Discurso no Senado Federal

REFLEXÕES SOBRE AS ELEVADAS TAXAS DE JUROS PRATICADAS NO PAIS, CORROBORANDO O PRONUNCIAMENTO DO SENADOR ESPERIDIÃO AMIN, NESTA TARDE NA CASA.

Autor
Levy Dias (PPB - Partido Progressista Brasileiro/MS)
Nome completo: Levy Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • REFLEXÕES SOBRE AS ELEVADAS TAXAS DE JUROS PRATICADAS NO PAIS, CORROBORANDO O PRONUNCIAMENTO DO SENADOR ESPERIDIÃO AMIN, NESTA TARDE NA CASA.
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/1997 - Página 20800
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • CRITICA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, SUPERIORIDADE, CUSTO, DINHEIRO, CURTO PRAZO, INJUSTIÇA, TAXAS, JUROS, BANCOS, VITIMA, TRABALHADOR, PRODUTOR.

O SR. LEVY DIAS (PPB-MS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador) - Srº Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvi atentamente o Presidente de meu Partido, Senador Esperidião Amin, que com a competência que lhe é peculiar e a agilidade mental invejável que possui conseguiu traduzir rapidamente um assunto que venho discutindo há alguns meses nesta Casa e sobre o qual fiz um pronunciamento na semana passada. Trata-se de matéria divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo sobre o custo do dinheiro para consumo em nosso País, que é esse dinheiro sobre o qual o Senador Esperidião Amin falou hoje, o dinheiro de curto prazo. Já foi divulgado em manchete, Sr. Presidente, que o custo médio do dinheiro de curto prazo em nosso País está em torno de 218,43%. Falei na ocasião sobre esse assunto e recebi manifestações de vários pontos do Brasil de pequenos, micros e médios empresários.

Sr. Presidente, Senador Esperidião Amin, uma grande parcela da força de trabalho do nosso País que é importante e fundamental para que o País se desenvolva e para que consigamos criar mais e mais empregos, essa gigantesca força está trabalhando para os bancos; todo o suor do povo brasileiro está sendo canalizado para os bancos.

O Senador Esperidião Amin abordou muito bem a questão da globalização. Esses bancos que vêm de fora, que estão comprando bancos brasileiros e vindo para o Brasil, Sr. Presidente, não estão praticando aqui os juros que praticam em seus territórios. Chegam ao Brasil e entram na operação natural, normal e legal dos juros fixados pelo próprio Governo, que estabelece o valor das taxas de juros, mediante os títulos que oferece no dia a dia. Ontem, eu ouvia de uma autoridade monetária brasileira em meu gabinete que esses bancos ganham o que querem em nosso País e não precisam fazer nada. Os bancos que vêm do exterior não precisam investir um tostão, nem precisam gerar um emprego. Não há necessidade disso. Chegam aqui com o dinheiro que custa no exterior 4% ao ano e investem, simplesmente, nos títulos do próprio Governo, sem nenhum risco, sem nenhum problema.

Sugiro ao Sr. Presidente desta sessão, Senador Carlos Patrocínio, homem do interior, acostumado a conviver com o sofrimento e com a labuta de milhões de empresários deste País, que levantemos esse debate. Na semana passada, em meu discurso, já abordei essa discussão sobre o valor dos juros. Penso que é um assalto a taxa de 218,43% ao ano. 

Quando eu era menino, dizia-se que as pessoas que emprestavam dinheiro caro eram agiotas. Hoje essas pessoas emprestam dinheiro e cobram a metade dos juros cobrados pelos bancos. Ou seja, a agiotagem hoje é oficial. Eu não poderia ficar na minha poltrona, depois de ouvir as palavras do Senador Esperidião Amin, mais uma vez sobre o mesmo assunto, porque meu silêncio seria, para mim, uma agressão.

A crueldade, a maldade, a brutalidade das taxas de juros destroem o que há de mais importante no nosso País: as pessoas que acreditam, que trabalham pelo Brasil, que constroem esta Nação, que geram empregos, riquezas. As pessoas mais importantes do nosso País, que são aquelas que trabalham, estão sendo destruídas pelo custo dos juros, porque todas trabalham para os bancos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/1997 - Página 20800