativa Internacional.

           Esse fato é significativo para o Brasil, pois, em 102 anos, é a primeira vez que esse cargo é ocupado por um não-europeu; é significativo para o setor agrícola, por ser também a primeira vez que uma pessoa oriunda das cooperativas agrícolas a preside.

           A sua confiança no ideal do cooperativismo é irrestrita. No discurso de posse, ontem em Genebra, afirmou com grande ênfase: "É nisto que acredito: que as injustiças do mundo podem ser superadas pela vontade coletiva de homens e mulheres, vontade que é consciente e que permite, através da experiência cooperativa, avançar. É nisto que todos acreditamos e, por isso, estamos aqui: as cooperativas não são uma alternativa, mas, sim, a solução. Estamos aqui, porque compartilhamos um ideal: o de que as cooperativas podem criam melhores condições de vida para todos."

           Em outra ocasião, afirmou: "Este movimento é diferente porque não esquece o social, não privilegia o econômico em detrimento do social. Por isso somos melhores. Só nas cooperativas se viabiliza o real crescimento do pequeno."

           Ao tempo em que me congratulo com o senhor Roberto Rodrigues pela posse nesse cargo, quero também enfatizar a confiança em que o Brasil está bem representado nessa entidade internacional e que o trabalho por ele exercido será coroado de pleno êxito, levando o cooperativismo a um maior número de pessoas e de países.

           Muito obrigado!