Discurso no Senado Federal

SAUDANDO O PAPA JOÃO PAULO II, QUE ENCONTRA-SE EM VISITA AO BRASIL.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA.:
  • SAUDANDO O PAPA JOÃO PAULO II, QUE ENCONTRA-SE EM VISITA AO BRASIL.
Publicação
Publicação no DSF de 04/10/1997 - Página 20909
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, JOÃO PAULO II, PAPA, SACERDOTE, IGREJA CATOLICA, OPORTUNIDADE, VISITA OFICIAL, BRASIL, PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, AMBITO INTERNACIONAL, FAMILIA.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, chegou ontem ao Brasil o Papa Peregrino.

João Paulo II desembarcou na base aérea do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, às 16 horas dessa quinta-feira de primavera no país de Nossa Senhora Aparecida.

Visitando o Brasil pela terceira vez, Karol Wojtyla, o cardeal polonês que assumiu o trono de São Pedro em 1978 e viajou por mais de cem países, num total de 80 viagens ao exterior, chega à maior Nação católica do mundo um pouco alquebrado pelo peso dos seus 77 anos, mas nem por isso menos otimista do que em 1980, ano de sua primeira visita.

O Sumo Pontífice permanece no País até o próximo domingo, participa do 2º Encontro Mundial do Papa com as Famílias, celebra missa campal para aproximadamente um milhão e meio de fiéis e reúne-se com as mais altas autoridades da República e da Igreja Católica no Brasil.

Sr. Presidente, Srªas e Srs. Senadores, ao longo de dois milênios de história da Igreja Católica Apostólica Romana, nenhum outro Papa refletiu com tamanha eloqüência e dignidade os poderes espirituais e temporais sobre este conturbado, mas ainda maravilhoso, Planeta Azul.

Indiscutivelmente, João Paulo II é o mais popular dentre os 263 papas que o antecederam.

Quando assumiu o cargo de Bispo de Roma e adotou o nome de João Paulo II, em homenagem a seus dois antecessores imediatos, Karol Wojtyla encontrou o mundo cristão mergulhado na "Guerra Fria" e ainda sob o impacto das profundas transformações morais e culturais dos anos 60.

A Igreja Católica de então encontrava-se quase que engessada pela centralização burocrática, profundamente comprometida com os embates temporais e extremamente carente de renovação.

Nessas quase duas décadas de pontificado, João Paulo II mostrou-se menos liberal do que pretendiam os progressistas e mais conservador do que acreditavam os mais de um bilhão de católicos espalhados pelo mundo.

Ciente de sua importância e influência, participou ativamente dos grandes debates políticos de sua época, contribuindo decisivamente para a falência definitiva dos regimes comunistas do Leste Europeu.

Temeroso com o avanço da ala progressista da Igreja, João Paulo II tem sido defensor constante dos valores cristãos tradicionais e opositor ferrenho do aborto, do divórcio e da eutanásia.

Guardião ardoroso dos valores familiares, o Papa João Paulo II tem assumido posições indiscutivelmente conflitantes com a realidade dos nossos dias, como a condenação do controle de natalidade e do uso de preservativos nas relações sexuais, num mundo ameaçado pela fome, pelos problemas da superpopulação e literalmente encurralado pela AIDS.

Controvérsias à parte, há que se destacar, no pontificado de João Paulo II, a sua intensa luta contra as injustiças sociais e a sua determinação na defesa dos valores genuinamente cristãos, como a família, a misericórdia, a fraternidade entre os homens e a paz entre os povos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil é um país de tradição eminentemente católica. Nossa história, toda ela, é marcada pela atuação incansável dos pregadores da Igreja Apostólica Romana.

A Igreja de Roma foi, desde o início e até há bem pouco tempo, a grande orientadora do nosso processo de socialização.

As primeiras escolas surgidas no Brasil Colônia foram fundadas e mantidas pelas diversas ordens católicas que aqui aportaram, logo após o Descobrimento.

Ainda hoje, a ação social da Igreja em defesa dos menos afortunados representa uma contribuição inestimável nos processos de desenvolvimento do País.

A visita do Papa João Paulo II, nesse alvorecer de uma "Nova Era" que se inaugura com o Terceiro Milênio, portanto, representa um reencontro da Nação brasileira com as suas mais caras raízes culturais e religiosas.

É também uma oportunidade única de repensarmos os caminhos que estamos trilhando nesse mundo que se anuncia globalizado e interconectado.

É, sobretudo, um convite à reflexão, nesse momento em que o País passa por profundas e radicais transformações.

Foi o mesmo João Paulo II quem resumiu, de forma magistral, o aprendizado resultante das crises que periodicamente afetam nações no mundo inteiro, ao se referir à dolorosa experiência da sua Polônia natal, dizendo:

      "Ela (a crise) mostrou-me o quão importante é a soberania nacional quando exercida por um Estado que faz jus ao seu nome e que é livre em suas decisões; o quão importante é para a proteção não só dos interesses materiais legítimos de um povo, como também de sua cultura e de sua alma".

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao saudar o Pontífice da Igreja da maioria da população brasileira, quero exaltar o trabalho incansável de João Paulo II em favor da paz, da vida, da compreensão e do amor universal.

Que as suas bênçãos iluminem a todos nós!

Em meu nome e em nome de todos aqueles que tenho a honra de representar nesta Casa do Congresso Nacional, quero dar as boas-vindas ao Servo dos servos de Deus.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/10/1997 - Página 20909